Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Sim, este post não é um click-bait. Estamos falando do Roskilde Festival, que se torna a terceira maior cidade da Dinamarca, com 130.000 pessoas por oito dias, anualmente. Não é novidade falar deste festival por aqui. Já contamos um pouquinho da história neste post e fizemos um relato sobre a edição do ano passado neste outro.
A verdade é que este festival é realmente muito mais do que a música, é uma tradição dinamarquesa (e nórdica) e traz pessoas de todas as idades e estilos. Eu moro na Dinamarca há seis meses e quando comentei que iria ao festival recebi as respostas mais inesperadas. Um colega de trabalho, que já tem seus 60 anos, me disse que vai ao festival todos os anos desde criança e começou a levar suas filhas desde que elas têm 10 anos. Depois deste relato pensei que, realmente, não existe um quality time maior do que acampar com a sua família e viver esta experiência. Mas o público não é de apenas famílias e jovens, eu vi muitos idosos andando pelo camp cheio de lama, curtindo DJs e se divertindo como em 1972. Algo que nunca tinha visto antes.
Na minha opinião o mais bacana do Roskilde Festival é que desde os anos 1970 ele é sem fins lucrativos. Depois de cobrir os custos operacionais e pagar os funcionários que trabalham full-time (aproximadamente 50 pessoas), o lucro é doado para diversas organizações. Ano passado eles doaram mais de 8 milhões de reais.
A preocupação com a liberdade e a diversidade é muito grande, por isso o line-up sempre inclui artistas de diversos países e culturas. Este ano o line-up contou com a presença da rainha Elza Soares, que se apresentou no terceiro maior palco e fez os europeus cantarem e dançarem sentada no seu trono.
Além da diversidade o festival promove muitas ações com sustentabilidade. Por todo o camp são feitas ações para o gerenciamento do lixo e dos resíduos. Há diversas estações de coletas de recicláveis que disponibilizam reembolso por latas, garrafas, suportes de cerveja, caixas de vinho e até copinhos de shot. O festival tem um programa super sério contra o desperdício de comida, onde chefs voluntários preparam mais de 75,000 refeições com as sobras diárias e doam para abrigos em Copenhague.
Este ano conseguiram quebrar seu próprio record e 90% de todos os alimentos do festival eram orgânicos (a razão para manterem em 90% é garantir uma variedade de ingredientes). Aliás, eu nunca vi um line-up gastronômico tão variado e rico como no Roskilde Festival. Os curadores escolhem a dedo toda a comida do festival sempre oferecendo uma opção vegetariana (e muitas vezes vegana) e com muita variedade.
Andando pelo festival você encontra de tudo, de hambúrgueres e falafel a espaguete e bolo de chocolate. Muitos dos stands estão no festival há mais de 30 anos e continuam servindo clássicos com o Skiiburger (feito pelo clube local de skii), Spaghetti 50 (do pessoal do clube de volley) e os rolinhos primavera do Crispy Hot. Outros são restaurantes incríveis de Copenhague e região, como o Kiin Kiin, que tem uma estrela Michelin, e serve comida da Tailândia ou o Falafel and Crisps, que conta a história de refugiados que moram na Dinamarca. A maior atração deste ano foi o Crick’it, uma colaboração muito interessante com uma fazenda de insetos que ofereceu um Bug Burger e outras delícias. Muitas marcas usam a plataforma do festival para experimentarem produtos, inclusive a cerveja Tuborg RÅ fez sua edição orgânica para o festival há anos e o sucesso foi tão grande que o produto está na linha normal de produção
Roskilde Festival é sinônimo de liberdade e inovação. É uma semana de experimentos, tentativas e de ser você mesmo. A experiência vale cada centavo e você nem vai se importar com a lama. A edição do ano que vem já tem data e acontece de 30 de junho a 7 de julho — bora planejar?
*Foto destaque: Krists Luhaers
De longas viagens de carro no México a aulas de cozinha no Vietnã, para mim o que importa conhecer são as pessoas. Não há nada melhor para conhecer um país do que aprender com experiências autênticas (e às vezes malucas).
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.