Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Apesar de não ser o destino-desejo mais mencionado pelos leitores aqui do blog, recebemos muitas perguntas sobre o que fazer em Dubai em 3 dias. A razão é simples: a nossa adorada Emirates oferece um stop-over gratuito de até 96 horas, incluindo o visto. Ou seja, por que não quebrar o longo caminho até a Ásia, Oceania ou até África com uma paradinha por lá?
Já vale uma ressalva: esse não é um post sobre aquelas dicas mais escondidas que você está acostumado a ler por aqui. Meu sábio amigo Renato Salles (editor desse blog) me falou uma vez numa rua na Flórida, diante da minha frustração na pasteurização de opções na cidade: “desista de procurar um bar alternativo, você está em Miami. Relaxa, põe o chapéu do Mickey, compra um milkshake e vai patinar na Ocean Drive”.
No mesmo espírito é preciso ir a Dubai. Na cidade über-cenográfica dos Emirados, tudo é hiperbólico: o maior aquário do mundo, o maior prédio do mundo, a maior ilha artificial do mundo, o maior shopping do mundo, a maior loja de sapatos do mundo, e certamente os carros de luxos mais caros do mundo. É o paraíso dos super ricos, alguns famosos, dos mocktails e dos bronzeados que duram o ano todo.
Em vez de tentar achar o bar hipster ou aquele lado B que ninguém conhece, a melhor forma de aproveitar o deserto é incorporar seu espírito: coloque seu melhor salto alto, pegue emprestado uma roupa de grife e vá brincar de princesa árabe por alguns dias.
Se você está em conexão, deve estar cansado da viagem. Por isso vamos tirar o primeiro dia para relaxar nas praias e absorver a atmosfera da cidade. Nada mais Dubai que o Burj Khalifa: a maior estrutura do mundo feita pelo homem, com 160 andares. Imagine o prédio mais alto que você já subiu, depois multiplique por quatro. Lá de cima, carros são menores que uma formiga. Você pode apenas fazer uma visita, ou ficar para o café da manhã no restaurante AT.Mosphere, no 122ºo andar – ou só um andar abaixo do deck de observação At the Top. O valor é só um pouco maior do que você gastaria no mirante apinhado de turistas japoneses. Afinal, custa 200 dirhams apenas para por o pé no At the Top. Já o café da manhã é digno de sultão, e por 325 dirhams, você tem frutas, queijos, bebidas quentes, sucos, pães e doces servidos à vontade, além de um prato quente. O atendimento é simpaticíssimo e fica a dica: como reservamos o último horário, nos levaram para conhecer as demais salas. É impressionante ver a cidade se fundindo no deserto. Vale à pena dar uma olhada no térreo, onde fica o Hotel da Armani, com quartos ultra personalizados com móveis e acessórios da grife.
Aproveite o sol – sim, estará sol, não importa o período do ano – e caminhe pela The Walk, localizada no Jumeirah Beach Residence (carinhosamente chamado de “JBR”). Leve o tênis para dar uma corridinha ou andar pelo seu enorme calçadão. Na praia, os esportes tomam conta do mar: passeios de banana boat, paraglider ou pula-pulas para crianças. Se quiser observar o pessoal ostentando seus carros luxuosos, é lá que você deve passar à noite. O mar é morninho, calmo, e as praias são repletas de beach clubs que não deixam nada a dever à ferveção de Míconos. Ah, deixam sim: não servem álcool.
Restaurante Shimmers. Foto: Divulgação
Para o almoço, aproveite para visitar o Madinat Jumeirah (as regiões de Dubai são classificadas meio pelo “complexo hoteleiro” que gerencia a área. Se o dinheiro estiver sobrando, você pode ir a alguns restaurantes só acessíveis por barco. Como o Shimmers, que fica na praia e em frente ao hotel mais famoso do mundo, o Burj Al Arab (Madinat Jumeirah, Mina A’ Salam, Pool and beach. Todos os dias, das 12:00 às 17:00 e das 18:30 às 23:30). Outra opção é alugar uma tenda na praia para um almoço ou jantar. No complexo ainda há hotéis, teatro, spa, discotecas e lojas, claro.
