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Como é o trekking no vulcão Acatenango, Guatemala

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

13 de January, 2022

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Acatenango, Fuego e Água: os três vulcões dominam a paisagem de Antígua, a linda cidade colonial da Guatemala. Você pode apreciar a vista degustando o excelente café guatemalteco no terraço de uma construção histórica. E também pode chegar mais perto de um dos vulcões mais ativos do mundo e amanhecer na cratera de um vulcão extinto. Eu fui e te conto como é como é o trekking ao vulcão Acatenango, na Guatemala.

É fácil confundir: o vulcão que de fato adentramos está inativo e se chama Acatenango. Dormimos num acampamento a uma hora e meia de caminhada da cratera. Fuego é um dos vulcões mais ativos do mundo (e quando fui estava especialmente ativo, jorrando lava a cada 10-20 minutos), do qual a vista a partir do Acatenango é esplendorosa. Deu pra entender?

É possível ver o Fuego expelindo fumaça desde centenas de quilômetros de distância. Tenho uma lembrança mágica de uma sexta à noite bebendo vinho numa pousada charmosa à beira do lago Atitlan, olhando o vulcão iluminar a noite escura (num date, não menos). O outro lado da moeda é estar tão perto que é possível sentir o chão tremendo com as explosões, após um trekking em alta montanha. O Fuego me proporcionou ambas belas experiências na Guatemala.

Como é o trekking no vulcão Acatenango, Guatemala
O trekking ao vulcão Acatenango não é difícil, mas é cansativo (foto: Luciana Guilliod)

Os números do trekking não assustam tanto: a caminhada até o acampamento base tem menos de 7km, uma ascensão de menos de 1.500m feita num tempo líquido de 2h36 minutos (ou seja, sem contar o tempo descansando, lanchando e esperando o restante do grupo). O que pega é a falta de oxigênio na altitude e a quantidade de casacos a serem carregados, que torna tudo três vezes mais cansativo. A cratera do Acatenango está 3.976m acima do nível do mar.

O que levar e quanto custa

Fiz o trekking com a Wilco & Charlie’s. O preço foi 69 dólares pela jornada de 28 horas, incluindo transporte, guias, pernoite em cabana (e não em barraca), refeições de verdade, garrafas de água e headlamp. Com o aluguel de itens extras, a conta chegou em 90 dólares para essa experiência inesquecível. Há agências cobrando alguns dólares a menos, mas a Wilco & Charlie’s valeu cada centavo.

O valor não inclui a entrada no parque regional do Vulcão Acatenango, de 16 dólares. Há uma trilha opcional por 25 dólares para chegar mais perto do Fuego, que é decidida no acampamento base – porque nem sempre é seguro seguir e você não sabe qual será seu ânimo antes de chegar.

Todas as camadas de roupas quanto forem necessárias estão incluídas no pacote: meias, calça, casaco para neve, corta-vento, gorro, luvas, cachecol. Várias pessoas me aconselharam a levar todas as roupas possíveis para me aquecer, pois na cratera do vulcão a temperatura varia entre -5 e -15 graus. Assim fiz e não passei frio.

É possível alugar na agência botas, bastões de caminhada (3 dólares) e uma mochila cargueira (7 dólares). Aluguei os dois últimos e foi o melhor investimento que fiz. Meu conselho é: alugue lá toda a roupa e equipamento quanto for possível. Você não carrega peso desnecessário no resto da viagem e, acredite, ficará exultante de não ter que lavar tudo aquilo.

E não leve mais nada além do necessário, você já tem coisa demais pra carregar. O que? batom?????

Como é o trekking ao vulcão Acatenango, Guatemala
O acampamento base é confortável e tem uma vista incrível do Fuego (foto: Luciana Guilliod)

Levei montanha acima meu equipamento próprio: roupas, comida, água (inclusive para cozinhar) e a empresa se responsabiliza por cobertores, sacos de dormir, parte de alimentação e todo o resto. Rola contratar uma cabana individual e até um carregador para levar seus itens pessoais – o que, honestamente, acho roubar no jogo.

É possível fazer a trilha sem agência – a rigor, para ir à cratera do Acatenango, basta pagar a entrada no parque regional – mas não recomendo a quem não esteja bem equipado. A trilha em si é bem demarcada e com muita gente no caminho (o que foi surpreendente para uma aventura tão cansativa), mas ou você tem um preparo físico sobre-humano, ou uma boa infraestrutura.

Como é o trekking no vulcão Acatenango

Encontrei o grupo às 8h30 e recebemos informações detalhadas (que já haviam sido enviadas por e-mail), escolhemos roupas e equipamentos, enchemos garrafas de água e tomamos café da manhã. Às 9h30 saímos para a vila de Soledad e às 11h, começamos o trekking.

A trilha passa por quatro diferentes ecossistemas, começando com plantações de milho, ervilha e flores. Essa é a pior parte, com sol na moleira e todo o peso da água e comida ainda nas costas – e a paisagem não é tão bonita assim. Ainda não entramos no Parque Regional Volcán Acatenango propriamente dito.

