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A viagem sempre começa antes de se chegar ao destino, quando os curiosos pesquisam e planejam roteiros. Perguntando sobre Yangon para algumas pessoas que já viajaram por Myanmar, descobri que a média de permanência recomendada por eles era de apenas dois dias na cidade.
De fato, Yangon não é uma cidade turística qualquer. Pessoalmente, eu diria nada turística. Ela tem um estilo único e não se encaixa muito nas nossas expectativas sobre Myanmar enquanto viajantes. Por exemplo, não guarde muita esperança de visitar muitos pontos turísticos diferentes e ter inúmeras atrações para ver pela cidade. Em Yangon, o itinerário mais desbravado é muito breve e há poucas atrações turísticas.
Por isso, é realmente possível fazer todo o roteiro mainstream da cidade em apenas dois dias. Mas, como fiquei uma semana por lá (e poderia ficar mais), resolvi trazer meu ponto de vista, quebrar alguns paradigmas e tentar inspirar você a conhecer melhor Yangon.
E, quem sabe, ficar mais uns dias sem pressa por lá?
O primeiro conselho que dou para quem pensa em viajar por Myanmar é, certamente, conhecer Yangon. Após a experiência, vejo que a cidade é muito peculiar e não pode passar despercebida.
Yangon é a São Paulo de Myanmar. Muita coisa acontece, mas é preciso abrir o coração e ter muita curiosidade para descobrir tesouros. No caso de São Paulo, o Chicken or Pasta sempre dá aquela força com os guias atualizados, então fica bem mais fácil.
Não há muita novidade quanto ao roteiro: visitar a Shwedagon Pagoda, comer e beber na 19th Street do Chinatown a noite, caminhar no Kandawgyi Lake, conhecer os arredores da Sule Pagoda e passear no Circle Train.
Mas vamos ao que interessa, porque dar uma chance para Yangon.
A minha maior recomendação é abrir o coração e conversar muito com os moradores locais. É verdade que há muitas pessoas que não falam inglês, até porque o país se abriu mais para o turismo mesmo apenas em 2011, após uma longa ditadura, mas os birmaneses que falam inglês terão imenso prazer em dar dicas valorosas e te ajudar a descobrir relíquias.
Um destes tesouros é o tradicional cinema birmanês e os adoráveis cinemas de rua que podem ser encontrados facilmente por Yangon. Eu visitei o Mingalar Sanpya Cineplex, um cinema simples mas aconchegante, perto da 12th em Downtown.
Os filmes são transmitidos em birmanês e em inglês e, assim como no Brasil há alguns anos atrás, antes de iniciar a transmissão, todas as pessoas precisam se levantar e prestar reverência a bandeira de Burma.
Uma outra relíquia são as padarias de Tandoori Roti que vendem o pão feito no Tandoori, uma espécie de forno em formato cilíndrico, no qual o pão é assado grudado nas paredes feitas de metal ou barro do forno.
É verdade que este prato é tradicionalmente indiano, mas os lugares que vendem o Tandoori em Yangon normalmente abrem muito cedo, às três da manhã, e sempre estão lotados por moradores locais na madrugada. E, não é à toa, este tradicional café-da-manhã foi mesmo uma descoberta, depois do dia que conheci, não parei de ir.
Sabe aquele dia que você tem que acordar cedo para pegar o avião? Então, não deixe o país sem tomar o café-da-manhã birmanês.
Para os bons apreciadores de viagens sem pressa, não há nada melhor do que sentar numa praça e observar a vida local. Estes ambientes são onde muitos moradores locais passam, fazem exercícios, picnics, tudo na calma total. Sempre que posso, gosto de fazer uma caminhada nos parques da cidade em que viajo, aproveitando para conversar com as pessoas ou apenas deixar o tempo passar.
Em Yangon, dois parques que, desde bem cedo, as pessoas vão caminhar são às margens do Inya Lake e no Maha Bandula Park. Não deixe de conferir.
Um local que não pode deixar de ser recomendado é o Rangoon Tea House. Para quem está acostumado a comer comida de rua como eu, os preços com certeza são maiores, mas continuam acessíveis e a qualidade do serviço e da comida é especial. As casas de chá são tradicionais em Yangon, mas a Rangoon Tea House se tornou um ponto diferenciado e imperdível na cidade.
Recomendo pedir a famosa Tea Leaf Salad ou Lahpet, prato tradicional de Myanmar, e se aventurar na degustação de chás. Inclusive, se quiser saber mais sobre a comida birmanesa (que é simplesmente incrível), tem um post do Chicken or Pasta para você.
E, por falar em comida, é claro que uma boa experiência de viagem sempre está relacionada a experimentar novos pratos da culinária local. Afinal, a comida reflete muito da história e cultura de um povo. Dedique seu tempo parando nas bancas de rua em Yangon e, mesmo que sem fome, apenas experimente o melhor do que Yangon tem a oferecer.
São inúmeros os restaurantes e mercados mas, quando se trata de comida, vale a pena conferir as banquinhas e negócios ambulantes na região do Chinatown. É possível comer desde espetinhos assados na hora e peixes na brasa, até iogurte natural na rua.
Já valeria a pena ficar mais em Yangon apenas para se aventurar na rica gastronomia local. Fronteira com China, India, Bangladesh, Tailândia e Laos, Myanmar mistura o sabor da comida indiana e chinesa com o melhor dos ingredientes do sudeste asiático.
Espero ter inspirado você a curtir Yangon sem pressa. Uma dica infalível para aproveitar a cidade é caminhar bastante, mesmo que sem rumo. Não há calçadas em todos os locais mas, com a atenção devida, é bem tranquilo se locomover a pé pela cidade.
Além de não ter que se preocupar com transporte e salvar dinheiro, você vai conhecer relíquias muito especiais nestas caminhadas despretensiosas (coisa que estar dentro de um carro não te proporcionaria).
As pessoas viajam para os mesmos lugares, mas podem ter relações totalmente diferentes pela maneira que escolhem viajar. As dicas foram simples, mas farão a diferença na hora de conhecer a cidade. Faça suas malas e não deixe de conhecer Myanmar pela inusitada Yangon.
Como recomendação de conteúdo: cinco coisas para fazer quando você chega em uma nova cidade.
*Foto do destaque: Unsplash
Designer, especialista em perrengues, comida de rua, gestão de marcas e trabalho remoto. Come, dorme e se teletransporta por aí no jeitinho simples da vida local. Radicada em Bali e procurando sempre a próxima ilha para ancorar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.