Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Meu relacionamento com vulcões sempre foi tortuoso. No primeiro, no Havaí, o helicóptero começou a ter problemas e preferimos não arriscar chegar até o vulcão (leia-se, o piloto preferiu, nós estávamos muito ocupados com um terço na mão fazendo uma retrospectiva dos pecados, para poder influenciar a decisão )– fuén número 1.
Em Villarica no Chile, após fazer um hiking de íngremes, sofridos, 2,4 quilômetros no gelo, 200 metros antes de chegar no cume, derrapei. Rolei elegantemente 1 quilômetro abaixo, com direito a strike em um grupo de montanhistas.
Um grande, grande fuén. Número 2. Alguns guias, macas da neve e, infelizmente, nenhum São Bernardo com conhaque na coleira depois, fui informada de ser a primeira pessoa que rola tanto montanha abaixo sem quebrar nada. (Duas semanas depois os tais dois brasileiros não tiveram a mesma sorte e desapareceram por lá).
Portanto, ao ver na Islândia a oportunidade de finalmente entrar em um vulcão, não pude deixar passar- mesmo estimando em 23% a chance de eu sair ilesa da aventura- dada minha sorte com as explosivas formações geológicas. Ou o vulcão ia, após quatro mil anos, entrar em erupção comigo dentro, ou o elevador cair lá de cima, ou terremotos fechariam a passagem com pedras, sendo eu a primeira escolhida pelos montanhistas famintos presos a virar carpaccio.
Empacotados meu pé de lebre, trevo de quatro folhas e dez sanduíches adicionais para melhorar minha vantagem competitiva de sobrevivência, compro meu pacote para Thrihnukagigur.
Provavelmente uma das coisas mais extraordinárias que já fiz. E isso inclui ter ido no camarim do Trem da Alegria quanto eu tinha 9 anos.
Várias empresas de tour pela cidade fazem o booking para você e o preço é fechado ISK 37000 (R$ 675). Após um suspiro de saudades das grandes notas de dez mil com camponesas de chapéu, pega-se um ônibus que leva ao meio de uma rodovia, a 20 km da cidade.
De lá, são 3 kilometros de hiking no meio de um campo de lava e cavernas escondidas.
Muitos reclamam que é difícil, porém honestamente, achei bem fácil, e em menos de uma hora estávamos lá. A vista vale a caminhada.
O tour é novo, lançaram o ano passado, e só existe de 15 de Maio a 10 de setembro.
É o único vulcão no mundo que dá para entrar na câmara de magma. Só há 3 horários por dia, e uma boa caminhada para chegar. Enquanto não arrumarem um teleférico e escada rolante (alá cristo redentor), é uma experiência para poucos.
Hibernando há alguns milhares de anos, é diferente de outros vulcões mais ativos por lá, como seu amigo Eyjafjallajökull (aquele que fez a travessura de deixar todos plantados nos aeroportos em 2010)
(Em tempo: aproveite e pronuncie Thrihnukagigur e deixe seu guia todo orgulhoso, já que os brasileiros são dos poucos que conseguem de forma razoável)
Você entra por um elevador manual, durante 120 metros, até a câmara de magma do vulcão. Para ter ideia, cabe a Estátua da Liberdade lá dentro. É tão lindo que você não sabe se contempla, chora, ou faz vídeo. Fiz vídeo pra não borrar a maquiagem:
É impossível capturar nas câmeras a intimidadora magnitude do local. Basalto, zinco e uma série de outros minérios colorem as paredes da câmara como uma aquarela em pedra.
(em tempo: se você olhou para essa fenda na pedra, e pensou em outra coisa: provavelmente é homem e está na seca há mais de 4 meses).
É só quarenta minutos lá dentro. Mas a experiência é quase emocional, daquelas que te fazem você refletir sobre sua própria insignificância.
E para dar boas-vindas à terra, na saída, uma simpática raposa ártica, mascote do basecamp.
“Oi, não aprendi a me defender sozinho e essa joça fecha em Setembro. Quem me ensina a não virar comida de águia?”
Com todo respeito aos demais vulcões, acho que o universo estava só conjurando para que Thrihnukagigur fosse my first, and only.
Foto abertura: Flickr/prasenberg
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.