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Tenho um amigo que diz que a Itália nunca decepciona, e é verdade: seja na história de Roma, na natureza da Toscana ou na gastronomia da Sicília, cada viagem, cada descoberta de um pedacinho do bel paese, é uma aventura maravilhosa. Assim, não vai surpreender ninguém que a região dos lagos italianos, mais precisamente a região ao redor do Lago de Como, proporciona uma daquelas experiências inesquecíveis, de fazer inveja nos amigos: montanhas nevadas, lagos de água cristalina, belíssimas vilas medievais, e aquele charme que só a Itália tem. Não é a toa que foi o local escolhido por George Clooney pra fixar residência durante parte do ano – o ator possui uma belíssima villa na região.
O Lago de Como fica no extremo norte da Itália, fazendo fronteira com a Suíça, literalmente aos pés dos Alpes. A cidade mais próxima, e provavelmente seu ponto de partida pra explorar a região, é Milão. De lá até a cidade de Como são pouco menos de 2 horas de trem ou carro (aliás, vale muito a pena alugar um carro pra explorar a região com calma). É o terceiro maior lago italiano, com 146km2, e se divide em 3 áreas: sul, centro e norte.
O sul é dominado pela cidade de Como, a principal povoação às margens do lago e que lhe empresta o nome. A cidade tem cerca de 80 mil habitantes e não é a principal razão pela qual você vai visitar a região. Mas vale a pena reservar um dia pra percorrer seu preservado centro histórico, checar a bela Catedral (Duomo di Como) e, principalmente, dar uma volta no funicular que leva à vila de Brunate, numa viagem de cerca de 7 minutos e 500 metros de deslocamento vertical (tente pegar um lugar no primeiro carrinho do funicular pra garantir as melhores vistas!)
Brunate é uma graça e cheia de mirantes com vistas lindíssimas da cidade e do lago. Bem próximo da estação do funicular há um café/restaurante panorâmico. Mas se você estiver se sentindo com mais energia, pode fazer algumas das trilhas que cortam a vila.
É na região central do lago que estão as vilas mais pitorescas: Mennagio, Bellagio e Varenna, cada uma situada numa das pontas de um triângulo atravessado pelo lago. Mennagio, na margem oeste, é a maior e mais estruturada das 3. É facilmente atingível desde Como via carro, ônibus ou barco. A vila está centrada na Piazza Garibaldi e toda a margem do lago é tomada de passeios e pequenos parques, perfeitos pra flanar e desfrutar a paisagem. Um pouco ao sul de Mennagio fica Tremezzo, onde se situa a Villa Carlota, um belíssimo palacete com maravilhosos jardins que podem (e devem) ser visitados.
Com uma curta viagem de ferry você chega a Bellagio, a mais emblemática e mais bela (título bem disputado!) das vilas às margens do lago. Bellagio vive basicamente de turismo, por isso, quando visitei no inverno, a vila estava bem vazia, com poucos visitantes e vários restaurantes fechados (por outro lado, no verão, como esperado, tudo fica absolumente lotado). Não importa: percorrer suas ruelas de paralelepípedos, admirando o casario antigo, todo em tons ocres, parando de vez em quando pra tomar um vinho ou gelatto enquanto aprecia a paisagem, vale a pena em qualquer época do ano.
Varenna não vai trazer nada que você não tenha visto nas outras vilas: mais ruelas, mais casario ocre, mais piazzas onde curtir il dolce far niente e mais vistas maravilhosas: precisa mesmo de mais?
No norte a paisagem do lago muda bastante, com uma área alagadiça e um povoamento muito mais recente, que lembra mais uma cidadezinha do interior dos EUA que uma vila medieval italiana. A menos que esteja com tempo sobrando, não vale a visita.
Já um passeio fácil de fazer e que vale muito a pena é dar um pulo na Suíça. Mennagio fica a cerca de 20km da fronteira, e com mais 10km chega-se à cidade de Lugano, às margens do lago de mesmo nome. O ônibus C12 faz esse trajeto, caso não esteja de carro. Vale lembrar que a Suíça não faz parte da União Europeia e, portanto, em teoria você deveria passar pela alfândega cada vez que atravessasse a fronteira. Na prática, nas duas ocasiões em que fiz isso, de carro, ninguém nos incomodou. Por outro lado, parece que São Pedro tem bastante respeito pela fronteira: enquanto os dias que passamos na Itália foram todos ensolarados, do lado de lá da borda o tempo estava bem mais fechado e cinzento.
Lugano é uma bela cidade, e se não tem o charme histórico e decadente das vilas italianas, mais que compensa com sua sofisticação cosmopolita. Compensa muito subir os montes Bré ou San Salvatore, ambos servidos por funicular, e de onde se tem aquelas vistas de cartão postal praticamente pra qualquer direção que se olhe (e, no inverno, ainda pode se divertir brincando com a neve!)
A gastronomia da região, como em todo o norte da Itália, é mais puxada na manteiga que no azeite de oliva e não dá tanta bola pro tomate. A polenta é especialmente apreciada, até mais que massas, bem como vitela, queijos (tallegio) e muitos embutidos e carnes curadas (não deixe de experimentar os salames e a brasseola!) Sendo um lago, não poderiam faltar também os pescados. Um fritto misto di lago é, como o próprio nome indica, um prato de peixes típicos da região, fritos e servidos normalmente somente com rodelas de limão e as vezes alguma salada. Simples e delicioso! E, claro, nenhuma viagem pra Itália fica completa sem uma bela seleção de vinhos pra alegrar a vida. Os da região de Montevecchia são bem recomendados, mas a verdade é que é difícil fazer uma escolha ruim nessa área.
*Foto destaque: Lago di Como por Riccardo
Paraense radicado em Lisboa. Engenheiro, cozinheiro e cervejeiro, sem ordem específica de preferência. Viajante de vocação.
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