Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Road trips são deliciosas. Trens são incríveis. Navios são ótimos. Mas quando você chega a qualquer lugar, a melhor forma de explorar é o famoso “a pé”, mesmo que seja uma cidade de canais como Veneza. Andando é que você observa os detalhes que, de qualquer outra forma, passam batido.
A regra vale para as grandes cidades turísticas do mundo, é claro. O cara falando pelo microfone no hop on hop off não vai ajudar a encontrar aquelas coisas que tornam única cada cidade: os cheiros, vielas, pequenas lojas e sabores. Aquelas coisas que você só encontra batendo perna.
O pessoal do Walks of Italy (que também trabalha em Nova Iorque e na Turquia, links no fim do post) sabe disso e oferece uma porção de tours pelos principais destinos turísticos italianos. O grupo até oferece alguns passeios que não são caminhadas, mas os rolês a pé são o destaque.
E tem mais exigências: todos os guias são locais, os grupos são pequenos e acontecem em ritmo lento, para que todo mundo tenha tempo de conversar. Dá até para estabelecer umas paradas para café e gelato!
Em maio passado fiz uma viagem de vinte dias pela Itália e experimentei cinco tours diferentes com o Walks of Italy. As caminhadas de Veneza foram minhas preferidas: oportunidades de ver a cidade pelos olhos de uma guia nascida e criada na cidade, contando em inglês perfeito sobre suas lembranças, ensinando como desvendar o labirinto de canais e vielas e mostrando seus locais preferidos para comer.
Caminhando por Veneza, eu e o casal de “modern cartographers” Captain & Clarke (o blog deles é ótimo) aprendemos uma porção de coisas. A cidade estava lotada de turistas, sim, mas conseguimos desviar deles. Em um dia, conhecemos a história, o modo de vida e a comida dessa cidade tão peculiar.
A próxima parada foi Florença e a Toscana. A guia era uma moça estilosa chamada Giulia, vinda do mundo do PR da moda italiana, nascida em Siena. A cidade é famosa por, entre outras coisas, o Palio: uma corrida de cavalos que acontece duas vezes por ano e movimenta milhões de turistas. O que nós não sabíamos é que cada dupla de cavalo e corredor pertence a um bairro (melhor: contrade) sienense. Os 17 contrades têm raízes medievais e são representados por símbolos, em especial de animais – meu preferido é a pantera. As rivalidades às vezes são levadas muito a sério, e não raro o Palio se torna palco de brigas homéricas.
Já a day trip para a Costa Amalfitana e Pompéia não é a pé, claro. Sai de Roma de manhã cedo, numa van com ar-condicionado e wi-fi. Quem foi contando a história do local foi, de novo, uma mulher nascida e criada na área – a arqueóloga napolitana Ilaria. Uma arqueóloga tão apaixonada pelas ruínas de Pompéia que as tem tatuadas no braço.
A estrada que serpenteia pela Costa Amalfitana é uma das mais bonitas do mundo, e o cheiro de limões frescos está em cada ruela do encantador recanto pega-turista de Positano.
Mas é Pompéia que impressiona mesmo. Desde que foi descoberta por acaso no século XVIII, é uma das maiores atrações arqueológicas do planeta e só um dos mais de 200 Patrimônios da Humanidade da UNESCO em território italiano.
É preciso uma vida inteira para conhecer tudo sobre essa cidade romana que passou 1600 anos dormindo sob as cinzas do Vesúvio. A maior parte dos (muitos) visitantes caminha a esmo, preocupados em achar coisas famosas como as pessoas “congeladas” debaixo de massa de barro e cinzas e em registrar a visita no Instagram.
Mas quem tem um/a guia esperto por perto sabe o que e como ver. Por exemplo: os grafites nas paredes que mostram os serviços do bordel local. Ou portões que dão para jardins secretos. Ou o impressionante anfiteatro de acústica perfeita.
Vai lá
Walks of Italy
Walks of New York
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Fotos: Gaía Passarelli
Gaía Passarelli é paulistana de nascença, autora do livro "Mas Voce Vai Sozinha?"(Globo, 2016) e do blog How to Travel Light. Encontre-a em gaiapassarelli.com
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.