Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Reciclagem, retrofit, upcycling… no século XXI finalmente percebemos que mais consumo é caro e danoso ao meio ambiente. É melhor dar novos usos às coisas antigas. Podemos fazer com nossa cidade o que fazemos com nossos objetos e lixo, redescobrindo e retomando áreas esquecidas, dando novos olhares a locais abandonados, ressignificando a cidade além dos seus limites convencionais.
A exploração urbana, ou UrbEx (de Urban Exploration), é a exploração de áreas urbanas e industriais normalmente não vistas ou de acesso restrito. Na real, muita gente invade espaços fechados e abandonados na cara dura, violando uma ou outra lei – ou place hacking. A atividade pouco usual contempla hacking de prédios (a exploração de prédios e arranha-céus), cavernismo urbano (a exploração de dutos e túneis), ou ainda escalada urbana (a exploração de marcos e guindastes). Mais do que uma atividade, exploração urbana é um manifesto, uma atitude política de relembrar e celebrar a memória da cidade.
Dutos de esgoto cheios d’água, cabos descobertos e metais pontiagudos só tornam a brincadeira mais prazerosa: a comunidade do esporte viu na exploração urbana uma ótima opção para atividades outdoors. No Rio de Janeiro, o rapel no Esqueleto do Gávea Tourist Hotel, construção nunca finalizada no meio da Mata Atlântica, é uma atividade relativamente popular. Mas a parada bomba mesmo na Alemanha, onde escaladores usam instalações de guerra para uma atividade muito mais saudável.
Já encaixou sua sapatilha num buraco de bala russa? O concreto dessa torre construída 1940 para fins antiaéreos ficou marcado pela artilharia pesada e os sulcos foram organizados em mais de 70 vias de escalada, de graduação média a difícil. O espaço fica em uma colina no parque Humboldthain e o Clube Alpinista Alemão é responsável pela manutenção e segurança da parede.
Dentro, uma academia de escalada “comum”. Fora, vias de até 20 metros de altura. Esse bunker da 2ª Guerra em forma de cone está localizado numa fábrica de reparos de trens abandonada. Nos meses de inverno, a equipe da academia lança água na parte externa, formando cascatas de gelo escaláveis. A área também é usada artisticamente em encontros, festas e produções do coletivo local RAW-Gelände.
Outros destinos alemães revitalizados são:
Kilimanschanzo, Hamburgo: escalada para toda a família. O parque possui 50 vias, aulas grátis todos os domingos, cursos e reuniões frequentes e as ações e decisões tomadas em conversas abertas com a comunidade.
Wunderland, Kalkar: próximo a Düsseldorf, as dependências de uma usina nuclear desativada viraram um parque de diversões (de verdade) que tem como “brinquedo” uma enorme parede de escalada no local onde funcionava uma torre d’água para resfriar reatores.
Landschaftspark, Duisburg: antiga zona de produção de carvão e aço abandonada em 1985. Sob a gerência do Clube Alpino Alemão, no seu entorno foi projetado um parque com cerca de 400 vias de escalada, visitadas por sete mil pessoas por ano.
*Foto Destaque: yaniruma
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.