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“Ué, mas a capital da Palestina não é Jerusalém?” – leitores mais cuidadosos devem estar pensando. Bom, a quem pertence Jerusalém é provavelmente a maior treta político-religiosa contemporânea (já falamos nesse post sobre isso, mas se quiser saber mais, entenda melhor aqui). As respostas podem variar de “A Deus”, “a Todos os Povos”, aos muçulmanos, aos cristãos, aos hebreus ou judeus, dependendo de quem você pergunta. Na prática, Jerusalém é murada por Israel, e a maior parte da Palestina, nação não reconhecida por eles, não tem acesso.
A capital da Palestina é, portanto, em Ramallah, que fica situada bem na fronteira de Jerusalém. São 15 quilômetros separando ambas. É lá que ficam as principais instituições políticas, econômicas e até mesmo turísticas do país, a sede da Autoridade Nacional Palestina e dos ministérios palestinos.
Entender o mínimo do conflito é essencial para se mover lá dentro, saber com quem falar. A maioria dos israelenses vai comentar o quanto ir para Rammallah (e West Bank no geral) é perigoso, quase um suicídio. Os palestinos, por sua vez, dizem que os terroristas são os outros, e que o perigo é exatamente o exército israelense. A verdade é que é muito fácil e seguro sair de Jerusalém para Palestina.
O transporte público é a melhor solução, já que carro alugado é possível facilmente chegar, mas os seguros não cobrem a zona ocupada. É no Damascus Gate, o principal portão de conexão entre a Palestina e Israel, que você pega o ônibus 219, com a passagem custando 9 NIS (cerca de 8 reais). Ramallah fica literalmente ao lado, mas é preciso dar a volta ao muro. Ou seja, o que seria feito em quinze minutos a pé, leva de 40 a 50 de ônibus.
Atravessar o muro é literalmente mudar de país. Da bolha israelense, você chega de verdade ao Oriente Médio: do árabe das placas, dos joelhos cobertos, do hijab, das bandeiras e – principalmente – das pichações e placas com a visão palestina do conflito com o vizinho.
Logo ao lado da estação de ônibus fica o principal mercadão: de uvas a fita cassete, de bonecas a eletrodomésticos, de meias a quinquilharias em geral, a diversidade é muito incrível para não parar e dar uma voltinha. Não esqueça de tomar o suco de cenoura nas banquinhas (e descobrir que cenoura pura é doce, diga-se de passagem). Recomendo parar para um sorvete no Rukab’s Ice Cream (22 Rukab st، Ramallah).
A segunda parada da manhã deve ser, necessariamente, o Museu do Yasser Arafat. O museu que leva o nome da figura política mais importante da história da Palestina conta todo o histórico do conflito, com vídeos, audios, e custa uma mixaria para entrar. Para eles, é muito importante contar sua história. É uma verdadeira lição de história política, já que nunca os palestinos estiveram tão divididos, com a Fatah no poder do West Bank e o grupo islâmico Hamas em controle da Faixa de Gaza.
Quase tudo em Rammallah são edifícios, pois a cidade não tem espaço geográfico para crescer lateralmente. Isso faz com que tudo: lojas, restaurantes, baladas, cafés, etc. sejam andares inteiros em prédios. A exemplo do Ziryab, um restaurante ultra fofo e com comida ótima na Rukab Street (sem número, mas você consegue encontrar aqui no Google Maps). As sopas são um escândalo, e as comidas de um pote só servem facilmente três estômagos.
Para conhecer mais de Ramallah, recomendo fortemente se juntar a algum tour. O Mohammed faz isso com o pessoal do Area D Hostel, que fica ao lado da estacão de ônibus. Com eles, você pode conhecer os campos de refugiados (Qalandia Checkpoint), e circundar os muros. Você pode escutar as histórias de quem mora (como a mera dificuldade de se conseguir produtos na cidade), até a história mais ampla do contexto em que o campo de refugiados foi formado.
Como todo bom país árabe, todas as lojas estão abertas até tarde da noite (11 ou meia noite). O happy hour é fumar argila, já que bebida não é bem-vinda na região. A maior parte dos cafés está repleto apenas por homens pitando.
Contrastando com a cidade, o bar mais legal e cheio de estrangeiros é o SnowBar Garden, um jardim lindo que mistura bar, restaurante, e até uma piscina. Ótima pedida para um fim de tarde que estica até à noite.
Dependendo do dia, há algumas bandinhas. Um dos bares mais recentes é o Radio, onde artistas locais mostram seus ritmos, que variam do hip hop, rock à música árabe. O Carthage Bar é uma das poucas opções onde você realmente vê alguém chacoalhando o esqueleto sem conseguir se carregar no fim da noite.
Se algumas vezes parece que falta o endereço, não se preocupe: em qualquer momento você pode chamar um táxi ou falar “táxi”para alguém na rua, e eles chamam. Isso também é valido para o “checkpoint da volta”, ou seja, o ponto onde checam se seu passaporte é válido para reentrada em Israel. A fila pode ser demorada e em geral não perguntam nada a estrangeiros. Mas se perguntarem, vale a máxima: quem não deve não teme, somente seja sincero com o Sr. seu guarda.
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsOlá, tudo bem
Achei muito legal seu blog! Converso com um rapaz há dois anos, ele mora em Ramalah! Estava aqui na internet fazendo uma pesquisa sobre a cidade e por acaso encontrei seu blog! Gostei bastante!
Parabéns!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.