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Burning Man regional chega ao Brasil: Tropical Burn

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

26 de December, 2018

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Nós já comentamos nesse artigo que o Burning Man tem mais de 60 eventos regionais pelo mundo. Adivinha a hora de quem chegou? Pois parece que dessa vez realmente sai do papel. O Tropical Burn, nossa versão tupiniquim acontecerá em uma praia no Nordeste em 2019, com data a confirmar.

La Playa @ Burning Man. Foto: Guto Requena

Mas começando do começo…

O que é o Burning Man?

Burning Man é aquele festival bacana que você pode se vestir de unicórnio na areia, certo?  Errado! Volte 3 casas.

AfrikaBurn 2013. Foto: Jonx

Ou leia aqui que a gente ajuda. Pra começar, prefere-se sempre mencionar que não é um festival. É uma comunidade que se reúne para um experimento social. É um lugar onde se permite experimentar novas “regras do jogo” que são distintas da que vivemos. Afinal, dinheiro é inventado, empresas são inventadas, países são inventados, constituições são inventadas – tudo isso são regras e códigos desse contrato social que chamamos de “normal”. Essa comunidade, até por isso sempre chamada de contra-cultura, se permite explorar: e se dinheiro não existisse? E se não existissem marcas, corporações? E se existisse abundância de recursos? E se fossemos responsáveis por tudo que fazemos – sem garis para limpar nossas ruas, sem alguém para trazer água para nossa casa? E se pudéssemos nos expressar e vestir o que quiséssemos?  E se o que é lindo é também efêmero? Em algum tempo e espaço, alguns desses conceitos não são quebrados – e sim investigados. Por isso que o Burning Man é tão transformador – permite olhar nossa própria realidade de outra perspectiva.

“O Burn é uma oportunidade de explorar a diversidade da expressão humana, da construção de novos valores, de compartilhar um novo sistema, baseado em outros princípios” – diz Devas, artista plástico e contato regional do Burning Man no Brasil.

Foto: www.letstravelsomewhere.com

Burning Man nasceu em 1986 em Baker Beach, San Francisco, e somente em 1990 se mudou definitivamente para o deserto de Black Rock em Nevada. O festival não parou de crescer desde então: a edição original nos EUA já tem em torno de 70 mil pessoas entre agosto e setembro. E também diferente de um festival, o Burning Man não tem espectador. É construído junto com os participantes do começo ao fim. E isso é real.

Princípios, mas que princípios?

Lalai no meu primeiro AfrikaBurn por Alexandre Nino

São 10 os princípios, que falam desde a oportunidade de auto-expressão até a responsabilidade por si próprio. Alguns valores são muito importantes de serem conhecidos desde o princípio:

One burner, one shift‘: quando você compra seu ingresso para o Burn, você está ciente de não ser um mero espectador, e sim um participante. Só existe a cidade porque grupos montam acampamentos temáticos, porque artistas fazem obras, e porque há muitos, muitos voluntários. Desde a limpeza, o posto médico, segurança das fogueiras, recepção de novatos, etc., as atividades são feitas pelos próprios participantes.

Leave no trace‘: um dos pilares dos Burns é o respeito à natureza, e para tanto, quando o festival acaba, não deve sobrar rastro do que aconteceu. Então você tem que se responsabilizar por todo o teu lixo o tempo todo. Você carrega a tua latinha de cerveja, a bituca do cigarro, o papel do chiclete e o paetê que caiu do chapéu, para levar tudo embora no fim. Se cada um cuida da sua sujeira, tudo vive limpo.

Each one teach one‘: mais um exemplo de efeito dominó do bem. Cada um tem a responsabilidade de ensinar o que aprendeu para o que ainda não sabe.

Burns regionais

Afrikaburn 2016. Foto: Lalai Persson

Não é só aqui. Além de ter crescido em público, o festival também tem ganhado edições em várias partes do planeta, incluindo a África do Sul, o AfrikaBurn, que já participamos aqui no blog duas vezes e também já contamos da nossa primeira e segunda experiência.

