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O primeiro e único surfista profissional da Islândia

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

28 de May, 2018

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Sob a sombra dos coqueiros inclinados numa praia tropical, o surfista entra no mar usando nada além de filtro solar e bermuda. Essa é a imagem que temos do surfe – até conhecer Heiðar Logi, o primeiro surfista profissional da Islândia.

Heiðar Logi Elíasson. (Foto: Elli Thor Magnusson)

Pegar onda naquele país tempestuoso não é fácil. Muitos barcos de pescadores afundam nas águas turbulentas do Atlântico, que banha a vila na península de Reykjanes, onde Logi nasceu. Por lá, o mar é visto como uma ameaça e não um playground, e assim Logi teve medo da água por muito tempo. Não que esse fosse seu único problema. Na infância, ele foi diagnosticado com distúrbio de déficit de atenção e vivia a base de Ritalina. Na adolescência, começou a beber e de vez em quando voltava para casa no carro da polícia.

Heidar Logi, o primeiro surfista profissional da Islândia
Heidar Logi em ação. (Foto: Chris Burkard)

Aos 16 anos, um amigo emprestou uma prancha de surfe pra Logi pegar umas ondas se tivesse vontade. Brother, e que vontade. Com um wetsuit usado e muita coragem, na primeira hora no mar soube que era isso que queria para o resto da sua vida. Logi saiu da água decidido a se tornar surfista profissional. Ele queria fazer o que muita gente faz, mas de um jeito que ninguém faz.

Abandonou a escola e a vida loka, se mudou pra Reykjavik e arrumou um emprego de bartender. Ele trabalhava de noite e surfava de dia, por quanto tempo seu corpo aguentasse o frio. Descendentes dos vikings, os islandeses têm um verbo que exprime o ato de perseverar nas adversidades: að nenna.

Logi perseverou e ficou tão bom na coisa que teve o que oferecer aos patrocinadores, se tornando o primeiro surfista profissional da Islândia. O orgulho vem mais do processo que do título. Hoje em dia, Logi tem alguns patrocinadores e pega onda em vários picos do mundo, mas sempre bate saudades da terra natal. “A Islândia tem uma inconstância que te faz apreciar cada onda”, ele diz.

Praia na Islândia
Praia na Islândia (Foto: Casey Allen)

De fato, a Islândia transforma qualquer aspirante a surfista num meteorologista. Os padrões de vento mudam constantemente e a busca por uma onda pode resultar num dia perfeito ou numa viagem frustrada. Mas no país, se você se preocupar com o tempo, não faz nada. A água nem é tão horrível quanto você pensa. A temperatura varia entre 5˚ e -14˚C, que dá pra encarar com o wetsuit certo (de no mínimo, 5mm), além de botas, balaclava e luvas. E uma dose descomunal de að nenna.

O Brasil conta com mais de três milhões de praticantes de surfe. Na Islândia são… cerca de 30. Se você quiser se juntar a esse seleto grupo, saiba que tem até agência de viagem especializada na empreitada. Caso prefira uma temperatura mais tropical, ao menos não perca Under an Artic Sky, disponível no Netflix. O documentário narra a saga de Logi e de outros cinco surfistas, que viajam pelo país antes da pior tempestade em 25 anos, em busca de ondas perfeitas sob as luzes da Aurora Boreal.

Heidar Logi (foto: HeidarLogi.com)

*Foto Destaque: Heiðar Logi by heidarlogi.com

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

28 de May, 2018

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Luciana Guilliod

Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.

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Comentários

  • ?interesssnte

    - Regina Vilma
    • Cojasoso.

      - Luciana Guilliod

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