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Valle Nevado – A maior estação de esqui dos Andes

Quem escreveu

Renato Salles

Data

16 de July, 2019

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Até meados dos anos 90, quando o brasileiro pensava em esquiar nas férias de julho, o nome que sempre pipocava na cabeça era Bariloche. Hoje, tão ou mais popular que a estação argentina, o Valle Nevado virou o destino ideal para quem quer descansar na neve aqui pelas bandas do sul. Construído em 1988, por uma parceria franco-chilena, e baseado no projeto da estação Les Arcs, na França, o Valle Nevado tem características que fazem dele um destino certeiro. Para começo de conversa, fica pertinho de Santiago, então chegar lá é muito fácil e rápido. Segundo, o resort fica a mais de 3.000 metros de altitude, ao pé do pico El Plomo (5.430m), e a região tem precipitação média de neve anual de mais de 5 metros. Fora isso, a área esquiável é de 40 quilômetros de extensão com cerca de 40 pistas, sendo que 10% são para nível principiante (cor verde); 36% para nível intermediário (cor azul); 33% para nível avançado (cor vermelha); e 21% para experts (cor preta).

Muita gente vai até o Valle Nevado só para passar o dia, conhecer a neve, e se arriscar rapidinho no esqui. Mas o Valle Nevado é um lugar realmente especial, então só passando uma semana inteira lá para experimentar todas as delícias do alto dos Andes. Esse guia traz todas as dicas preciosas para você aquecer suas férias na neve.

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O Básico

Viagens de esqui começam pela arrumação da mala. Nós já falamos sobre como montar o kit de roupas de esqui aqui. Se quiser sair do Brasil com tudo comprado, um lugar que tem peças simples, mas funcionais para uso ocasional, a preços acessíveis é a megaloja Decathlon. Mas em Santiago dá para encontrar uma variedade enorme de lojas e marcas diferentes, então as opções aumentam muito. Inclusive, no caminho para o Valle Nevado, antes de sair da cidade, tem um shopping inteiro só de lojas de esporte chamado Mall Sport. Lá você acha muitas marcas de qualidade, mais barato que no Brasil, mas mais caro do que a Decathlon. Dá para pesquisar e conseguir boas promoções por lá.

Se você vai esquiar só para testar e não garante que vai querer voltar, nesse caso o ideal é pegar a roupa emprestada de algum amigo, ou alugar uma. Muitas agências de turismo têm pacotes completos para passar o dia que incluem traslado, aluguel de equipamento e roupas, ski-pass e aulas. Lá no Valle Nevado, além de alugar o equipamento, você também consegue alugar as roupas e capacete, mas você tem que levar pelo menos as camadas de baixo. Faltou alguma peça? Não tem problema. Lá no resort mesmo tem um monte de lojas com roupas e equipamentos, mas a chance de conseguir bons preços é menor. Então lembre-se, uma boa meia comprida de lã (até o joelho) quente e uma segunda pele completa sempre valem o investimento.

O que você não pode esquecer é de passar um protetor solar forte – pelo menos FPS 50 – todos os dias, pois o sol, junto ao reflexo dos raios na neve branca, e o ar rarefeito da altitude fazem a radiação solar ser bem poderosa. Óculos escuros são bons para os dias muito limpos, já que ninguém quer almoçar com óculos de esqui. E um protetor labial pode salvar vidas nos dias mais frios. Um dos melhores, e muito fácil de achar no Chile, é o Blistex. Outras dicas preciosas para ter uma viagem sem perrengue a gente colocou aqui.

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A moeda, como em todo o país, é o Peso Chileno. Se bem que dinheiro é uma coisa que quase não se vê por lá. Quem está hospedado nos hotéis pode simplesmente assinar a conta na maioria dos bares e restaurantes e pagar tudo no check-out, que pode ser pago inclusive em dólares. Os poucos que não são parte do complexo aceitam cartões de crédito.

Se você acha que teu portunhol está mais para porto do que para nhol, não se preocupe. Quase 70% dos hóspedes do Valle Nevado hoje são brasileiros. Por causa disso, praticamente todos os funcionários falam português decentemente. Inclusive os professores da escola. O site oficial também tem a bandeirinha verde-amarela para ajudar.