Agora, se a ideia for tomar uma cervejinha com o pé na areia, o Barasti Beach é um dos poucos lugares onde álcool é permitido em lugares públicos. E como você aprendeu na aula de economia: sempre quando há restrição, o preço sobe. Então prepare-se para pagar ao menos R$40,00 por uma long neck, assistindo esportes na tela gigante e invejando as modelos com biquini ótimos desfilando por lá. (Barasti Beach, Le Meridien Mina Seyahi Beach Resort & Marina. Seg à Qua e finais de semana, de 11:00 às 01:30; Qui e Sex, das 11:00 às 02:30). O Nasimi Beach, que fica no Atlantis Hotel, no The Palm, é uma praia mais sofisticada. Porque, quando você acha que é caro, pode ficar mais. Mas afinal, a ideia é observar o lifestyle de Dubai, não?
O Dubai Mall é o maior shopping do mundo, e na sua frente fica o show de águas na Dubai Fountain que acontece todos os dias das 6 às 10 da noite, de hora em hora. É o tipo de coisa que é brega mas juro que é legal, sabe? Para conseguir um bom lugar para ver o show, você pode comer no Café Madeleine ou no Karma Café no Souk Al Bahar. Aproveite para dar um rolê no shopping. Shoe-holics devem passar na Level Shoe District, patinadores podem ir no Ice Rink, e para achar souvenires dê um pulinho na área mais “típica” do shopping, o Souk. Souks são os mercados tradicionais de Dubai: no shopping se assemelha mais a algo estilo “se a Disney tivesse feito uma cenografia de um mercado árabe”, mas é lá que você acha bons souvenirs para comprar.
Um dos maiores aquários do mundo fica também lá no Dubai Mall. Aliás, pausa para um comentário importante: se há algo que em Dubai está certamente atrasado, é a consciência no turismo com animais. Quase sempre há um “encontro”, seja com pinguins, golfinhos, camelos… Não há problema nenhum, na visão deles, em retirar o tubarão martelo do Oceano Índico e enfiar no shopping. O tigre do Sri Lanka virar bichinho de estimação. O pinguim da Antártida virar recepcionista de pista de esqui. Minha decisão pessoal foi olhar de fora, mas não investir meus suados golpinhos com o aquário e demais encontros. Mas não recrimino quem não tomar a mesma decisão, já que é realmente impressionante.
Agora que você já viu onde as pessoas fazem compras, pode dar uma volta na noite de Dubai – um ótimo lugar para você se sentir mal vestido. Saltos altos ornam com as garrafas de Crystal abraçadas por modelos e sheiks. Uma dessas casas é o famosérrimo Buddha Bar, que em Dubai fica dentro do Grosvenor House. (Grosvenor House Dubai, Al Emreef Street . De Seg à Qua e finais de semana, das 19:00 à 01:00; Qui e Sex, das 19:00 às 02:00). Para algo mais agitado, o imenso e irreverente Cavalli Club é lindo, mas seu conjunto é um pouco “lindo”. (Fairmont Hotel, Sheikh Zayed Road –Todos os dias, das 20:30 às 03:00). Outra festa difícil de entrar (o lugar é pequeno, mas divertido) é a Movida de R&B (Nassima Royal Hotel، Sheikh Zayed Road – Dubai -Todos os dias, das 20:30 às 03:00).
Outras noites na mesma categoria “ver e ser visto” são o Armani Lounge (Burj Khalifa); VIP Room (J&W Marriot); People by Crystal (Raffles Hotel); 360 (Jumeirah Beach Hotel); Amika (W Hotel); Cirque Le Soir (lindinho, mas meio freaky!); Embassy (Grosvenor House) ou Mahiki (Jumeirah Beach Hotel). Quando fui, engoli todo meu feminismo latente e me joguei na lady’s night, em que as mulheres não pagam para entrar e ganham uns dois ou três cupons de drink por balada. Porque, afinal, cada um tem seu preço pelos valores morais: o meu foi três drinks mesmo.
