Gastronomia, cultura, arte, música, diversão, compras e inspiração na Selva de Pedra. Porque para amar São Paulo, não é preciso firulas. Só é preciso vivê-la.
Muso comunista, adorável vagabundo do humor mortadela, Gregório Duvivier revisita o mito grego de Sísifo neste monólogo. O espetáculo, que está em seu primeiro fim de semana em cartaz, marca a primeira colaboração do artista com Vinícius Calderoni, que assina a direção. O texto é dos dois. Se ainda não se lembrou do mito, a gente conta e reconta, conta e reconta, conta e reconta. A onda aqui é mesmo a repetição, pois o grande Sísifo era aquele carinha condenado a empurrar uma pedra até o topo da montanha para, enfim, vê-la rolar. Lembrou? A piração nasce daí, envolvendo gifs e memes, em 60 cenas curtas que reforçam um ciclo vicioso. O Brasil, com seus ciclos e vícios, está em cena. Curiosos. Estamos. Sim!
Sísifo. De quinta-feira a sábado, às 21h. Domingo, às 19h. Em cartaz até 08.09. Teatro Prudential. Rua do Russel, 804 – Glória.
A Ponte
É a sina da cena: algumas peças entram em cartaz, outras deixam o palco. Uma das despedidas deste fim de semana é a “A ponte”, elogiado drama com Maria Flor (agora substituída por Lillian Rovaris), Bel Kowarick e Debora Lamm. O texto do canadense Daniel Maclvor – famoso por obras como “Cine Monstro”, “À primeira vista” e “In on It” – aborda a relação de três irmãs separadas pelas circunstâncias da vida e que são obrigadas a se reencontrar para enfrentar a iminente morte da mãe. A troca de carinho e amarguras vai do riso ao pranto, sem espanto, na urgência de criar um novo caminho para a vida. O diretor Adriano Guimarães foi indicado ao Prêmio Shell (São Paulo) na categoria direção. Para fechar a temporada, a peça vai ser apresentada em duas sessões, às 17h e às 19h30, no domingo.
“A ponte”. De quinta a segunda, às 19h30m (sessão extra no domingo, às 17h30). Em cartaz até 12.08. Ingressos a R$ 30. Classificação: 12 anos.
CCBB (Teatro II). Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.
Agosto
É a sina da cena, sim: algumas peças entram em cartaz, outras deixam o palco, mas muitas, muitas, voltam. E, vejam só, “Agosto” retorna em pleno agosto. Já falamos da peça, uma das nossas favoritas de 2018, em outros guias, mas vale demais o eco de um repeteco. O espetáculo acompanha uma família às voltas com a morte, a solidão e o desamparo. A morte do patriarca é o motivo para uma reunião indigesta de mãe, filhos, tios e irmãos. Para o delírio da plateia, a roupa suja é lavada entre silêncios e gargalhadas, num equilíbrio difícil. A despeito do elenco irregular, Guida Vianna brilha no papel de uma mãe carrasca. Na adaptação para o cinema, quando foi rebatizado por aqui de “Álbum de família”, este mesmo papel coube a Meryl Streep.
“Agosto”. Sexta-feira e sábado, às 20h. Domingo, às 19h. Em cartaz ate 25.08. Ingressos a R$ 60. Centro Cultural João Nogueira – Imperator. Rua Dias da Cruz, 170 – Méier.
Simonal
Após protagonizarem o bem-sucedido “Faroeste Caboclo” – versão para o cinema da música homônima do Legião Urbana -, Fabrício Boliveira e Isis Valverde voltam a contracenar em “Simonal”. O filme dirigido por Leonardo Domingues e escrito por Victor Atherino conta a história do cantor Wilson Simonal, acompanhando sua ascensão e queda, quando o artista foi acusado de delatar colegas ao DOPS no período da ditadura militar. O excelente Boliveira faz o papel-título. O longa foi apresentado no Festival de Gramado no ano passado e saiu de lá com três kikitos.
Filipe nasceu em Salvador, mudou-se aos 9 anos para Belo Horizonte e, aos vinte e poucos, decidiu encarar o Rio de Janeiro. Há quatro anos conheceu Gustavo, cria da capital fluminense. Jornalistas culturais, gostam de receber amigos em casa e ir ao cinema. Cada vez mais são adeptos de programas ao ar livre - sempre que podem, incluem no passeio Chaplin, esperto vira-lata adotado há um ano.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.