Transporte

Saindo de Santiago, o caminho de 60km demora mais ou menos 1h30, mas o trajeto é bem, bem sinuoso mesmo. Estômagos fracos podem sofrer. Além disso, nesse curto período de tempo, você sobe cerca de 2.700 metros. Não é o caso de ter o temido ‘mal da montanha’, porém muita gente fica com um pouco de dor de cabeça, enjôo ou tontura. Então o melhor é chegar com calma, evitar muita agitação nas primeiras horas e – por que não? – tomar um bom pisco sour. Dizem que ajuda. Um pouco de paracetamol também resolve a dor de cabeça e muita água.

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O mais fácil é mesmo fechar um traslado da capital até lá. Os hotéis têm o serviço para contratar, as agências de turismo oferecem, e com certeza vai dar menos dor de cabeça. Táxis e Ubers também são uma opção, mas o preço é fechado antes. Prepara a lábia para negociar. Algumas pessoas preferem alugar um carro para subir, mas isso não é recomendado para quem não está acostumado a dirigir na neve. A estrada até Farellones, vila logo abaixo do Valle, tem 40 curvas fechadíssimas, e você não quer derrapar nenhum centímetro por lá. Quem quiser se arriscar mesmo assim, deve aprender a colocar correntes nos pneus e pesquisar sobre os horários de subida e descida da estrada, que tem as pistas direcionadas em um sentido só em alguns períodos do dia.

Chegando lá em cima, você não precisa se preocupar com rodas. Teus únicos meios de transporte vão ser mesmo seus pés, seus esquis e os lifts.

Hospedagem

O Resort é bem pequeno se comparado à área que ocupa. São 3 hotéis de categorias diferentes e alguns prédios de apartamentos que podem ser alugados, tudo concentrado em um platô pequeno. Por isso você acaba encontrando com todo mundo que está hospedado lá o tempo todo. Os apartamentos, que hospedam de 2 a 8 pessoas, tem as desvantagens de estarem mais afastados da entrada das pistas e dos restaurantes, e contam apenas com um mini-mercado para emergências. Então as compras de supermercado devem vir de Santiago. Os hotéis, portanto, além de mais confortáveis, ainda oferecem comodidades como assinatura de contas de refeições, depósitos para equipamento de esqui e meia-pensão: café-da-manhã e jantar inclusos nos restaurantes do grupo. Os 3 hotéis são:

Tres Puntas: é o mais simples de todos, com 3 estrelas. É também o mais barato. Isso não quer dizer que é menos confortável. Os quartos são relativamente espaçosos, todos tem banheiro privativo, serviço de quarto, etc. É o mais procurado pelo povo mais jovem, por ter quartos triplos e quádruplos com beliches, e por isso mesmo é o que tem a programação mais agitada.  Fica a 150m das pistas, distância que, depois que você acostuma com as botas malditas, você percorre sem perceber.

Puerta del Sol: a opção intermediária é também o maior e mais conhecido. Com 4 estrelas, esse tem opções de quarto com varanda e vista para as pistas, quartos com mezanino, e quartos conjugados para quem vai com a família. Além da vista, o grande atrativo desse hotel é o acesso direto à piscina aquecida. Também está só a 50m das pistas e pertinho das lojas e restaurantes. E quem fica lá pela semana inteira, ainda ganha um massagem corporal de brinde.

Valle Nevado: o único 5 estrelas e mais indicado para casais em lua-de-mel. Os quartos tem todos mais de 40m2, com sala de estar e terraço, e vistas para as pistas ou para a montanha. O acesso às pistas é direto do lobby. Também é nele que fica o espaço fitness e o spa (aquela deve ser a academia com a melhor vista do continente!). Quando a temperatura lá fora é negativa, é uma maravilha poder sair da malhação suado sem pegar um golpe de vento congelante. Claro que esse é o hotel mais caro de todos, mas quem não quer uma auto-indulgência dessas uma vez ou outra?

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O Hotel Tres Puntas tem vista para as montanhas – foto: Renato Salles

Comer e beber

O Valle tem um monte de opções de restaurantes e bares, então quem fica por uma semana não vai ter tempo de enjoar de nada. Fora que cada um deles tem um tipo de comida diferente, para agradar a todos. Cada hotel tem um pacote diferente de restaurantes incluso na meia pensão. Isso quer dizer que neles você não paga a comida no jantar, só o que beber e o serviço. O café-da-manhã é sempre no hotel que você está hospedado.

A dica importante é que para evitar lotação, filas e dor de cabeça, todos os restaurantes trabalham com reservas. A central de reservas é centralizada, e você só precisa ligar para lá e dizer qual o restaurante e o horário que quer ir. O serviço funciona até as 17h, então é mais garantido se você reservar antes de sair para as pistas. Dá para ligar do quarto, do lobby, ou até pedir para o concierge fazê-lo. Se esquecer, não se preocupe porque sem jantar você não fica. Só talvez tenha que se contentar com o lugar que estiver mais vazio.

