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As boas do fim de semana no Rio: 23.02

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Data

22 de February, 2018

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Três Anúncios para um Crime

Espertamente, “Três Anúncios para um Crime” tenta se esquivar do aprisionamento a um gênero rígido. Filme sobre culpa e perdão, traz um toque de humor a sua trama policial, pincelada por críticas sociais. A protagonista parece resultado da atual discussão sobre papéis femininos e sua histórica dependência, especialmente em Hollywood, de salvadores masculinos. Mildred Hayes – vivida com o brilho costumeiro por Frances McDormand – rompe a sina e se recusa a ser salva. Mulher num mundo de homens, decide provocar aqueles que se calaram, ou pouco fizeram, diante do brutal assassinato da filha. Assim, após meses de espera, aluga três outdoors abandonados e ali conclama por justiça. A cidadezinha se revira. Colérica, ela se rebela e enfrenta cada opositor com violência de gestos e verbos – sua resposta ao apelo de um padre é especialmente inspirada. O contraste com um breve flashback mostra como Mildred mudou fisicamente após a morte da filha, adotando uma fisionomia-armadura na qual se trancafia. O longa ganha fôlego ao apostar em personagens imprevisíveis (o policial maluquinho de Sam Rockwell é outro exemplo), embora jamais resultem inverossímeis. Num dado momento, “Três anúncios” promove o encontro de Mildred com um cervo, o que leva a protagonista ao encontro da emoção guardada. É curiosamente fora de tom, ainda mais levando em conta que outros filmes – “Tudo o que o céu pode esperar” (1955), de Douglas Sirk, e “A rainha” (2007), de Stephen Frears – utilizaram recursos parecidos com melhor efeito. Em tempo: McDormand é a favorita para levar seu segundo Oscar de melhor atriz. O primeiro foi conquistado por “Fargo” (1996), longa que ainda povoa e instiga espectadores por aí. Será que “Três Anúncios” também sobreviverá ao tempo?

Três Anúncios para um Crime. Várias salas e horários. Confira a programação aqui.

O Jornal

“O Jornal”: fato ocorrido na Uganda em 2010 inspirou a criação da peça | Foto: Ana Branco/Divulgação

Um triste episódio ocorrido na Uganda, país onde a homossexualidade é crime, conduz os desdobramentos da peça dirigida por Lázaro Ramos e Kiko Mascarenhas. Em 2010, um jornal da capital do país africano publicou nomes e endereços de cem homossexuais, numa incitação à violência. A intolerância é redimensionada na relação de três irmãos que tentam reconstruir suas vidas após a morte do pai: um deles se apaixona por um rapaz; outro se torna pastor. O conflito explode na casa, enquanto a capital vive tempos mortos na caça aos gays. É o último fim de semana do espetáculo no Poeira.

O Jornal. Quinta-feira a sábado, às 19h. Domingo, às 19h. Em cartaz até dia 25.02. Ingressos a R$ 80.
Teatro Poeira. Rua São João Batista, 104 – Botafogo.

Pequena Grande Vida

Existem atores cujo talento é capaz de colocar o filme nos trilhos do encantamento perdido. É a pouco conhecida Hong Chau quem faz isso por “Pequena Grande Vida”, que tem Matt Damon como estrela e chamariz de bilheteria. A assinatura do diretor Alexander Payne já seria suficiente para aguçar a curiosidade sobre o resultado, afinal ele é uma das forças criativas responsáveis por “Nebraska” (2013), “Os Descendentes” (2011) e “Sideways” (2004). Esses filmes do circuito independente norte-americano são dramas cômicos – ou comédia dramáticas – que se desenvolvem a partir de conflitos íntimos entre familiares e/ou amigos. Aqui, o orçamento mais parrudo (quase 70 milhões de dólares, certamente o maior da carreira de Payne) possibilitou a criação de uma história ambiciosa em termos de cenários e locações. A delicadeza amarga presente em seus outros trabalhos, contudo, está diluída. A possibilidade de encolhimento de pessoas, o ponto de partida de “Downsizing” (seu título original), se esgota apenas nos truques visuais e jamais aprofunda a discussão que sugere sobre alteridade e compromisso com o futuro do planeta. A chegada de Hong Chau na pele de uma imigrante vietnamita dá, enfim, uma alma a esse filme morno. Não é pouca coisa.

Pequena Grande Vida. Várias salas e horários. Confira a programação aqui.

Para Onde Ir

É a quinta temporada deste monólogo, construído a partir da obra de Fiódor Dostoiévski e Arthur Rimbaud. A costura dos autores molda a personalidade de um desempregado alcoólatra, ex-funcionário público. Em cena, ele acompanha a chegada de fregueses a uma taberna e conta as desventuras de sua vida. O público é convidado a entrar nesse estabelecimento rudimentar, beber uma dose de cachaça e/ou café, comer amendoim e ouvir os lamentos do pobre Marmieládov, papel de Yashar Zambuzzi, responsável também pela adaptação.

Para Onde Ir. Sexta-feira e sábado, às 19h. Domingo, às 18h. Em cartaz até 18.03. Ingressos a R$ 30.
Teatro Laura Alvim (Sala Rogério Cardoso). Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema.

Peraí, que tem mais

Na onda do sucesso de “Lady Bird”, dirigido e escrito por Greta Gerwig, vale a pena ver ou rever o filme que a instalou de vez no circuito indie: “Frances Ha” (2012). Ela protagoniza e divide o roteiro com Noah Baumbach, diretor do longa e de quem é parceira habitual. De certa forma, Frances é uma Lady Bird já mais velha, que agora vive em Nova York uma nova etapa rumo ao amadurecimento. É uma graça e está disponível na Netflix.

“Frances Ha”. Ver aqui.

Data

22 de February, 2018

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Filipe Isensee e Gustavo Cunha

Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.