Lembrando sempre que os melhores restaurantes ficam dentro de hotéis e resorts em Dubai, se for fim de semana se jogue em um brunch. Só não esqueça que fim de semana em Dubai começa sexta-feira, certo? Um dos mais requisitados da cidade fica no Hotel Al Qsar, ao lado de Madinat Jumeirah. (Al Qsar, Madinat Jumeirah, King Salman bin Abdulaziz Al Saud Street, Umm Suqeim 3).
Tá com saudades de andar na rua, como numa cidade normal? Temos uma opção a Dubai MarinaWalk, não muito longe do JBR Walk, onde há quilômetros de calçadão para pedestres ao redor do canal artificial. Há muitos prédios residenciais, restaurantes, lojas, mercadinhos, mesquitas… não à toa a região preferida dos expats. O lugar é tão ocidentalizado que vimos meninas correndo de top e shortinho, numa boa. Fuja do calor escolhendo um restaurante pra um longo almoço. O Libanês Mir Amin não tem um prato ruim e um excelente custo benefício – e já que não há álcool, vamos de shisha para dar uma relaxada. Para fazer a digestão, escolha um dos inúmeros passeios de lancha ou dhow, que navegam no Canal e Golfo Pérsico, para ver o impressionante skyline da cidade. Há também opção de passeios noturnos com jantar.
Outra opção é rumar para a Deira, o bairro “histórico” (haja aspas) de Dubai. À beira do Creek, você pode visitar o pequenininho Dubai Museum, que fica no forte Al Fahidi Fort. A construção de 1787 é uma das mais antigas da cidade e representa, com dioramas, a vida dos beduínos na cidade. A visita é rápida e em seguida, dê uma olhada nos souks de tecidos e ignore o monte de ambulantes vendendo bolsas autenticamente falsas. Recomendamos pegar uma abra, o barquinho local, para os souks de ouro e especiarias, do outro lado do Creek. Ao contrário das lanchas da Dubai Marina, a abra é um transporte super local, cheio de senhorinhas de hijab. É provável que você compre mais temperos do que ouro, que também é vendidos por peso, de acordo com a cotação do dia, independente do design da peça. Você também provavelmente não vai resistir a experimentar um sorvete com leite de camelo – só pra ver que não tem nada de muito diferente. Todos os souks de Dubai são turistões, mas você consegue viajar a um país árabe sem conhecer um?
Dubai vista de cima. Foto Roman Logov
Hora de dar uma passadinha no Burj Al Arab: o hotel em forma de vela, construído em uma ilha artificial, é um dos maiores símbolos de Dubai e repetidamente votado como o hotel mais luxuoso do mundo. Você pode tirar uma foto rápida a partir da Kite Beach, uma praia pública ao lado do hotel. A não ser que você tenha 9 mil dirhams (3 mil dólares) sobrando para a suíte mais simples, uma opção para entrar no hotel é visitar o Skyview Bar, para aproveitar a vista da cidade com bons drinks. Ainda assim, não sai barato: o consumo mínimo é 275 dirhams (em torno de 70 dólares). Mas você pode brincar de milionário por um dia, junto com aqueles chegaram pelo heliporto ou no Rolls Royce arranjado pelo hotel. Agora, se realmente você tiver inter$$e, pode trocar ou emendar a vertigem do ar pelo fundo do mar: é possível jantar no Al Mahara, o restaurante “embaixo d’água” rodeado pelos peixes que, com menos cor e vida, enfeitam os pratos e deliciam os paladares.
Outra opção para jantar é o DIFC (Dubai International Financial Center), que tem opção para todos os gostos e bolsos. Lá estão os restaurantes ZUMA, La Petit Maison, Gaucho, Caramel Lounge e o italiano Roberto’s, que tem uma varanda bem de frente para o Burj Khalifa. Além dos restaurantes, as maiores e melhores galerias de arte estão por lá e são abertas ao público para visita.
