Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Pinheiros se transformou num formigueiro de energia positiva que, transeuntes e participantes – eram automaticamente contagiados pelo som, sorrisos, as discussões e cabeças girando. Fazer a agenda de uma programação já requer rebolado e desapego para escolher entre tantas opções de palestras acontecendo ao mesmo tempo – demonstra a maturidade do festival. Os participantes concordam: “Estive em todos os Paths desde a primeira edição e esse último foi simplesmente perfeito: a curadoria foi excelente, a nova logística reduziu as filas e consegui ir a quase todas as palestras que eu programei. Se melhorar estraga” – disse Natasha Pryngler, veterana do festival. É, realmente o Path virou gente grande.
A programação abraçou todas as causas. Discussões de como criar na era do politicamente correto ao êxodo urbano; da ressignificação do espaço público à neurorevolução na comunicação; do futuro estar na África ao futuro dos festivais; do blockchain ao racismo.
O palco-sensação no festival definitivamente foi o de influenciadores, curado pela Celebrity’s. Foram 13 painéis com assuntos diferentes, 47 participantes, entre palestrantes e moderadores, agências, marcas e creators. Entre os debates mais procurados, a sessão: “O que esperar do modelo de negócios dos Youtubers para os próximos anos”, que teve a participação do Antônio Tablet (Porta dos Fundos), Tavião (Coisas que Nunca Vivi) e Natália Duarte (Youtube), contou que o momento em que o canal mais cresceu foi quando realmente se falou de marcas, como por exemplo o caso da TIM e o do Spoletto. Leandro Bravo, da Celebrity’s, contou que a procura pelo assunto surpreendeu a todos, o palco esteve lotado a todo momento do festival. Ele considera o festival “um dos eventos mais importantes para a área de comunicação e publicidade e está entre os meus eventos preferidos do mundo”. E ele acabou de voltar do SXSW.
A galera do empreendedorismo reuniu startups, público, indústria e investidores, curada pela galera do Startup Farm. As empresas mais disruptivas e criativas do momento são convidadas a mostrarem seus produtos e serviços. Desde hortas urbanas com a Noocity, que vende pequenas hortas a partir de 80 reais, à economia compartilhada como o Banco de Tecidos, que utiliza tecidos que seriam descartados, até a Na Hora, startup que consegue descontos de até 50% em passagens. O rooftop do Tomie Ohtake borbulhou inovação. Felipe Matos, co-founder da Startup Farm, ficou todo orgulhoso: “O Path foi incrível! Uma maneira de me conectar com um público que tem tudo a ver com a Startup Farm, interessado em inovação, tecnologia e criatividade, e interagindo de uma maneira leve, descontraída e engajada”. Alan Leite, CEO da Farm, complementou: “O festival realmente demonstrou maturidade, o mercado brasileiro de economia criativa estava bem representado pelos principais nomes dos principais segmentos, mesmo em um momento de crise como o nosso”.
De um palco a outro você encontrava surpresas pelos corredores, como uma ação da instituição Arcah, que faz resgate de pessoas em situação de rua: “I believe in Good People” – diz a camiseta. O Era Transmídia, associação que promove o conhecimento de narrativas multiplataforma impulsionadas pela tecnologia, marcou presença implantando chips em humanos: ou seja, mais de duas dúzias de pessoas saíram de lá cyborgues – podendo fazer pagamentos, abrir casas, chaves e armazenas informações no próprio corpo. “Um orgulho participar do maior evento de economia criativa, e fazer parte de uma associação com uma missão nobre como a de traduzir a tecnologia para todos”– disse Rodrigo Arnaut, diretor da Era Transmídia.
Outra ação que demonstra o avanço high tech do festival era a “captura” de garrafinhas ou botões (em vez de Pokemon’s) que davam direito a troca de cerveja ou prêmios para quem baixava o aplicativo da WinWin de realidade aumentada.
O festival, apesar de ser pago, claramente tenta ser o mais inclusivo possível. A Praça dos Omaguás, ali em Pinheiros, virou um centrinho de criatividade. Lá ficava parte dos food trucks e gastronomia, com comidinhas veggies, mexicana, hamburgueres, vinhos, além de um palco super bacana.
Uma das ações mais legais gratuitas, oferecidas por SOL, foi as oficinas de lettering e de bolhas gigantes de sabão. As atividades lúdicas ganharam nosso coração (afinal, bolhas de sabão são mágicas, bem ao lado de purpurina e unicórnio, não?)
Entre os shows, alguns dos destaques que vimos foi o Mental Abstrato no Palco Sol. Um sol elegante e delicioso de ouvir, chamou atenção na pracinha que virou um belo concerto. Outro show que arrebentou foi o da banda LaBaq que embalou o pôr do sol no rooftop mais bacana de São Paulo
Uma das nossas descobertas foi a banda Sax in the Beats, uma das mais faladas e fotografadas do festival. Jonatas com cabeça de cavalo e o Nilton com cabeça de Panda, fizeram um dos shows mais irreverentes do Festival no palco Espíritu Libre.
A palestra do mestre Sri Prem Baba foi do estado mais caótico ao mais sublime: com muita, muita mais procura do que o esperado, a capacidade de mais de 600 pessoas tornou a espera um pequeno inferno. Os organizadores – muitos deles refugiados – fizeram um trabalho incrível ao tentar ordenar o pequeno caos. A impaciência começou a tomar conta, para logo abrirem as portas de uma das palestras que é o resumo do Festival Path em si: Propósito. Mentes criativas olhando dentro de si mesmo para buscar o que posso fazer em relação ao outro, qual seu talento, e no que podem servir. Saber para o que veio e como fazer uma sociedade melhor é o fio condutor de todo o festival, alagado por talentos e intenção da mais nobre possível.
Para nós a procura da palestra só demonstra que estamos realmente em uma fase de transição muito importante na nossa sociedade.
O Festival Path traçou sua importância e relevância hoje em um mercado tão carente de conteúdo e atualização como o nosso. No seu DNA, mais do que negócios, ele fala sobre transformação. E não fica apenas no gogó: vemos pela quantidade de experiências gratuitas, pelo foco em conteúdo sobre impacto, que o evento quer disseminar a vontade de mudar o mundo através do conhecimento. O Path é um festival que reúne fazedores, que resume o “espírito do tempo” nosso, aqui mesmo.
Quer saber mais? Falamos aqui sobre o festival em Realidade Aumentada, da quebra de barreiras geográficas, de quanto estamos preparados para encarar o futuro, os shows imperdíveis do festival, e entrevistamos os organizadores.
Texto: Lalai Persson, Dani Valentin e Vanessa Mathias | Fotos: Ola Persson
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.