Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Na entrada dos anos 80, Nova York era uma terra de contrastes. De um lado, os yuppies desfilavam por Wall Street atrás da oportunidade de criar fortunas. Do outro, bairros inteiros eram varridos pela decadência e a violência urbana. Nesse cenário de embate entre o dinheiro a marginalidade, emergiu um dos artistas mais importantes da arte da segunda metade do século 20: Jean-Michel Basquiat. Tem gente que o conhece pelo breve namoro com a Madonna pré-fama, outros pela parceria com o onipresente Andy Warhol. Mas a verdade é que o Basquiat viria a influenciar toda uma geração, encerrando um longo ciclo de minimalismo e arte conceitual, abrindo caminho para uma arte muito mais gutural e combativa.
A exposição ‘Jean-Michel Basquiat – Obras da coleção Mugrabi‘, em cartaz do Centro Cultural Banco do Brasil, mostra de forma bem didática essa trajetória tanto explosiva quanto breve. A mostra vai desde os primeiros grafites sob pseudônimo SAMO, provocando o hermético mundo das galerias de arte, passando pela sua formação multicultural, a influência do hip hop, o discurso politizado, e as apropriações culturais na forma de remixagem de símbolos.
Filho de um haitiano e uma porto-riquenha, apesar da infância pobre, ele foi criado entre livros e museus, criando um repertório vasto que viria a influenciar muito seu trabalho. Basquiat foi um dos primeiros negros a ter livre circulação entre a elite artística da cidade, e a participar de exposições do calibre da Bienal do Whitney Museum e da Documenta, na Alemanha. Seu quadro mais caro foi leiloado em 2017 por incríveis 110 milhões de dólares, o que mostra o poder de sua obra que perdura até os dias de hoje.
Dos primeiros trabalhos entre 1977 e 1979, e sua trágica e precoce morte por overdose de heroína em 1988, Basquiat teve uma carreira muito prolífica e poderosa, que se mantem relevante nos questionamentos políticos e sociais atuais. A exposição no CCBB não é grande, mas é a maior coleção do artista que já veio para o Brasil – 80 obras – e merece atenção. Agora que o frisson da abertura já passou, vale a pena se aventurar pelo Centrão para conferir. A mostra fica em cartaz até abril, então corre para não pegar as filas que vão se acumular nos últimos dias, como aconteceu com o Le Parc.
Jean-Michel Basquiat – Obras da Coleção Mugrabi
CCBB – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
De quarta a segunda, das 9h às 21h
Até 7 de abril
Gratuito
*Foto do destaque – Jo Machado
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.