Após pagarmos a entrada no parque, o visual muda para uma floresta tropical com mais sombra e, em seguida, uma floresta alpina com coníferas onde dá pra avistar outros seis vulcões de brinde. Há uma pausa para o almoço (almôndegas com molho e purê de batatas) e a partir daí o caminho fica menos inclinado – até prazeroso – e adentramos o quarto microclima, com solo vulcânico.

Chegamos por volta das 15h no acampamento base, a 3.750m, que já oferece uma vista matadora para o Fuego. O lugar é agradável, com refeitório, tomadas e venda de barrinhas de cereal e até cerveja. Essa agência tem cabanas para o pernoite, mais quentes e confortáveis que barracas. O banheiro é a mãe natureza, então leve um saco de lixo para trazer seus dejetos de volta.

Vista do vulcão Fuego, na Guatemala
O show noturno do Fuego (foto: Luciana Guilliod)

Às 16h soubemos que a aproximação ao Fuego estava liberada e metade do grupo seguiu. A ideia de beber chocolate quente e tostar marshmellows na fogueira do acampamento jogando conversa fora me venceu.

Não contava, porém, com a quantidade de explosões do Fuego. As palavras eram interrompidas por urros saídos das entranhas da terra, seguidos de uma chuva de lava incandescente que iluminava a noite. Apenas admirávamos, maravilhados. Valeu cada molécula de oxigênio não respirada na altitude.

Não é que tenha visto um vulcão em erupção. Eu acordava de madrugada com a terra tremendo e com o ruído das incessantes erupções. Foi bruto, primal e lindo.

A conquista do cume do Acatenango

O alarme do celular tocou às 4h: vamos ver o amanhecer no cume do vulcão Acatenango. As lanternas na cabeça ajudam a vencer a noite escura. São cerca de 2km e apenas 300m de ascensão, mas é a parte mais difícil de toda a trilha: o solo vulcânico é escorregadio e os pés afundam na terra pedregosa a cada passo. É difícil progredir.

O dia vai clareando e revela vilas, florestas de pinheiros, lagos e vulcões. Após uma hora e meia de caminhada, chegamos ao cume (e também à cratera do Acatenango) de onde se avistam Fuego, Àgua, Lago Atitlan e, num bom dia, até o oceano e a fronteira com o México.

O trekking ao vulcão Acatenango é bastante popular entre quem viaja à Guatemala (foto: Luciana Guilliod)
O trekking ao vulcão Acatenango é bastante popular entre quem viaja à Guatemala (foto: Luciana Guilliod)

Nem fazia tanto frio assim – ou eu estava muito bem agasalhada – e, após uma hora de muitas fotos no cume tão lotado quanto o Largo da Carioca, é hora de começar a descida. Há um café da manhã com burritos no acampamento (sério, contratem a agencia que usei) e um clima de missão cumprida no ar. O dia está lindo, as pessoas estão felizes, realizadas e monotemáticas.

A subida árdua do dia anterior agora é uma descida agradável de duas horas, na qual fomos conversando, brincando e vendo a cara de cansaço dos grupos que estavam subindo. Ao meio dia, a van esperava para levar-nos de volta à Antígua.

Chegamos na agência por volta das 13h para devolvemos os itens imundos e pagarmos o saldo. É impressionante a quantidade de pedras e areia nas roupas. Corriam os últimos dias de novembro e uma feirinha de natal tomava conta da praça central de Antígua, deixando aquela gracinha de cidade ainda mais alegre. Comprei uma barra de chocolate artesanal de um vendedor e deixei-me cair num banco da praça por um bom tempo. Degustei o chocolate (no qual os guatemaltecos também mandam muito bem), observando o movimento da rua, saboreando cada mordida e cada lembrança.

Claro que a essa altura já havíamos formado um grupo de Whatsapp chamado “Fuego” e combinamos um encontro à noite numa cervejaria artesanal de Antígua. O terraço com vista para o vulcão agora era um detalhe para esse grupo feliz e exausto, que tinha conquistado seu cume horas antes.

Amanhecer no segundo dia do vulcão Acatenango, Guatemala (foto: Luciana Guilliod)
Amanhecer no segundo dia (foto: Luciana Guilliod)

Mas e aí, o trekking ao Vulcão Acatenango vale a pena?

Foi a primeira experiência em trekking com pernoite para uns. Outros nunca estiveram numa altitude tão elevada. Alguns nem estavam doloridos no dia seguinte. Eu me canso facilmente e sinto dificuldade para respirar na altitude (quando não vomito). E acho que valeu cada segundo.

O mal de altitude vem do corpo se ajustando à menor pressão de oxigênio em altitude e costuma dar as caras acima dos 2500m. Quanto mais alto você está, menos moléculas de oxigênio há em cada respiração. Não há relação com idade, gênero ou condição física e deixo aqui algumas dicas para minimizar o perrengue:

– Agende uma massagem pra o mesmo dia ou o dia seguinte ao trekking: você estará mais cansado que o normal.

– Passe, no mínimo, dois dias em Antígua para se aclimatar à altitude.

– Evite álcool e beba muita água nos dois dias anteriores ao trekking.

Imagem de destaque: Unsplash

Quem escreveu

Luciana Guilliod

Data

13 de January, 2022

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Luciana Guilliod

Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.

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