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Faltando 20 dias para o início do Primavera Sound, em Barcelona, é hora de começar a fazer o dever de casa e descobrir quem vale a pena nessa maratona musical de quase uma semana. Os imperdíveis já estão grudados na cabeça: Arcade Fire, Grace Jones, The xx, Bon Iver, Frank Ocean, Aphex Twin. Mas há muita coisa boa (e brasilidades!) nas letras pequenas do line-up, de Elza Soares à poesia eletrônica de Marie Davidson. Selecionamos alguns dos shows que não queremos perder por nada nesta edição do festival espanhol, que chega com um palco, o Bacardí Live, dedicado a live de música eletrônica.
A produtora e poeta canadense é uma das metades do duo Essaie Pas e vem ao Primavera Sound apresentar seu último álbum solo “Adieu Au Dancefloor”. Música de pulsações rápidas para ser sentida e ouvida. Música para dançar no escuro de uma biboca underground às 5 da manhã em Berlim. O som de Marie Davidson é quadrado, sério. Repetição hipnótica embalada por letras escritas por ela própria. A produtora suaviza a pegada sombria de suas produções através de poesia e contrabalanceia seus beats industriais e sintetizadores com seu vocal etéreo. Dancefloor com poesia em inglês e francês.
Quando: Sexta-feira, 02 de junho, às 21h45 no palco Bacardí Live.
Aphex Twin é uma espécie de cientista doidão da música eletrônica: domina diferentes técnicas, rasga qualquer regra (há anos ele utiliza sua própria escala), subverte o tempo de suas produções e se arma de um arsenal eletrônico que deixaria a NASA com inveja. Depois de uma longa pausa, Richard D. James retornou aos palcos e sua apresentação no Primavera Sound é matéria obrigatória para os fãs de música eletrônica. Seu último EP, Cheetah, mostra um lado mais manso do artista, mas a esperteza rítmica de Aphex Twin certamente levará o público a um passeio através de todas as suas facetas musicais: de produções de 150bpm com pitadas de disco, misturas de ambient e jungle ou drum’n’bass cabeçudo.
Quando: Quinta-feira, 01 de junho, à 1h no palco Heineken.
Espanha e Suécia em uma dobradinha pouco provável mas certeira na pista de dança. Techno sexy, viajante e altamente dançável. O catalão John Talabot, produto de exportação número 1 da música eletrônica espanhola, e o sueco Axel Boman, manda-chuva do excelente selo Studio Barnhus, já haviam se apresentado no festival em 2015 e voltam este ano para apresentar o primeiro álbum do duo, “The Night Land”. Vale passar por lá para ver de perto algo pouco comum no solitário mundo da música eletrônica: um duo fazendo um som consistente em sintonia pura. Talabot joga em casa e volta aos palcos mais uma vez no sábado para um set disco de 2 horas.
Quando: Sexta-feira, 02 de junho, às 04h05 no palco Ray-Ban.
A jovem produtora americana traz novos ares à música eletrônica: um som poderoso e denso, cheio de nuances que botam todo mundo para mexer o corpinho. Avalon usa toda sua expertise como engenheira de software para desdobrar o 4/4 e criar produções que, segundo ela mesma, são duras mas super pessoais. A produtora abre mão dos vocais para mostrar tudo o que tem a dizer através de suas batidas cheias de groove. Seu último trabalho, “Narcissus In Retrograde” é uma ode às pistas de dança. Para se jogar e esquecer por um breve momento de tudo mais.
Quando: Sexta-feira, 02 de junho, às 22h no Desperados Club.
O produtor Archie Fairhurst é um quebra-cabeças de referências e seu excelente “Love Songs: Part Two” é o reflexo disso: uma jornada melódica pelo disco, R&B, jazz, blues e funk. Romare não se prende a estilos, épocas ou nomes. Passeia feliz por beats africanos ao mesmo tempo que brinda nossos ouvidos com um jazz meloso e dançante. O moço é multitalento e seu live mostra toda sua destreza com os instrumentos. Para dar uma pausa na quadradeira e lembrar que a música eletrônica tem outras tantas facetas.
Quando: Quarta-feira, 31 de maio, à 1h40 na Sala Barts (só para quem tem o abono do festival). Quinta-feira, 01 de junho, às 20h40 no palco Bacardí Live.
A maior dama do samba brasileiro desembarca no festival para apresentar um dos melhores álbuns de 2016 (não fui eu quem disse. Foi o New York Times), “A mulher do fim do mundo”. Vai ser lindo ver Elza, seu vozeirão e toda sua intensidade em um auditório intimista. Esperamos uma visita aos antigos clássicos da cantora e porradas modernas como “Mulher da Vila Matilde”.
Quando: Quinta-feira, 01 de junho, às 19h20 no Auditori Rockdelux.
Seu Jorge, David Bowie e Wes Anderson. Tudo junto e misturado para a reinterpretação da trilha sonora de “The Life Aquatic”. Um banquinho, um violão e versões em português para “Rebel, Rebel”, “Life on Mars?”, “Starman”. Para terminar de criar o climão, o show acontecerá no palco Ray-Ban, o mais charmoso do festival, com uma bela vista panorâmica do Mar Mediterrâneo.
Quando: Sábado, 03 de junho, às 22h35 no palco Ray-Ban.
Neste post você lê um pouco sobre como foi a edição 2016, como se virar por lá e, também, um guia aproveitar bem a ensolarada Barcelona.
*Foto destaque: Parc del Fórum, por Ola Persson
Jornalista paulistana hiperativa que às vezes puxa o R lá do interior. Viciada em música, açúcar, livros e praia. É mais feliz no verão, acredita nos reviews do Foursquare e sempre dorme no meio filme. Há 5 anos, vive um caso de amor (correspondido) com Barcelona.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.