Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Eu sempre tive um interesse especial por gente excêntrica. Penso que a excentricidade é uma característica de gente corajosa, desbravadora, indomável. E quando pessoas excêntricas são também empreendedoras e endinheiradas, a chance de coisas extraordinárias acontecerem crescem exponencialmente. Quando Alan Faena criou o hotel que leva seu sobrenome em Buenos Aires, com projeto e décor assinados por Philippe Starck, não se imaginava o que poderia acontecer com todo o entorno, no novíssimo empreendimento imobiliário do Puerto Madero. A área antes degradada virou um dos metros quadrados mais caros da cidade.
Mas o empresário, incorporador e (agora) hotelier não se conformou e quis mais. Foi assim que surgiu o Faena Miami Beach. Mas ali, numa região recheada de hoteis, concorrendo com alguns dos mais luxuosos da região, não bastaria ser apenas um hotel. Para se destacar, e virar mais uma vez um símbolo do lugar, o Faena precisou criar um microcosmo próprio.
Em algumas quadras da famosa Collins Av, na ensolarada Miami Beach, hoje estão um grupo de edifícios com atrações para todos os gostos (mas não todos os bolsos). Além do Faena Hotel Miami Beach, ao lado está o condomínio Faena House, projetado pelo escritório de Norman Foster, o Faena Forum, do OMA de Rem Koolhaas, e ainda o Faena Art Project Room, um espaço dedicado a experimentação e desenvolvimento de ideais artísticas inovadoras.
Como deu para perceber, eles não brincam em serviço, e sempre trazem os maiores nomes da arquitetura e do design para seus projetos. E no hotel, especificamente, toda a personalidade extravagante do dono foi honrada com um nome de peso: o australiano Baz Luhrmann. O cineasta, conhecido pela exuberância de seus filmes (Grande Gatsby, Moulin Rouge, Elvis…) ficou responsável por trazer o glamour estrambólico dos áureos anos 50 em Miami Beach para a decoração, e ele não decepcionou.
Mesmo para quem não se hospeda no hotel, vale a pena passar por lá para conhecer. A entrada tem colunas douradas entremeadas por paineis dantescos do designer gráfico argentino Juan Gatti. O terraço tem uma árvore cercada por bancos feitos de mosaicos desenhados, mezzo-Gaudí mezzo-Carmen Miranda. No jardim, uma gigantesca ossada de mamute folheada a ouro está protegida por uma caixa de vidro. Claro que essa obram, Gone But Not Forgotten, é mais uma provocação do artista inglês Damien Hirst.
Visitantes podem aproveitar o day-spa no Tierra Santa Healing House ou comer em um dos dois restaurantes. Um deles é o Los Fuegos, comandado pelo estrelado chef argentino Francis Mallmann. A outra opção, que eu tive a oportunidade de conhecer, é o Pao, do texano vencedor do Top Chef, Paul Qui. Ali, a luz baixa contrasta com o salão de teto abobadado dourado super alto, com mais uma surpresa do Hirst, um unicórnio em ‘carne viva’. A decoração é luxuosa, a música é sensual, e o cardápio de inspiração asiática é provocante e delicioso em igual medida.
Também dá para começar (ou esticar) a noite nos bares Living Room, todo trabalhado no veludo vermelho, ou Saxony, mais reservado. E se der sorte, tente reservar uma noite no Faena Theater. Ali foi montado um cabaret com toda opulência de um musical hollywoodiano e apresentações impressionantes, mas que para mim pareceram mais atléticas do que eróticas. Ainda assim, me diverti muito.
Eu não sou grande frequentador de hoteis de luxo, porque prefiro gastar meu dinheiro explorando a cidade em lugar de aproveitar jacuzzis e roupões, mas o Faena Miami Beach com certeza tem muito mais a oferecer que um hotel comum. Aliás, ali de comum não tem absolutamente nada.
*A visita ao Faena Hotel Miami Beach foi parte do programa em uma visita organizada pelo Departamento de Turismo de Miami.
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.