Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Festival do Rio é sempre assim, com belezas e decepções tela adentro. Do primeiro time, tem “Infiltrado na Klan”, “O anjo” e “Assunto de família”. No segundo – sim, sim, infelizmente -, o nacional “O Grande Circo Místico”, que encerrou o evento com chave de latão e, agora, entra oficialmente em circuito. Lá na cerimônia de despedida, talvez antevendo a fria reação da plateia, foi dito que se trata de um filme diferente, poético. Bem, a poesia não é o problema do novo longa dirigido por Cacá Diegues. É que a poesia carece de versos melhores. O filme parte de uma ideia difícil: contar a saga de um circo, fazendo dele seu protagonista, ao longo de um século. Os personagens entram e saem, mas o picadeiro sob a lona sobrevive aos remendos, reconfigurado a partir de ações de extrema violência, com morte, incesto e estupro. Os animais, palhaços e trapezistas estão ali, mas e daí? Você não se importa com eles. O filme tem cenas bonitas e outras de gosto questionável, especialmente ao lidar com efeitos visuais – o voo de borboletas azuis e, ainda, a cena final não nos deixam mentir. Do numeroso elenco, levamos Jesuíta Barbosa (na foto) e Mariana Ximenes como consolo. Apesar de tudo, pensar o circo como metáfora do país e de sua gente aguerrida e complexa, quiçá mágica, é uma das boas janelas abertas pela história. Em tempo: “O Grande Circo Místico” é o representante brasileiro na corrida pelo Oscar.
“O Grande Circo Místico”. Confira aqui a programação com salas e horários.
Alguns atores despertam nossa curiosidade e nos motivam ir ao teatro para vê-los em cena. Louise Cardoso faz parte desse time. Para quem, assim como nós, está acostumado a acompanhá-la apenas na TV, a peça “O que é que ele tem” oferece uma boa oportunidade de um novo contato. O monólogo é inspirado no livro homônimo de Olivia Byington, no qual ela recorda as memórias e o amor por seu filho, João, nascido com a rara síndrome de Apert. O livro, citado em inúmeras listas de melhores de 2016, certamente é um material muito rico para bons atores como Louise. Estamos curiosos.
“O que é que ele tem”. Quinta-feira a sábado, às 19h. Domingo, às 18h. Ingressos a R$ 40. Em cartaz até 16 de dezembro.
Teatro Sesi Firjan. Av. Graça Aranha, 1 – Centro — 2563-4164.
Acorde! O Cinema de Spike Lee
Já acordou? A mostra chega no momento em que diretor volta aos holofotes devido à boa acolhida do já citado “Infiltrado na Klan”, uma das apostas para o Oscar 2018. Diretor negro, Lee está à frente de obras contundentes que espelharam os conflitos raciais nos Estados Unidos. Embora o cineasta seja sempre lembrado por “Faça a coisa certa”, pelo qual concorreu ao Oscar de melhor roteiro, e “Malcom X”, a mostra apresenta outros trabalhos importantes da sua carreira. Um dos mais interessantes é “A última noite”, protagonizado por Edward Norton, com sessão no sábado (17.11), às 17h30. Antes, às 15h, tem uma aula sobre a carreira do diretor, ministrada por Janaína Oliveira, professora, pesquisadora, curadora, idealizadora e coordenadora do FICINE, Fórum Itinerante de Cinema Negro.
Acorde! O Cinema de Spike Lee. Dias e horários variados: confira as informações aqui. Em cartaz até 26 de novembro.
CCBB. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Para comemorar o mês da Consciência Negra, a elogiada montagem fez uma série de apresentações por cidades do Rio e de São Paulo. Agora, chega a Niterói, com sessões únicas. Espécie de espetáculo-documentário, “Contos negreiros do Brasil” desconstrói o mito da democracia racial ao misturar a ficção de Marcelino Freire, que assina o texto, com estatísticas sobre a situação da população negra no país.
“Contos negreiros do Brasil”. Sexta-feira (16.11) a domingo (18.11), às 20h. Ingressos a R$ 40.
Teatro da UFF. Rua Miguel de Farias 9, Icaraí – Niterói.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.