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Caçando aurora-boreal

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

25 de February, 2014

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Há tempos sonho em ver a aurora boreal e já tinha passado pertinho dela em três momentos, mas só perto, porque sequer vi qualquer rastro das suas luzes.

No ano passado comecei a pilhar os amigos para viajarmos nesse carnaval para tentar caça-la. Aos poucos a viagem foi ganhando forma, deixamos Tromsø, na Noruega para trás dessa vez decidindo unir dois desejos em comum: conhecer a Islândia e, quem sabe, ver a aurora boreal.

Estudamos o fenômeno para ver qual melhor seria a semana com mais probabilidade da aurora boreal dar as caras. O melhor é sempre quando a lua menos aparece, ou seja, na lua minguante. Acabamos escolhendo a semana do dia 24/2, indo para Reykjavik via Londres com a WOW Airlines, onde você já começa a ter uma experiência “turística” no próprio vôo.

A essas alturas as minhas expectativas já tinham baixado bastante, pois há meses acompanhávamos a previsão de auroras boreais na região e elas estavam baixíssimas. Resolvi me contentar em conhecer a Islândia, que habitou meus sonhos por anos.

No domingo ao consultar as previsões, elas pareciam mais animadoras mostrando alguma chance da aurora boreal aparecer, mas ainda assim decidimos segurar a ansiedade. Nos encontramos os 4 (eu, Ola, Dani e a Fernanda) num bar em Reykjavik no final do domingo, dando gritinhos de felicidade, pois eu e a Dani tínhamos vindo do aeroporto com um guia de auroras, que disse que a noite prometia e ele rumaria com um grupo para vê-la nas proximidades do hotel onde ficaríamos.

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Seguimos para o Íon Hotel, que fica no meio do nada, em Thingvellir. Enquanto fazíamos o check-in, já ouvimos as boas notícias de que a noite estava propícia pra gente realmente ver a aurora boreal.

Eu fiquei numa tensão bizarra. Talvez porque, de repente, estava com as expectativas, que eram baixas, nas alturas. Fomos jantar por volta das 20h. Colocaram a gente na última mesa do restaurante, próximos a porta de saída dos fundos.

O atendimento foi bem lento, os pratos demoraram o suficiente pra esvaziarmos a primeira garrafa de vinho. De repente uma fila de pessoas começou a passar por nós num abre e fecha da porta. Tentamos nos segurar, mas não aguentei e dei uma voadora, atravessei a porta e comecei a pular no quintal dos fundos do restaurante. A aurora começava a surgir de mansinho, cortando parte do céu à direita e esquerda. Ainda bem tímida, mas já o suficiente para fazer meu coração disparar. Voltei correndo pra mesa, chamei todos e voltamos pro quintal. Depois disso foi uma loucura. Ficamos num entra e sai descontrolado do restaurante, já que o jantar chegou em meio ao show da dona aurora, que aos poucos começou a dançar sob nossas cabeças. Comíamos e corríamos para o quintal com a taça de vinho nas mãos.

Eu me sentia o ser mais caipira do planeta. Pulava, ria, olhava pra cá e pra lá. Era muita sorte ver a aurora boreal já no nosso primeiro dia, numa viagem de 8 dias. O hotel estava em polvorosa com as pessoas indo e vindo, com suas câmeras, tripés e taças de vinho. O clima era incrível, pois era perceptível que todo mundo ali, independente se era a primeira vez  ou não que assistia a tal espetáculo, se emocionava com as luzes dançantes no céu.

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eu sou o ponto vermelho
eu sou o ponto vermelho

Foram mais de duas horas de espetáculo. Entre momentos intensos e outros em que a aurora simplesmente nos abandonava. Voltávamos para o calor do hotel para depois sair correndo porque alguém tinha visto alguma coisa pelas janelas. Teve o momento alto, em que o céu estava tomado pelas auroras dançantes, que iam e vinham de um lado pro outro, evaporando de um lado e surgindo do outro.

Difícil explicar o que eu senti, mas foi mágico. Fiquei completamente enfeitiçada e me sentindo, de alguma forma, abençoada por presenciar tal fenômeno da natureza. A emoção ficou à flor da pele. E eu já me emociono com qualquer manifestação em que qualquer grupo mínimo de pessoa está feliz por algo tão simples.

Aos poucos a luz foi diminuindo. Eram mais de 23h e acima de nós um céu estrelado como eu não via há muito tempo. Decidimos fugir um pouco da luz do hotel e seguimos para a montanha ao lado, apenas com uma lanterna improvisada do meu celular. Fomos quase ao topo, subindo pela neve muitas vezes escorregadia, até encontrar um pequeno platô, onde todos ficamos longos minutos olhando para o céu à espera de uma luz verde ou vermelha, que não vieram. Ali restavam apenas as estrelas e uma paz absurda, que é o que tem nos acompanhado ao longo dessa viagem.

Voltamos felizes pro hotel. A noite tinha sido a mais simples possível e, ao mesmo tempo, a mais incrível. Ficou a vontade de ver novamente, talvez ainda mais intensa, mas já me dei por feliz por ter sido presenteada desse jeito nas minhas boas-vindas ao país. Depois de lá, a aurora boreal entrou para uma lista de espetáculos de tirar o fôlego que a Islândia tem nos proporcionado desde que chegamos por aqui. Surpresas por aqui não faltam.

Por enquanto o meu queixo está caído… e acho que eu só o coloco de volta no lugar quando embarcar na próxima segunda para a Noruega. Recomendo colocar na lista de qualquer pessoa que ama viajar e ama natureza: conhecer a Islândia e caçar aurora boreal.

Acompanhem nossa viagem nos nossos instagrams. As fotos desse post foram tiradas pelo Ola Persson e a do hotel, por mim.

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

25 de February, 2014

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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Comentários

  • Simplesmente o máximo. Amo seus Post Lalai, sempre comento com o Daniel sobre eles, mostro as fotos e ele perguntou se voce nao quer começar postar in English tbm? Beijos.

    - Marcelo Zardi

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Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.