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Chega aquele momento na vida adulta que você tem que aprender a fazer escolhas. Pois o Dekmantel não está exatamente facilitando a tarefa com seu line-up de 2018. Lá vamos nós para o Amsterdamse Bos para a 6ª edição do festival holandês. Mas antes mesmo de embarcar pra Amsterdã, já bateu aquele pânico: John Talabot e Ricardo Villalobos na mesma hora? Four Tet e DJ Stingray? Daphni e Optimo? Quem fez essa timetable certamente não pode descer pro play.
Após incendiar o Playcenter em março, o Dekmantel volta às origens entre os dias 1º e 5 de agosto. São mais de 100 artistas e 200 horas de música só na programação principal (que acontece no parque entre sexta e domingo), além também de apresentações especiais que precedem o evento principal, espalhadas ao longo do rio IJ na quarta e quinta. Sem contar a programação noturna. Socorro! Levar Smartcaps na mala pra Europa não dá nada, né?
Mas e aí, o que ver?
A programação 2018 começa logo com uma porrada na quarta-feira, dia 1º, com shows do Four Tet (ao vivão) e Tangerine Dreams. As apresentações vão acontecer na sala de concertos Muziekgebouw, no centro de Amsterdã. A inesgotável banda alemã, ícone máximo da new age, promete tirar lágrimas de muito marmanjo com seu repertório modesto de mais de 100 discos.
Na quinta, 2, a mesma venue recebe a dupla francesa Acid Arab, o ex-Ariel Pink John Maus e o jazz progressivo do britânico James Holden & The Animal Spirits. Neste dia quem fecha a noite do Muziekgebouw é Carista, DJ local de Amsterdã e nome para se prestar atenção no festival este ano – ela ainda toca no palco do Boiler Room no sábado.
Da estação Amsterdam Centraal, um trem de superfície leva a galera até certo ponto no sul da cidade, onde um shuttle bus aguarda para finalizar a rota até o festival principal, de sexta a domingo. Aí é correr pro abraço: são 7 palcos com programação das 13h às 23h.
O Main Stage este ano faz uma mistura de gigantes (gigantes mesmo) com nomes quentes da eletrônica atual. Vai ter por exemplo Carl Craig e sua Synthesizer Ensemble e o duo britânico Orbital. E também Shanti Celeste, a holandesa Steffi, residente atual do Panorama Bar, e Helena Hauff, responsável por um dos sets mais insanos do Dekmantel 2017.
O ouro desse ano, no entanto, parece estar no palco Selectors. São poucos e bem selecionados sets, um pouco mais longos e abertos a explorações musicais. É por lá que tocam a suíça Sassy J, o britânico Mr. Scruff e os nossos garotos da Selvagem (<3).
O domingo do Selectors vai ser difícil de bater: Jamie xx faz um set de 4 horas, seguido de Daphni (outrora conhecido como Caribou) e meu personal favorite Floating Points, fechando o último dia.
Dos anos anteriores, o único acréscimo desta edição ao Dekmantel é o palco UFO II, complementar ao original, porém dedicados a artistas mais dark e experimentais, como define o evento. É por lá que tocam Detroit in Effect, Broken English Club e o próprio DJ Stingray.
Tá pouco? Ainda tem Phase Fatale, Lena Willikens, Tom Trago, Palms Trax, Courtesy, Rødhåd, Bariş K, OKO DJ, Joey Anderson, Matrixxman, DVS1, DJ Nobu, Objekt, Donato Dozzy, Goldie, Palmbomen II. E por aí vai.
O mais legal é que mesmo com esse sucesso todo (além de Amsterdã e São Paulo, os caras têm feito spin-offs menores em outros países e até um feature no Primavera Sound de Barcelona), o Dekmantel se propõe a continuar um festival pequeno, feito por amigos. Ou o mais perto de um festival que os próprios DJs e produtores possam se sentir em casa.
A estratégia deu tão certo que em janeiro os ingressos deram sold out em questão de minutos. Se pintar aquela vontade de última hora, a dica é ficar de olho no Ticketswap e torcer para achar alguém revendendo ingressos. O Dekmantel Amsterdã acontece entre os dias 1 e 5 de agosto.
A gente se vê no gramado ;)
*Foto destaque: Dekmantel – Main Stage por Bart Heemskerk
Pra fugir do clichê "jornalista ataca de DJ", Goos é um DJ que sem querer virou jornalista. Na Vogue, Harper's Bazaar e iG, entrevistou nomes como Afrika Bambaataa, The Black Madonna e Fatboy Slim. Depois de passar por muitas pistas em 13 anos de discotecagem, ancorou na Peixaria Mitsugi. Por lá, segue na luta, making house music gay again.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.