Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A edição de 2023 do Meca Inhotim aconteceu no começo de agosto, e reuniu mais uma vez artistas de peso e muita gente bacana no meio das obras de arte e da natureza exuberante de Inhotim. Nosso colaborador Fabio Allves esteve lá e nos conta como foi.
Posso me considerar um privilegiado. Apesar da conotação negativa que essa palavra carrega, não posso expressar de outra forma como foi receber o convite para estar lá e poder contar como foi a edição de 2023 do festival Meca Inhotim, que já entrou para o calendário fixo de festivais brasileiros. Aproveito para agradecer o Chicken Or Pasta pelo espaço, o apoio da agência Lema (Leandro e Isabella Battistoni), assessoria do festival, e a intermediação do querido Kim Olivier, responsável por comunidades do MECA.
O MECA Inhotim é um festival que acontece desde 2010 na cidade de Brumadinho (MG), à 59 km de Belo Horizonte, onde reúne-se o melhor da música latino-americana, pessoas, cultura, comida e claro da arte contemporânea dentro do Instituto Inhotim, com suas 24 galerias de arte, 9 jardins, 30 destaques botânicos, 25 obras ao ar livre de artistas consagrados, 2 restaurantes, 6 cafés e lanchonetes. Não a toa, é considerado o maior museu ao ar livre do mundo. E é impressionante, recomendo que todo mundo que tiver essa oportunidade de conhecer, vá!
Agora falando sobre o festival dentro do Inhotim, preciso ressaltar e me aprofundar em algumas questões básicas no festival para um marinheiro de primeira viagem, entre elas algumas escolhas minhas, como o deslocamento entre cidades, o horário dos transfers oferecido pelo festival, e algumas informações legais, coisas que vivi e vim aqui contar para vocês.
O primeiro ponto, o deslocamento de Belo Horizonte para Inhotim é complexo, com dois caminhos possíveis em estradas que não são as mais incríveis. Mesmo não dirigindo, percebi um dia voltando na madrugada de Uber que a estrada não é tão boa, lotada de lombadas e um caminho que passa por outras cidades da região. A escolha de ficar em Belo Horizonte não foi a melhor. As outras opções eram ficar em Betim, mas sem um transfer gratuito pelo festival, motivo pelo qual optei trocar para BH. E a terceira opção, provavelmente a mais cara, era ficar na própria cidade de Brumadinho, onde você pode ir em poucos minutos para o Instituto e voltar. Dito isso, recomendo pesquisar de acordo com seu planejamento de tempo e dinheiro, mas a escolha mais certeira é ficar o mais perto de Inhotim, porque vale muito a pena.
Segundo ponto foi o horário dos transfers de imprensa e pessoas que compraram o passaporte via Buser (que custava R$ 38,50). Havia apenas um horário (às 14h todo dia saindo de dois pontos em BH) para ir para Inhotim limitou muito a minha experiência, por exemplo. A minha ideia era usar as manhãs livres, porque a parte musical do MECA realmente começava às 17h da tarde, mas todos os dias que fui ao festival, cheguei entre 15h30 e 16h, o que me fez perder algumas experiências que me doeram, como por exemplo alguns talks e galerias não vistas. O horário limitado da volta também não ajudava muito. Pensando que você passa horas em pé no festival, poderiam considerar que algumas pessoas.. gostariam de ir embora mais cedo algum dia para descanso. No sábado, gostaria de ter estendido o meu horário para ver o FBC (a quem tinha entrevistado) até 2h da manhã, mas tive que ir embora por conta que o único transfer de volta saia à 1h. Passei essa minha crítica para a organização, e acho que é um aprendizado para o futuro.
Agora a parte mais legal: Inhotim. Um lugar apaixonante, o espaço foi todo construído de uma maneira impressionante. A natureza em volta é deslumbrante à primeira vista, e fica cada vez melhor quando você vai conhecendo as galerias. Tive oportunidade de ver uma sala da nova galeria de Yayoi Kusama, e as galerias do Pavilhão Tunga, Adriana Varejão, Cosmococa, de Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, Invenção da cor (Penetrável Magic Square), de Hélio Oiticica, Galeria Cildo Meireles e dentre muitas outras.
Sobre a música, os destaques do festival foram as mulheres, encabeçado por Adriana Calcanhoto, em um show cheio de energia nostálgica, celebrando a música brasileira, com os clássicos “Esquadros”, “Devolva-me”, “Mentiras” e “Maresias” com todo o público cantando junto. A atração mais jovem do line-up, Melly entregou o primeiro show do festival com muita ginga e axé, com seu R&B baiano fez o público se soltar ao pôr do sol em Inhotim, com destaques para “Azul”, “Soul”, “Nega” e “Barril”. Luedji Luna, mesmo gripada, entregou tudo no palco. Foi das românticas às histórias engraçadas, com destaques para a performance “Banho de Folhas”, “Acalanto”, “Bom Mesmo é estar debaixo d’agua” e “Um corpo no Mundo”. E Daniela Mercury levantou o festival com todos os seus sucessos. Foi lindo e tá tudo lá nos destaques do instagram do @chickenorpastasir.
E assista a nossa entrevista com a Melly:
https://www.instagram.com/p/Cvye9XPgL2m/
Agradecimentos ao festival pela recepção e até o próximo MECA!
Fotos: Meca Inhotim 2023, Dynelle Coelho, Rony Hernandes e Danilo Silva.
*Imagem de destaque: divulgação
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