Se já estiver cansado da vida de califa árabe, e quer um lugar mais pé no chão, onde você pode dispensar o salto numa boa, você pode ir no Rock Bottom, com comida e bebida barata, e ofertas de lady’s night. Vale notar que a música mais eclética do que o nome sugere. (Regent Hotel, Sheikh Khalifa Bin Zayed Street, Al Karama, Bur Dubai، Opp Burjuman Shopping Mall. Todos os dias, das 12:00 às 16:00 e das 19:00 às 03:00) Outro pub frequentado pelo pessoal que trabalha no DIFC é o Long’s Bar – porque depois do trabalho, todo mundo merece uma cervejinha. (Sheikh Zayed Rd – Todos os dias, das 12:00 às 03:00)
O terceiro dia vamos dedicar à aventura. Após dois dias de calor, é hora de esfriar a cuca. Uma das coisas mais impressionantes que vimos em Dubai é a pista de esqui dentro do Mall of Emirates. Imaginamos que seria algo como uma pista de criança, um gelinho ali e outro acolá. Mas não, são 22.500 metros quadrados de neve de verdade: para quem esquia, há cinco pistas (de verde a negra), que dá para treinar a sério. Você também pode aproveitar para fazer sua primeira aula! Caso contrário, há grutas de neve e tobogãs. A temperatura é -2ºC , e eles fornecem todas as roupas e acessórios. A pista de esqui vale mesmo que seja apenas para visitar: um teleférico leva até um chalé no topo da montanha de neve artificial, onde você pode tomar um chocolate quente e comer um pannini no café da manhã. (Mall of Emirates, Sheikh Zayed Rd – De Dom à Qua, das 10:00 às 23:00; Qui, das 10:00 à 00:00; Sex, das 09:00 à 00:00; Sab, das 09:00 às 23:00)
Outras opções de aventura que são o SkyDive Dubai, que sai do The Palm, e o iFly Dubai, um simulador de queda livre dentro de um tubo, que fica no Mirdif Mall. Se você estiver com crianças, talvez prefira um parque aquático, como o Wild Wadi em Jumeirah ou o Aquaventure. Mas volte logo para o hotel, porque o próximo programa é imperdível.
Um passeio que achamos que vale cada dirham é o rally no deserto. Ele acontece pela manhã ou no pôr do sol – mas o fim de tarde no deserto é de um colorido imperdível. Várias operadoras oferecem coisas similares, como a Desert Safari Dubai, ou a North Tours. O motorista te pega no hotel em uma Land Rover (dica: sente na frente) e você e seu grupo vão em alta velocidade pelas dunas do deserto e vêem o imperdível pôr do sol no topo de uma duna. Em seguida, seguem para um acampamento de estilo beduíno, com fogueira, pintura de henna nas mãos e pobres camelos e falcões escravizados para fotografia. No fim, o passeio é bem turistão, mas bem legal.
O buffet no acampamento tem vários pratos ao estilo arábe, e você come sentado em tapetes tradicionais no deserto, assistindo a um show de tanoura colorida (uma dança com movimentos circulares realizados pelos sufis). Inicialmente, a dança tem princípios meditativos e religiosos, mas claro que em um lugar turístico toma outro sentido.
Para acabar a noite com um drink celebrando seu momento realeza, a sugestão é o 101 Lounge and Bar, no One&Only Hotel, The Palm. É uma ótima desculpa para ir visitar o hotel, que é um absurdo de lindo e fica em frente ao mar. Você pode ficar nos drinks e tapas lá pelo bar. (101 Lounge and Bar One&Only The Palm, West Crescent, Palm Jumeirah – Todos os dias, das 11:30 às 02:00).
Termine seus poucos dias agradecendo a Alá pela chance de experimentar a vida de luxo que esse mundão tem a oferecer. Que, ostentação à parte, um pouquinho de glamour de vez em quando não faz mal a ninguém.
Foto destaque: Caleb Whiting
Texto escrito com as dicas preciosas da Cristi G e Luciana Guilliod
Agradecimentos à Interamerican pelo suporte na visita à Dubai e ao Visit Dubai
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsAmei!
Maravilhoso, muito glamour!
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.