No último ano, toda a cozinha do Valle foi repaginada pelo novo chef geral Mauricio Valdovino. Sob seu comando, a qualidade dos restaurantes foi nivelada por cima. Se antes alguns deles entregavam experiências bem superiores a outros – o que podia te levar a enjoar um pouco pela repetição – agora você pode circular confiante de que vai comer bem.

Na neve, todo mundo imagina que vai comer que nem louco e vai engordar, mas quem esquia na verdade faz muita atividade física, por horas e horas todos os dias, e acaba emagrecendo. Fora isso, o frio está sempre ali congelando as pontas dos dedos e das orelhas. Por isso, ninguém escapa lá de tomar alguns drinks e um bom vinho chileno. Praticamente todos os bares e restaurantes tem a mesma seleção de cervejas, com algumas opções locais artesanais ótimas, algumas importadas e destilados. Mas cada um tem uma hora boa para frequentar. Você vai pegando o jeito com o passar dos dias.

As opções para comer e beber no Valle Nevado são:

Sur: fica no andar do lobby do hotel Tres Puntas. A cozinha é contemporânea, mas com traços fortes da culinária andina. Tem boas opções de carnes e peixes, sempre com acompanhamentos interessantes e sobremesas elaboradas. O serviço é muito atencioso, e tem uma boa carta de vinhos.

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Truta recheada com lingüiça e queijo de ovelha sobre risoto de trigo, do Restaurante Sur

Mirador del Plomo: no hotel Puerta del Sol, esse restaurante trabalha com um sistema de buffet, que pode confundir um pouco. Em um canto perto da entrada, uma variedade grande de saladas, guarnições e petiscos bem gostosos. Em uma ilha no meio dos dois salões, uma equipe fica à disposição para preparar na hora o que você pedir, de massas a frutos do mar, de peixes a vários tipos de carne. As sobremesas, também fartas, ficam no fundo do salão de trás. Talvez por tanto levanta-senta, esse é também o que fica mais vazio, então pode ser um bom quebra-galho no dia que você esquecer de fazer reserva.

La Fourchette: como era de se esperar, o hotel Valle Nevado tem um restaurante mais requintado. Esse francês tem um ambiente muito elegante e bem decorado, serviço impecável e um cardápio exuberante. É engraçado ver todo mundo meio desengonçado jantando num lugar tão fino, já que ninguém se produz muito para jantar em uma estação de esqui. Mas é a melhor opção para quando se vai comemorar alguma data especial, ou para um jantar mais romântico.

Monte Bianco: num frio desses, impossível não querer se render a uma boa massa. O único restaurante italiano foi o que mais recebeu upgrade, mudando inclusive de nome. Se antes ele lembrava uma cantina, agora o Monte Bianco tem um ambiente mais clássico e refinado, mas ainda bem amplo. Fica em frente à piscina aquecida. As pizzas são bem gostosas, com massa bem fininha, mas é difícil resistir aos risottos, à lasanha, e à enorme costela. De entrada, além das opções do cardápio, uma mesa com queijos, embutidos, azeitonas e mais fica a disposição para você se servir.

La Leñera: apesar de não fazer parte do grupo de restaurantes dos hotéis, provavelmente é um que você vai frequentar. Isso porque fica bem em frente à entrada das pistas, o que faz dele o lugar ideal para almoçar, fazer um happy hour, ou sentar um pouco que seja para esticar as pernas e tomar uma água. Tem um clima de bar da montanha, mas com boas opções de comida. Experimente uma vez pelo menos a sopa no pão (sabendo que sopa por lá é um picadinho de carne em um caldo grosso delicioso). Agora, se você se acha bom de garfo, pode tentar encarar o Desafío La Leñera: um hambúrguer de 30cm de diâmetro que você não precisa pagar se comer sozinho em 30 minutos.

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E aí, encara sozinho o Desafío La Leñera?

Bar Lounge: exatamente em cima do La Leñera, esse bar tem uma vista privilegiada da montanha, e pode ser uma boa opção para almoçar também, pois tem um cardápio bom, e mesas do lado de fora no deck. Agora, o forte mesmo é no après-ski, quando eles acendem a lareira que fica bem no meio dos sofás. Esse é o melhor lugar para tomar drinks, apesar que o bloody mary estava excepcional num dia, e fraco no outro. Fique de olho porque eles fazem algumas degustações de vinho no fim da tarde sem aviso prévio.

