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É impossível pensar em São Francisco, na Califórnia, e não associar a cidade à Golden Gate. A ponte suspensa avermelhada que povoa nossos sonhos foi construída há 80 anos sobre o estreito de Golden Gate, com o objetivo de ligar a cidade de São Francisco à Sausalito. É uma visita obrigatória na sua viagem, mas para que se contentar em ficar observando a ponte de longe se você pode cruzá-la sobre duas rodas?
O trajeto sugerido tem quase 30 quilômetros, mas aconselhamos separar um dia inteiro para a missão: a ideia é curtir o caminho e não treinar para o Tour de France. Escolha um dia bonito, mas escute sua mãe e leve um casaquinho. Aliás, melhor levar um casacão: o tempo em São Francisco é instável e há muito vento na Ponte e na Baía.
É possível levar a bicicleta em todo o transporte público da cidade, mas leve em conta que nem toda estação de metrô e BART tem elevador. Eu tinha minha própria bike e fui até os arredores da ponte de ônibus – que são devidamente preparados para carregar as magrelas na dianteira, em cima do para-choque.
Não faltam opções de aluguel de bicicletas nos arredores do Ferry Building, onde fica o terminal de barcas e você chega de metrô ou BART. Ou no Fisherman’s Warf, um lugar do qual, nas demais ocasiões, aconselho você a fugir. As locadoras de bicicletas oferecem mais ou menos os mesmos preços e serviços: bikes de carbono, alumínio ou elétricas, com uma cestinha na frente para guardar seus pertences, capacete, locker e um mapinha com as distâncias e principais atrações do percurso. Há também a possibilidade de fazer passeios guiados. Algumas opções de empresas são a Bay City Bikes, Blazing Saddles e Bike Rental San Francisco.
Há ciclofaixas na maior parte do trajeto, mas em alguns pedaços você vai dividir espaço com os carros e na ponte, com (muita) gente. Algumas subidas íngremes te esperam até o início da ponte, mas deu pra fazer na raça, sem precisar desmontar da bike. A descida é bem nervosa e sem ciclovia, mas fique tranquilo. Quem tá acostumado com o trânsito e a falta de respeito do Brasil tira tudo de letra. Não são permitidos na ponte: carrinhos de mão, scooters, bicicletas elétricas ligadas, patins e skates.
Você pode iniciar o trajeto no Ferry Building e pedalar ao longo do Embarcadero, passando pelo Fisherman’s Wharf, ou pegar alguma trilha a partir do Presidio Park. Ambas opções são super bem sinalizadas e com várias atrações, como o centro cultural Fort Mason, a Marina de San Francisco e o Palace of Fine Arts. Prepare-se para subir e descer da bike a cada três minutos para babar nos diversos mirantes do caminho. O principal deles fica logo após a saída da ponte, já em Sausalito.
Pague três dólares para estacionar a bicicleta em frente aos ferrys e de um rolé em Sausalito. A cidadezinha é uma graça, muito mais para relaxar que para ‘visitar’ alguma coisa. Depois de todo o esforço, você merece uma degustação de vinhos californianos em alguns dos tasting rooms de Sausalito, como o Baccus and Venus ou o Madrigal. Compre um livro da Joan Didion na Book Passage e sonhe com os veleiros da Marina. Minha escolha para o almoço foi o mexicano Copita, mas não faltam opções refinadas ou experimente o famoso hambúrguer de Sausalito. Dispense o Google Maps: em 10 minutos de caminhada você já se situou na cidade, uma vez que quase tudo fica às margens da Baía.
Pegue sua bike de volta e parta para Tiburón. Você vai pedalar uns 12km, mas a estrada é plana, com ciclofaixa e as subidas e descidas ficaram para trás. Saindo de Sausalito, pare em Galillee Harbour, uma pequena comunidade auto organizada de artistas, criativos em geral, profissionais de náutica e amantes do mar que moram em casas-barco cheias de personalidade. Cada embarcação tem uma placa contando um pouco sobre a embarcação e o dono, mas melhor ainda é puxar assunto com algum dos moradores.
Sausalito abrigou diversos estaleiros durante a Segunda Guerra Mundial, que fecharam logo após o fim do conflito, e os navios abandonados viraram moradia. Galillee é o mais diferentão dos cinco piers, mas há mais de 400 casas-barco em Sausalito, que podem ir do luxo contemporâneo à um navio da Segunda Guerra. Ficou curioso? Aqui neste site tem alguns à venda. Só não se esqueça do meu quarto (cabine?) de hóspedes.
Se Sausalito é pequena, Tiburón é ainda menor e faria até Chuck Norris morrer de fofura. Mais uma vez, a boa é caminhar pelo centrinho, relaxar nos gramados, visitar o comércio local e deixar a pressa da cidade grande do outro lado da Baía. Os mais curiosos podem dar uma espiada na casa do ator Robin Willians – fosse eu rica, também preferiria a tranquilidade al mare de Tiburón à ostentação de Beverly Hills. Se você ainda aguentar um pedalzinho, garanta os likes do Instagram na Hippie Tree, um balanço com uma vista fantástica.
Existem duas linhas de ferry para voltar à São Francisco: a Blue & Gold Ferry, que vai até o píer 41, e o Golden Gate Ferry, que te leva ao Ferry Building. O último é mais central. Compre antecipadamente seu ticket para garantir o lugar (gratuito) da sua bicicleta e chegue com meia hora de antecedência ao terminal. A viagem de ferry é muito mais diversão que transporte público: a vista é lindíssima, a barca passa ao lado de Alcatraz e rolam umas fotos incríveis da ponte e do centro da cidade no entardecer.
Foto capa: Joseph Barrientos – Unsplash
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsOlá, eu li que não é permitido ir com a bike elétrica no ferry. Não pode também na ponte?
Obrigada!
Obrigada pelas dicas preciosas
opa, sempre bem vinda :)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.