Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Sabe aquele date do Tinder que você sai, é simpático, legal e tal, mas assim… não cola? Em muitos países acontece isso comigo: a viagem foi bacana, mas o coração não bateu mais forte. Mas não foi assim com a Albânia. Cheguei lá com tão pouca informação que foi quase um blind date: começou estranho, com generalidades, mas após alguns minutos era como se nos conhecêssemos há tempos. A Albânia me fisgou.
O turismo definitivamente não é o mais desenvolvido nos Balcãs, e estou sendo bastante generosa na constatação. Afinal, temos lá a Grécia, linda, famosa, e sonho de qualquer tia que se preze. A Croácia, nova-rica, destino que é desejo de todos que já fizeram o circuito básico europeu. A emergente Montenegro que, mesmo tão pequena, já entrou no mapa pela lógica “aproveitando que estou na Croácia…por que não?”
A Albânia, não. E como tenho uma certa predileção por patinhos feios do turismo, acabei passando mais tempo lá que nos vizinhos. E posso dizer que a Albânia é a nova estrela: tem um charme ainda meio intocado, resistente. É quem é, sem ter sua essência comprometida. Quer saber por quê?
Peça uma informação na rua. Em dois minutos você já foi levado ao seu lugar de destino, recebeu sorrisos, perguntas sobre seu país e, provavelmente, um convite para um café com bolinho. Só lá você consegue sentir um pouco do que deve ser visitar o Brasil como estrangeiro. Não sei você, mas quando penso nas minhas melhores experiências de lugares, tem muito mais a ver com as pessoas que conheci que paisagens que vi. E lá você conhece um mais fofo que o outro a cada esquina.
Diferente dos vizinhos balcânicos, que recebem milhares de turistas diariamente, os albaneses ainda são muito curiosos com o que vem de fora. A famosa síndrome-do-vira-lata que atinge nosso próprio país tupiniquim é verdade também lá: não se surpreenda se questionarem o porquê diabos você foi parar lá (eles não entendem!). A hospitalidade é tanta que às vezes nosso espírito cínico pergunta se estão tentando vender algo ou dando em cima de você – é preciso alguns dias para se acostumar com a generosidade albanesa. Aos poucos você vai ficar à vontade para comer bolinho, pegar carona, e aceitar convites que não está acostumado.
Do branco da neve das montanhas ao vermelho dos campos de papoula, em menos de uma hora de carro o cenário ao seu redor muda completamente. Você pode visitar Durresi, a cidade mais antiga, com mais de três mil anos, com seus muros e castelos; ou Girocastra, a “cidade de pedra”, patrimônio da UNESCO.
Na costa do Adriático, milhares de pequenas praias e balneários com a mesma água que fez a fama da Croácia. Shkoder é o portão de entrada para os Alpes da Albânia, com muito esqui no inverno, e onde começou a civilização iliriana. Já no Mar Jônico, há pérolas como Ksamil, de culinária e cultura fortemente influenciada pela Grécia.
Imagine você passear por toda seção da arte grega, romana e etrusca do Museu do Louvre, sem absolutamente um ser humano ao seu lado. É mais ou menos essa a sensação de andar no Museu de Tirana. Com o custo de entrada de 2 reais, é provavelmente o museu mais subvalorizado do mundo. A Albânia fez sérias escavações do período paleolítico – e dá até um pouco de aflição quando você vê os (raros) guias pegando na mão as primeiras ferramentas de bronze, que datam de dois mil antes de Cristo, ou instrumentos medievais (se fosse no British Museum, estariam atrás de sete vidros blindados).
A Albânia, antes Ilíria, foi conquistada pelos romanos, e depois fez parte do Império Bizantino. Foram invadidos pelos germânicos e pelos búlgaros. Mas foi só no século 13 que foram conquistados efetivamente pelos sérvios, seguidos pelos turcos. O país só foi conquistar sua independência no século 19. A influência dessas diversas culturas deixaram rastros arquitetônicos, artísticos e culturais únicos.
Senta que lá vem história: a democratização da Albânia começou em 1990 e avançou em ritmo célere ao longo de 1991. O colapso do comunismo – que ameaçava provocar a desintegração política, social e econômica do país – refletiu-se num episódio de fevereiro de 1991, quando uma multidão derrubou, na praça principal de Tirana, a estátua de Enver Hoxha. É importantíssimo entender a época comunista para entender os rastros dela na cultura.
Há muito pouco tempo a infra-estrutura era, literalmente, um lixo. Sucateada mesmo. Mas o sistema de transportes ou telecomunicação, por exemplo, mudaram radicamente nos últimos anos. Desde o colapso do regime, muitos dos ícones importantes do comunismo permanecem, como murais e estátuas no centro da cidade, ou a pirâmide, construída para ser um mausoléu. A Albânia foi um dos únicos países em que ser ateu era obrigatório, e só recentemente templos e igrejas estão sendo construídos.
Por isso cafés, negócios, restaurantes, são tão novos no país, e isso também explica a má reputação da Albânia entre quem a visitou não tão recentemente.
Pensa num lugar barato. Os preços da Albânia são praticamente metade da Croácia ou Grécia. Alguns exemplos: um hostel boutique bem fofo, com café da manhã, custa 8 dólares. Um bom hotel 4 estrelas por 60 dólares. Jantar nos segundo melhor restaurante de Tirana segundo o TripAdvisor, com direito a entrada e uma taça de vinho, custou também 8 dólares (em tempo: o vinho local é bem bom!). Transporte sai pelo menos 50% menos que o valor da Croácia pela mesma distância, e comida nos mercados é um preço meio irrisório…
Pessoas fofas e preços módicos são suficientes para convencer a visitar qualquer país! É hora de ir antes que descubram, e a hora é agora. #PleasecometoAlbania
Vai para lá? Não esqueça de checar nossos guias das Ilhas Gregas, Croácia e Sarajevo
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsCaraco… algum RETORNO poderia haver.
E valeu pela 1a/usei num TRABALHO ARTESANAL.
Valeu pelas dicas.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.