Bajo Zero: os mais empolgados com as pistas vão gostar dessa lanchonete, porque ela fica bem no meio da montanha, e funciona no esquema fast-food: pede no caixa e leva a bandeja para a mesa. Sanduíches, pizzas, hot-dogs, crepes, sopas, cafés, chocolates quentes e cervejas para comer rápido e não perder tempo de esqui. A última adição no Bajo Zero foi um quiosque do bar La Leñera no deck externo, onde uma grelha gigante roda o dia todo com um churrasco de dar água na boca.

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O hotel Puerta del Sol e o deck do Bar Lounge

Bar Valle Nevado: dentro do hotel mais chique, claro que esse bar é o ideal para os apreciadores de vinho. A carta é extensa e você tem boas opções para degustar.

Bar Puerta del Sol: no mezanino do hotel de mesmo nome, esse bar costuma encher de gente quando as pistas fecham porque eles juntam os drinks com música ao vivo e algumas guloseimas para se servir. O povo se espalha pelos muitos sofás e poltronas e passa horas lá bebendo.

Pub Tres Puntas: quando dissemos que esse hotel era do pessoal mais jovem, grande parte se dá por conta desse bar. Com uma decoração meio kitsch e uma iluminação mais escura, é aqui que acontece o ‘agito’ do Valle. Cada noite tem uma programação diferente, e é lá que os mais animados ficam até a madrugada bebendo, dançando e jogando sinuca.

Diversão

Nem só de esqui vive um resort na neve. Por isso o Valle Nevado tem um monte de opções para quem já saiu da montanha, ou para que nem quis chegar nela. A mais conhecida, óbvio, é a piscina aquecida em um deck no meio dos hotéis, com uma vista espetacular das montanhas em volta. Lá fora temperaturas negativas, e lá dentro a água sempre em torno de 36 graus. Um armário de toalhas fica a disposição dos hóspedes dos três hotéis, e uma fogueira ajuda a esquentar quem já saiu. E dependendo da hora, um DJ transforma a piscina numa baladinha.

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A piscina fica aberta das 9h da manhã até as 22h da noite – foto: Renato Salles

Falando em balada, falamos que o Pub Tres Puntas tem uma programação diária para animar as noites. Todos os dias eles preparam uma atração para quem quer esticar. Tem a noite do karaokê, tem bingo, show de banda de rock ao vivo, e até cassino. Eles geralmente vêm até as mesas entregas a programação no jantar, mas se quiser saber antes, os concierges tem sempre todas as informações.

Numa pegada bem mais calma, todos os dias na área fitness tem aulas de yoga e alongamento gratuitas, sempre de manhã e no fim da tarde. É uma boa para esticar aqueles músculos que doem e que você nem sabia que existiam. Se o esqui não foi suficiente, ainda tem esteiras, bicicletas, e mais um monte de equipamentos para os que não dispensam a malhação. Ali do lado ainda tem o spa, que tem uma variedade enorme de tratamentos: massagens variadas, drenagem linfática, aromaterapia, peeling, sauna, envolvimento em algas, bar de oxigênio, manicure, banho de parafina e mais.

A criançada não vai ficar entediada porque eles tem uma programação especial desde cedo. O Kids Zone no Puerta del Sol tem monitores fazendo todo tipo de atividade como brincadeiras, jogos, aula de culinária e mais. Perto da escola, tem workshops de bonecos de neve, quando ela está boa. E a noite o cinema 3D passa os últimos filmes de animação.

Esqui & Snowboard

Vamos ao que interessa, já que mais de 90% das pessoas que sobem para o Valle Nevado vão com o intuito de esquiar, ou fazer snowboard. O Valle tem pistas para todos os tipos e gostos. 10% são para iniciantes, o que não é pouca coisa e mesmo quem não sabe nada e morre de medo vai se divertir. Os mais escolados podem se aventurar em pistas de neve fofa, bumps, ou até snow parks, áreas exclusivas para a prática de pulos e acrobacias.

As pistas seguem a gradação internacional e são dividas entre verdes (iniciantes), azuis (intermediários), vermelhas (avançados) e pretas (experientes). Na maioria dos picos tem mais de uma opção de pista com dificuldades diferentes, para que todo tipo de esquiador possa descer. A parte da frente da montanha, até o Cima Mirador, tem pistas mais tranqüilas, mas mais cheias. As costas da montanha tem os picos mais altos, com pistas geralmente vazias, mas mais íngremes. Quem conseguir chegar ao outro lado tem que subir no Cima Tres Puntas. Esse pico, a 3.670m de altitude, tem uma vista incrível de todo o vale. E do Cima Andes (3.485m) é possível ver Santiago lá embaixo.

