Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Achei os livros portugueses, em geral, mais caros que no Brasil. Ainda sim, foi muito interessante mergulhar nelas, especialmente nas livrarias menores, independentes, onde é possível encontrar obras de editoras pequenas e autopublicações. Também é legal puxar assunto com o livreiro, costuma render boas recomendações – de livros e de lugares para conhecer em Lisboa. Ah! Em Portugal, sebo de livros se chama alfarrabista. Tem vários ótimos na capital. Um ótimo lugar pra comprar postais antigos (além de livros, claro, tentando ser comedida por motivos de peso da bagagem).
Se é para fazer um passeio literário por Lisboa, ele precisa começar no Chiado.
Este é o bairro mais turístico da capital portuguesa atualmente e foi lá que nasceu o Fernando Pessoa. Tem uma estátua gigante do Camões no meio da praça principal do bairro (mais um pra saudar no passeio literário por Lisboa) e logo ali, em frente ao A Brasileira, café que o Fernando Pessoa curtia sentar pra escrever, tem uma estátua do poeta das milhares de faces – sim, tirei foto com Pessoa porque né, por que não.
Existe um passeio guiado por Ricardo Belo (investigador pessoano, membro da Casa Fernando Pessoa, editor de O Meu Pessoa e autor dos livros “O Quarto Alugado”, biografia pessoana, e “Fernando Pessoa para todas as pessoas”) que acontece todo primeiro domingo do mês (ou quase isso) e parece ser muito interessante! Não consegui fazer, mas se você se interessa pelo Pessoa, vale a pena tentar. O passeio começa no Largo de São Carlos, onde fica a casa onde o Pessoa nasceu (e que hoje é um apart hotel com loja da Godiva embaixo, um retrato do que Lisboa está se transformando… snif).
Em em frente À Brasileira e a estátua do Pessoa está a Bertrand, a livraria mais antiga do mundo. Ela é meio… livrariazona comercial normal que compete com a Fnac… Gostei mais de entrar em livrarias menores, mas é legal entrar na Bertrand para ver o prédio, que é bonito. Quase em frente tem um sebo chique, que também é editora, a Sá da Costa, que tem muitos postais, fotos velhas e livros do mundo todo. E a também antiga Livraria Ferin fica ali pertinho e é muito charmosa, caso queira ver mais livrarias tradicionais em casarões antigos.
Letra Livre: Alfarrabista (sebo) incrível que fica na Calçada do Combro. É dessas pra ficar horas se perdendo entre os livros em exposição e os organizados nas estantes. Tem obras de editoras independentes, muitas raras e numa segunda loja duas casas pra baixo, aberta se você pedir, tem obras não-ficcionais do mundo todo (tipo os três tomos das Danças Dramáticas do Brasil, pesquisa etnográfica do Mário de Andrade que incluiu partituras e letras de várias danças folclóricas do nordeste brasileiro – comprei por 25 euros). A loja de cima é focada em literatura e tem muitos autores portugueses. Mergulhe.
Artes e Letras Ateliê: Seguindo a calçada do Combro, que aliás é fofíssima quanto mais você desce, encontre o atelier da artista Ines Caria, que produz em tipografia (ela tem prensas de tipos móveis antigas mara), aquarela e nanquim. É excelente opção pra comprar presentes lindos, únicos e fáceis de transportar. Eu dei de cara com a porta 3 vezes antes de encontrar o atelier aberto (era feriado, emenda de feriado, domingo…), então vá em horário comercial e, na dúvida, manda uma DM no Insta do atelier e combine a visita com a Inês. Valeu a pena ter insistido, o lugar é mágico e a Inês é ótima pessoa pra ficar de papo. Ela também vende artes de outros criadores.
Palavra de Viajante: Uma livraria especializada em viagens! Amei muito sim ou sim? As estantes estão organizadas por países e tem guias, obras literárias, novelas gráficas e até acessórios de viagens. Uma excelente seleção. E as donas ainda são duas mulheres pra lá de viajadas e simpáticas. Achei meu exemplar de Flaneuse, um livro sobre mulheres artistas que caminham pelas cidades que eu tava namorando há meses, na vitrine da livraria. Aliás, recomendo DEMAIS esse livro e dá pra ler o primeiro (e excelente) capítulo.
Livraria do Simão: Provavelmente a menor livraria do mundo, ela funciona no meio de umas escadas que dão para o Castelo de São Jorge. É só uma porta com um espaço de centímetros quadrados pra dentro, onde o Simão trabalha espremido entre a parede e um computador.
Ele conhece, obviamente, todos os livros que estão à venda e foi super legal bater um papo com ele. Pena que na noite anterior a escada tinha sido usada como mictório por pessoas maleducadas, foi preciso abstrair o fedor para observar os livros (não acho que seja motivo pra não ir, afinal pode ser que não esteja mijado quando você for).
Fábula Urbis: Livraria especializada em livros sobre Lisboa. Um bom lugar para comprar um guia insider sobre a cidade, um romance que se passe num bairro que você curtiu ou pra bater um papo com o dono, que tem aquele mal humor típico português. A livraria tem também uma galeria no segundo andar e uma sala com um piano, então deve ter festinhas por lá às vezes. Fica ao lado da Igreja da Sé, a matriz de Lisboa, então já dá pra visita-la no caminho pra livraria (ou o contrário).
Ler Devagar: Uma das livrarias mais lindas do mundo, de acordo com diversas listas pela internet. E realmente é muito linda! A Ler Devagar fica em um galpão onde antes era o parque gráfico de um jornal. Além de linda, bem iluminada e super agradável para ficar olhando os livros de pé ou leva-los para uma das mesas do café para folhear (ninguém vai te encher o saco se quiser ler uns trechinhos deles ali mesmo), ela também abriga as invenções de Pietro Prosépio. Ele cria máquinas poéticas muito legais e geralmente está lá, no terceiro andar da livraria, entre as ferragens da antiga prensa do jornal e suas invenções, para fazê-las funcionar e contar as histórias por trás da criação de cada uma.
Essa livraria fica mais longe das outras em Lisboa, mas fica dentro do LX Factory, um shopping a céu aberto com lojas de pequenos produtores instalado num parque industrial que estava desativado. Tem cafés fofos, lojas de decoração e roupas super lindas, brechós e lojas menos caras nos andares superiores dos galpões e também a Ler Devagar. Outro lugar legal de visitar lá é o Rio Maravilha, que fica no último andar do galpão principal do Lx Factory: um café hipster meio caro, mas que tem uma vista linda pro Tejo e pra cidade de um ângulo bem diferente dos outros miradouros que você provavelmente irá visitar.
Lívia viaja em busca de histórias, sabores e experiências diferentes em todo lugar que vai, seja um vilarejo de 50 habitantes ou uma megalópole de 21 milhões. Mineira de Belo Horizonte, já deu a volta no mundo sozinha, morou em Assunção, São Paulo, Cidade do México e Óbidos, tem um bom humor matinal insuportável e acha que pra viajar basta sair de casa aberta para experimentar algo novo - na nossa própria cidade ou do outro lado do mundo. Escritora, jornalista e blogueira no www.eusouatoa.com.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.