Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A primeira vez que tive contato com o trabalho do coletivo japonês teamLab foi na Expo 2015, em Milão, no Pavilhão do Japão. Ao entrar nele, mergulhávamos num belo jardim japonês repleto de vitórias-régias projetadas em placas espalhadas pelo chão. A projeção interativa era acompanhada de uma trilha sonora que deixava a experiência ainda mais bonita, “detalhe” que fui perceber posteriormente sobre o trabalho do teamLab. Por fim, chegávamos numa cachoeira que despejava informações sobre a comida japonesa.
Saímos do pavilhão com a certeza de que ele era o nosso favorito desta Expo, porém eu não me atentei ao nome dos artistas envolvidos. Em novembro de 2016 eu fui para Tóquio, onde visitei a exposição “The Universe and Art”, no Mori Art Museum. Ali que fui fisgada pelo trabalho do teamLab. A exposição oferecia, através de cerca de 200 itens, visões diferentes sobre o futuro do cosmo e da humanidade, explorando de onde viemos e para onde estamos indo. Depois de passar embasbacada por uma coleção que envolvia meteoritos, fósseis, teorias da astronomia e desenhos feitos por Da Vinci e Galileu (tudo original), chegávamos numa sala onde éramos transportados para uma viagem pelo espaço. A viagem era uma projeção que ocupava todos os espaços da sala, como o chão, o teto e as paredes, com uma trilha sonora linda de chorar (ah, eu chorei emocionada!). Eu assisti umas quatro vezes até levantar e ir embora atrás do nome de quem tinha produzido aquele trabalho. Era o teamLab.
Desde então eu fiquei aficcionada pelo trabalho deles e seguindo cada movimento deste coletivo, que cria instalações digitais interativas e tem ganhado o mundo há algum tempo. No início de 2017, eles abriram a concorrida exposição “Transcending Boundaries”, na Pace Gallery, em Londres, que teve ingressos esgotados. Meu coração sofreu um cadinho porque eu não poderia ir.
Comecei a minha última viagem pra Europa em Paris. Fui assistir um show no Parc de la Villette e me deparei com um cartaz anunciando uma exposição do teamLab por lá. Tremi! Siiiim, sou dessas, bem fã mesmo. Tentei ingresso para um dos dias que eu estaria na cidade e estavam todos esgotados. Acabei decidindo terminar a minha viagem lá somente para, finalmente, ver a exposição “Au-delà des limites”, que trazia entre várias instalações a mesma que passou por Londres.
Com horário marcado para às 13h em pleno sábado, lá estava eu e um amigo no Parc de la Villette para ver qual era. A exposição traz doze instalações interativas, algumas simples, outras mais divertidas, e a principal “Universe of Water Particles”, que ocupa uma sala imensa de pé direito altíssimo de onde cai uma cachoeira, é a mais impactante. É possível interagir com as imagens projetadas. Dá para alterar o curso da água ao tocá-la, dando a impressão de que a água está escorrendo pelas laterais do seu corpo ou das mãos ao encostar nela. As imagens se alternam por longos minutos. A cachoeira que desce do alto e cobre o chão, depois aparece uma plantação de flores que poeticamente se espalha pelas paredes, pelo chão e pelo corpo de quem passa por dela.
Tivemos muita sorte com o horário da nossa visita, pois estava bem tranquilo, proporcionando uma experiência beeeem imersiva. Pudemos sentar em diversas partes da instalação, encostar na parede, brincar com a água, com as flores, com os pássaros e ver aurora boreal sem ninguém na frente. Por volta das 14h30, logo após o almoço, o lugar ficou empacotado de gente, deixando a experiência meio sem graça, pois a interação ficou difícil.
Mas a outra surpresa que tive foi encontrar “Crows are chased and the chasing crows are destined to be chased as well, transcending space“ (ufa!), a mesma instalação que vi no Mori Art Museum em 2016. Essa instalação é renderizada em tempo real por um software, e não uma animação pré-gravada em loop como parece. Ou seja, cada vez que você vê-la será uma instalação diferente e única. Foi uma emoção sem tamanho. A trilha sonora dela me toca de uma maneira profunda que eu não sei explicar. Meu amigo precisou me arrancar lá de dentro para que eu seguisse a exposição. Tentei voltar depois, mas a fila já tinha tomado conta da sala onde ela estava. Se você não clicou no play no primeiro vídeo deste post, volta lá e clica, pois duvido não ficar extasiada como fiquei.
Não deixe de conferir a exposição caso você vá passar em Paris até o próximo dia 9 de setembro. Recomendo comprar ingressos antecipadamente pelo site, preferencialmente para visitá-la durante os dias de semana. Ter ido no horário do almoço foi bingo, mas acredito que pela manhã seja tranquilo também.
Já se Paris não está nos planos, mas você tremeu de vontade de ver de perto o trabalho do teamLab, a boa notícia é que eles agora têm seu próprio museu em Tóquio. O Mori Building Digital Art Museum – teamLab Bordeless abriu suas portas no último dia 21 de junho numa área de 10 mil metros quadrados. São 520 computadores e 470 projetores criando um mundo completamente novo, intitulado de “Mundo sem fronteiras” pelo próprio coletivo. Está aí um bom motivo para colocar o Japão nos planos das próximas férias, mas também não deixe de comprar os ingressos antes de ir.
Além de Paris e Tóquio, Singapura também tem três instalações permanentes, sendo duas no Marina Bay Sands e a terceira, no National Museum of Singapore; e Helsinque, na Finlândia, está com a instalação “Massless”, no Amos Rex até janeiro de 2019. E em agosto de 2019 o teamLab ganha a exposição “Planets”, no Brooklyn, Nova York.
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsGod!!! E agora José???? Quer dizer que preciso colocar no próximo roteiro de viagem essas cidades q o teamLab levará as instalações digitais?? Essas maravilhas de deixar a gente louca? Obrigda Lalai pela super dica :)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.