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Dá para ver a cidade lá?

O pacote do hotel te dá direito a um passe para as pistas, um cartão que você deixa no bolso da calça de esqui, e quando você passa pelas catracas dos lifts ele te libera. Ele só dá direito à área do Valle Nevado. Mas você pode pagar extra para ter direito às extensões até as estações vizinhas, La Parva e El Colorado. O acesso é feito por trilhas esquiáveis a partir das próprias pistas do Valle.

Recentemente, o Valle Nevado passou a fazer parte do seleto grupo do Ikon Pass. Esse passe internacional te dá acesso a 39 estações de esqui no Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e agora Chile. Com o passe de 2019, você tem direito a 7 dias de passe livre no Valle Nevado, além de descontos na hospedagem.

As aulas são contratadas separadamente, e você pode optar por várias modalidades. Tem aulas particulares e em grupo, esqui ou snowboard, crianças, freestyle (saltos), freeride (off-pist), e até aulas para deficientes físicos. Sim, de todos os tipos: cegos, amputados, paraplégicos, tetraplégicos e pessoas com síndrome de Down. Os instrutores são muito bem preparados para ensinar qualquer tipo de esquiador, e é impossível sair sem aprender. Você pode marcar suas aulas diariamente, mas corre o risco de pegar o dia seguinte cheio, então o melhor é fechar pacotes. Além de tudo sai mais barato. Para se aprender o suficiente para descer pistas vermelhas com segurança, pelo menos 3 aulas são o ideal.

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O professor Patan dando aula

A Valle também oferece saídas de randonée, onde o equipamento é usado para subir a montanha a pé. A técnica da subida parece com esqui nórdico e como é fora das pistas demanda um esquiador que sabe lidar com neve off-pist. É um bom jeito conhecer as montanhas além do resort, vistas incríveis e a satisfação de ter conquistado a descida. São oferecidas para grupos de 3 ou 4 pessoas e custam de 145.000 a 165.000 pesos. Quando estivemos por lá, por não formar grupo, as saídas foram com uma das professoras/guias. Por isso, e por ter já equipamento próprio, o custo saiu o mesmo que aulas particulares.

Heli ski é para quem realmente esquia fora das pistas, um helicóptero leva alto e o grupo desce esquiando. Não é para iniciantes e incluso no pacote tem um guia de montanha e equipamento de segurança (até airbag de avalanche tem). Com um grupo de 4 pessoas, o custo para subir 2 vezes sai 1277 USD por pessoa em julho e setembro, enquanto agosto sai um pouco mais barato, 971 USD por pessoa.

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El Plomo, o pico mais alto do Valle

Se você não for muito dado aos esportes radicais, não precisa ficar confinado às dependências do hotel. A novidade da temporada de 2019 são os passeios de raquete. Essas peças de plástico são amarradas às solas da tua bota, e com elas você consegue travar o pé na neve sem escorregar. É uma ótima pedida para quem não esquia conhecer os pontos mais altos da estação.

Quem não quiser passar a semana por lá, mas quiser pelo menos passar o dia, pode deixar o carro no estacionamento que fica 1km para baixo da área dos hotéis. Lá dá para comprar o passe para um dia, alugar equipamentos e ainda pegar o único teleférico de gôndola, que te deixa no restaurante Bajo Zero, e ao lado da escola.

No verão

O resort fica aberto durante todo o inverno. A temporada vai geralmente do fim de junho até fim de setembro, se extendendo até outubro em anos com bastante neve. Isso não quer dizer que não haja andorinha no verão no Valle Nevado. Sem neve, a área da estação é formada basicamente por pedra, mas as atividades continuam mesmo assim. O trekking é a atividade mais procurada, já que as caminhadas levam aos cumes mais altos da região. Além do El Plomo, também é possível chegar às montanhas La Paloma (4.910m) e El Bismarck (4.650m), de onde se tem uma vista excepcional do Valle de Molina e do Rio Olivares. Fora isso, recentemente foi criado um bike park para quem curte mountain bike e tem fôlego para pedalar a essa altitude.

Voltando ao inverno, se você for curtir uma boa temporada de esqui, montamos uma playlist que combina com a neve.

*Fotos: Ola Persson e Renato Salles

Atualizado em julho de 2019

Quem escreveu

Renato Salles

Data

16 de July, 2019

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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