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As boas do fim de semana no Rio de Janeiro: 17.08

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Data

16 de August, 2018

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Molière – Uma comédia musical de Sabina Berman

O espetáculo embaralha comédia e drama para apertar a corda que nos enforca todo dia. Começa histriônico, quase trôpego, com uma picância de chanchada, e chega sem pressa ao fim, com o humor que contesta e agora não mais distrai, só afunda. A mudança dita os rumos da história, que acompanha a disputa entre Molière e Racine, dois dos mais importantes dramaturgos franceses. O primeiro traz o desbunde como marca e o riso alheio como objetivo. O segundo é filho da tragédia e busca a comoção pelas palavras sérias. A rivalidade espelha nosso tempo, cujo reflexo ganha mais relevo com a frivolidade do rei Luís XIV e a moral desviante do bispo. Embora seja vendido como musical, e apesar da banda ativa no palco, o espetáculo não enfileira canções, tampouco danças coreografadas, como se espera do gênero. Ao contrário. A palavra falada é o veículo das ideias, sendo, de fato, abraçada por uma trilha sonora instrumental com músicas de Caetano Veloso. O elenco é afiado, com os atores tendo mais chance de brilho. Para não nos esticarmos, ficamos com Matheus Nachtergaele, um bicho-ator por expressão, sensibilidade e, possivelmente, necessidade. Sua interpretação de “Coração vagabundo”, mais falada que cantada, faz cócegas na alma do espectador e fica, como uma beleza acesa por dentro.

Molière – Uma comédia musical de Sabina Berman. Sexta-feira a sábado, às 20h. Domingo, às 18h. Em cartaz até 02.09. Ingressos a R$ 60.
Teatro Adolfo Bloch. Rua do Russel, 804 – Glória.

Fernanda Montenegro apresenta Nelson Rodrigues por ele mesmo

Fernanda é aplaudida pelo público ao final da apresentação do projeto | Foto: Milton Dória/Divulgação

Quase uma década separa “Viver sem tempos mortos” de “Nelson Rodrigues por ele mesmo”, as mais recentes incursões de Fernanda Montenegro no teatro. Assim, prestes a fazer 89 anos, a atriz salta da experiência feminista de Simone de Beauvoir – a mesma que escreveu “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher” – para os desejos invioláveis da classe média retratados por Nelson Rodrigues – o mesmo que escreveu “O casamento é o máximo da solidão com a mínima privacidade”. O projeto traz uma seleção de textos do livro homônimo organizado por Sônia Rodrigues, filha do escritor, e é marcado pela simplicidade da proposta. No palco, a atriz é porta-voz da palavra rodrigueana, com o mínimo de interferência e encenação. Reencontrar Nelson no teatro parece um caminho natural. Afinal, foi por insistência dela que o escritor criou “O beijo no asfalto”; não tivesse ficado grávida de Fernanda Torres, seria Fernandona a protagonista de “Toda nudez será castigada”; ela faria também “A serpente”, a derradeira obra de Nelson, caso o sucesso de outra montagem não a impedisse de assumir novos compromissos. O primeiro filme dela, “A falecida”, foi adaptado de uma peça de… Bem, vocês já sabem.

Em 2012, quando o centenário do dramaturgo foi comemorado, Filipe conversou com Fernanda. Além de ressaltar o laço afetuoso entre eles, a atriz analisou a atualidade de Nelson, o que nos devolve ao projeto de agora: “Ele tem declaradamente o traço poético da transcendência. Qualquer frase do Nelson implica numa compulsão. Embora o teatro dele fosse no Rio, ele transcendeu o realismo cronístico. Qualquer cena dele estimula uma adesão inquietante da plateia. Na vida literária, tinha sempre esse traço insólito e uma conceituação moral, mas nunca moralista. Ele não doutrina, ele narra e concebe”.

“Nelson Rodrigues por ele mesmo”. Sábado (18.08) e domingo (19.08), às 17h30 e às 19h30. Ingressos a R$ 30.
Sesc Copacabana (Teatro de Arena). Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana.

Navalha na Carne

Esse fim de semana está bão demais para o teatro, não?

Que venha o Oficina! Um dos mais vigorosos grupos do país, com seis décadas de subversões feitas e refeitas, apresenta sua versão para a obra-prima de Plínio Marcos. O espetáculo se concentra em três personagens marginalizados: Vado, um gigolô violento e sarcástico; Neusa Sueli, uma prostituta decadente; e Veludo, um faxineiro homossexual. Juntos num pequeno quarto, eles estabelecem um jogo de poder, sedução, humilhação e sarcasmo, marcas afiadas nos diálogos contundentes do autor. A dramaturgia de Plínio corta e rasga: a ferida fica aberta, e o Oficina vai lá e cutuca.

Navalha na Carne. De quinta-feira a domingo, às 19h. Ingressos a R$ 30 (balcão) e R$ 40 (plateia). Em cartaz até 02.09.
Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues: Av. República do Chile, 230 – Centro.

Mostra “Monstros no cinema”

“King Kong”, clássico de 1933

O cinema fez o espectador redescobrir o medo e, em alguns casos, até desejá-lo secretamente. O fascínio do terror foi especialmente potencializado com a criação de monstros memoráveis. A mostra do CCBB traz uma overdose de diversos tipos, espécies e nacionalidades; podem ser humanos, animais ou as duas coisas. A lista vai do clássico alemão “O golem, como ele veio ao mundo” (1920) ao atual vencedor do Oscar de melhor filme, “A forma da água” (2017). Mas há espaço para diversas versões de Drácula e Lobisomem. Aliens e Gremlins também estão na seleção, assim como King Kong e Frankenstein. Claro, mestre do horror nacional, José Mojica Marins também foi convidado e avisa: “À meia noite levarei sua alma” (1964). Que medo.

“Monstros no cinema”. Todos os dias, exceto terça, quando o CCBB fecha. Em cartaz até 10.09. Gratuito – as senhas são distribuídas 1h antes do início de cada sessão. Consulte a programação aqui.
CCBB. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.

Unicórnio

Barbara Luz e Patrícia Pillar vivem mãe e filha em filme

As palavras de Hilda Hilst, homenageada na última Flip, chegam ao cinema com “Unicórnio”. O filme foi exibido numa mostra da paralela do Festival de Berlim e, ano passado, fez parte da programação do Festival do Rio. A narrativa, com pegada fabular, é conduzida a partir da conversa de Maria com o pai. Assim, num outro tempo, acompanhamos a história na rústica casa de campo, onde a menina mora com a mãe. A chegada de outro homem desestabiliza a relação entre elas. Patrícia Pillar, Zécarlos Machado, Barbara Luz e Lee Taylor estão no elenco. O longa é inspirado em dois textos da escritora paulista.

“Unicórnio”. Confira salas e horários aqui.

Peraí, que tem mais

Outro espetáculo para prestar atenção. Suspense social sobre a busca de um casal de classe média por uma vida idealizada em meio a um sistema falido, “Nerium Park” é dirigido por Rodrigo Portella (do excelente “Tom na Fazenda”). O texto é do catalão Josep Maria Miró. Mire e veja.
“Nerium Park”. De sexta a segunda-feira, às 20h. Ingressos a R$ 50.
Teatro Glaucio Gill. Praça Cardeal Arco-Verde, s/nº – Copacabana.

Data

16 de August, 2018

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Filipe Isensee e Gustavo Cunha

Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.

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