A vantagem dessas edições é experimentar o Burning Man de alguns anos atrás, quando o festival era muito menor e não uma quase megalópole no deserto. Todos eles tem em comum os 10 princípios que permeiam o Burning Man.

Mas se você pensa que todo Burn tem deserto e tempestade de areia, não poderia estar mais enganado: são adaptados de acordo com o local onde acontecem.

No país de Gales, por exemplo, o Burning Nest acontece desde 2013 num belo vale perto de Port Talbot.

Burning Nest. Foto: divulgação site oficial
Burning Nest. Foto: divulgação site oficial

Já o The Borderland, na Escandinávia, acontece desde 2011  em Boesdal Kalkbrud, no litoral sul da região (1h30 de Copenhagen).

borderland2012

Mas que história é essa de Burn no Brasil?

Os Burns são cheinhos de brasileiros há muito tempo. Nós mesmo aqui do blog já tivemos um acampamento com mais de 21 no Afrika Burn, e em Nevada há vários acampamentos cheio de nossos conterrâneos. Devas, por exemplo, fazia parte de um grupo chamado Brazilian Burners, que vão ao festival e organizam acampamentos por lá desde 2011. Em 2015 o Devas e amigos organizaram a primeira instalação de arte no festival feita por brasileiros – o Projeto Mangueira.

Projeto Mangueira por Devas, no Burning Man. Foto: arquivo pessoal
Aqui no Brasil também havia vários encontros pontuais de grupos de voluntários desde 2015. Toda essa galera polvilhada por aí juntou  a fome com a vontade de por de pé um evento. Ele ainda está em planejamento, a confirmar no primeiro semestre de 2019. Ao todo serão esperadas de 2 a 3 mil pessoas para a primeira edição. O local, a princípio, será uma praia do Nordeste. Ainda estão nos trâmites de alvará e aspectos legais, então ainda não foi divulgado especificamente a latitude e longitude.

Como participar

Temple @ Burning Man. Foto: Guto Requena

Pela repercussão no meu Facebook quando mencionei que era voluntária, todo mundo quer participar. Então antes de sermos todos afobados se inscrevendo na equipe de voluntários, é preciso saber que há muitas formas de se juntar à iniciativa. BORA LÁ?

Save the date: A primeira é se planejar para ir. Lembramos que não há espectadores, então sua ajuda será muito utilizada no evento nas várias equipes de voluntários nos dez meses que antecedem o evento, e durante os dias do experimento social. A edição brasileira acontece entre 19 e 25 de junho (feriado de Corpus Christi), no Rio Grande do Norte.
Planeje um theme camp: Que tal montar uma cafeteria, um acro yoga, um circo, uma pista de dança, um bar, ou um teatro para crianças no meio da praia? Saiba que precisa muita preparação: aprender a levar água, gerador, luzes e armar uma cozinha. Mas bora botar a cachola pra funcionar, antes que abram as inscrições para os acampamento. Estão rolando workshops online para ajudar as pessoas a criarem seus próprias acampamentos temáticos. É só ficar de olho na fanpage.
Se junte aos artistas: Um burn não é um burn sem as horas e dedicação das pessoas que fazem as instalações, performances, palestras, workshops e música. Também estão acontecendo eventos online para ajudar a comunidade a criar suas instalações artísticas.
Link (o site oficial estava fora do ar quando atualizamos esse post): www.facebook.com/tropicalburnbr 

E que tal um Burn na Argentina?

Os hermanos argentinos já tem sua edição regional, o Fuego Austral, há 4 anos. A próxima edição acontece de 1 a 5 de março de 2019, em um local de 300 a 500 quilômetros de Buenos Aires (divulgado apenas para quem já comprou ingresso). O tema da edição 2019 é “Sincronismo”. Os ingressos estão à venda no site, e dá para tentar encontrar um camp para fazer parte na página do  facebook.

Quer se aprofundar um pouco mais na história do Burning Man? Recomendo assistir Spark: A Burning Man History, documentário de 2013.

Está empolgado? Restaram dúvidas? Não se preocupe, aqui nesse bat-canal ainda falaremos muito sobre o Burn.
Update: este post foi atualizado em 26 de dezembro de 2018.

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

26 de December, 2018

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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