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O Faena Buenos Aires não é bem um hotel. Quero dizer, é um lugar grande, com quartos, onde pessoas ficam hospedadas numa visita à capital argentina, sim. Mas também é muito mais do que só um hotel e isso fica claro ao chegar na área.
O Faena se apresenta como um “hotel + universe” e ocupa dois complexos diferentes em Puerto Madero, numa micro-região rebatizada “Faena District”. O primeiro é um local de exposições e residência artística, o segundo é o hotel, com restaurantes, spa, 87 quartos e direção de arte do designer francês Phillipe Starck – o que se traduz por muito espelho e veludo, mais elementos de fantasia.
O universo Faena, na beira do Rio da Prata, se apropria de elementos da cultura portenha e da sensualidade elegante característica de Buenos Aires. A entrada e a recepção são discretas (com serviço de ‘experience manager’ no lugar do simples concierge), mas porta adentro o clima é outro.
O primeiro restaurante, o El Mercado, é ligeiramente rústico, com direito a área aberta com parrilla. O clima portenho chique continua no pequeno Bar Sur, logo ao lado, onde, em algumas noites, uma banda se posiciona na altura do público para pequenos shows de jazz e tango.
Qualquer sisudez inicial é espantada pelo clima fantasioso da piscina altamente “instagramável”, com direito à coroa dourada gigante (colocada ali durante uma festa de ano novo), pelo Rojo Tango Show (um dos mais teatrais e caros shows de tango da cidade) e pelo segundo restaurante, o Bistro Sur. Com suas paredes brancas e cabeças de unicórnio flutuando em cortinas de linho branco, é um dos cenários mais espetaculares da cidade.
O menu degustação do chef Rodrigo Vasquez, há dez anos na cozinha do Faena, tem duas entradas, dois pratos principais e duas sobremesas, sempre com ingredientes sazonais e acompanhados de vinhos indicados pela eficiente e bem informada sommelier responsável. Os pratos de técnica moderna passam pelo que é caro à cozinha argentina, como o chorizo, e pela influência italiana na culinária do país, caso do ravióli de coelho com mascarpone.
Nenhum detalhe passa despercebido pela equipe, numa formalidade inesperada para um lugar adornado por cabeças gigantes de seres mitológicos. A seriedade gentil também é super informativa, principalmente no que diz respeito à seleção de vinhos. O orgulho da nação está bem representado em rótulos de Torrontés (a única uva 100% argentina), Chardonnay e Malbec – esse, em garrafa da vinícola do hotel e que deve estar disponível para maior público a partir de 2016. Já as cervejas ficam meio de lado: há a apenas boa Patagônia.
O Universo Faena está em expansão: após quatro anos de preparações, o Faena Miami abre em dezembro e já aceita reservas. A direção de arte dessa vez é do casal de cineastas Baz Luhrmann e Catherine Martin, que foram “responsáveis pela articulação da narrativa e fantasia que é a visão do hotel”, diz Alan Faena, o hôtelier e colecionador de arte cujo sobrenome batiza o empreendimento.
O Faena Miami tem os traços art déco da cidade, mais três restaurantes, teatro, spa e 169 quartos, suítes e residências particulares. E se você ainda está fazendo planos para o Réveillon, pode considerar a estupenda Grand New Year Celebration do hotel que, segundo o fotógrafo peruano Mario Testino (primeiro hóspede do hotel) está trazendo o chic de volta.
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Estive no Bistro Sur em novembro de 2015 a convite do Faena Buenos Aires. Agradeço imensamente a oportunidade e quero deixar claro que o hotel ou seus representantes não são de forma alguma responsáveis pelas minhas opiniões.
A pedido do Faena, não fizemos mais do que um punhado de fotos do local. As fotos que não são de divulgação são de Gianluca Marcato.
Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.