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Tenho férias: devo ir para o Cairo? – ‘Não’ seria minha primeira resposta. Há lugares muito mais interessantes no Egito, como a lindinha Dahab, pela qual me apaixonei. Mas estando no Oriente Médio, devo passar um ou dois dias no Cairo? ‘Sim’ sairia da minha boca.
Todo mundo que pergunta lá no nosso grupo do Facebook sobre a capital do Egito acaba recebendo mais ou menos essa instrução. Afinal, o que não falta lá são histórias de viagens difíceis e com uma cultura desafiadora. Mas, vamos combinar: se não for para ser assim, eu nem saio de casa!
O Cairo é uma capital tumultuada: já foi para Hanói, Bangkok, Mumbai? É mais ou menos assim – e como as demais, você acaba formando aquela relação de amor e ódio. Cairo não é uma cidade romântica ou cenário das mil e uma noites: é caótica, suja, desorganizada, mas tudo funciona dentro da lógica local. Sua viagem vai parecer mais um filme de aventuras como Diamantes de Sangue ou Cairo Time do que um romance. Mas assim que você entende as nuances da cultura, vai se apaixonar pela galera local.
Importante é saber que no Cairo rola um assédio aos turistas próximo ao que você vê em Bangkok ou outras cidades ultra-turísticas. Após a Primavera Árabe, o turismo decaiu muito. Isso faz com que muitas pessoas do ramo estejam meio desesperadas para conseguir um cliente, e você pode se sentir como um grande cifrão ambulante. Desde o aeroporto, ignore os taxistas: use o Uber ou Careem – táxi é sempre a primeira indústria a se prostituir e aproveitar a inocência inerente aos turistas. Aliás, nunca use táxi preto (velhos e sem taxímetro), e tenha certeza que o taxímetro esteja funcionando em qualquer outro táxi que for pegar. Se o taxista te disser que está quebrado, sorria, diga “thanks” e “bye“. Os pilantras mentem para tentar cobrar um preço fixo mais alto (táxi por lá é extremamente barato para nossos padrões, então é muito fácil passarem a perna).
O centro da cidade não é uma área muito recomendável – além de ser caótica, está em fase de renovação. Uma das áreas bacanas é Ma’adi Sekhanat (onde está o metro/trem), Ma’ adi Dela (mais residencial) ou Zamalek (área das embaixadas). Estas áreas tem uma maior concentração de estrangeiros morando, e por isso os habitantes locais são mais familiarizados com gringos. Também dá para caminhar sem problemas, mesmo no caso das mulheres.
Para começar suas 12 horas, no café da manhã é normal comer favas refogadas e falafel (ful medmmes) e tomar chá (tchai) com hortelã (nannah). Como esses pratos são servidos em cada esquina, peça uma sugestão perto de onde você estiver.
Bom, estando no Cairo, vamos à pergunta primordial: quer mesmo ir ver as pirâmides? Você está com a expectativa bem baixa? Ótimo, então prepare a paciência, e boa sorte nesta aventura!
As pirâmides não ficam na cidade do Cairo, mas sim em Gizé, que fica do outro lado do Rio Nilo. O caminho do Cairo a Gizé tem sempre trânsito – aliás, trânsito é a única constante no Egito. Pode contar com pelo menos uma hora para chegar. Agora um táxi privado é barato para ficar contigo o dia inteiro (em torno de 25 dólares), e um guia privado em torno de 15 dólares. Se estiver sozinho, ao chegar no portão de entrada, não se deixe enganar por guias locais que querem te levar até a bilheteria, e pague o preço de turista. O grande desafio será se livrar dos guias locais e dos vendedores abusados. Lembre-se: seja firme, mas em hipótese alguma compre briga. Os manos são de dar barraco!
Se vale a pena? Vale. Estude antes a história ou vá com um guia, faça sua caminhada, tire suas selfies e seja um malandro simpático, sempre. O importante é não perder a paciência. Em 1866, Mark Twain visitou as pirâmides e disse: “…sofri uma tortura que nenhuma caneta é capaz de descrever pela sede de gorjetas que brilhava nos olhos dos árabes”. A dica expert, entretanto, é ter um egípcio para chamar de seu. A melhor forma de curtir é com alguém falando árabe para espantar os vendedores. Não se irrite, e vá dando gorjetinhas (baksheesh) de 1, 5, 10 libras pelo passeio (vão pedir no banheiro, o menino para sair da frente do seu carro que você está tentando estacionar, alguém que avisou onde tirar uma foto…. respire fundo, e sucumba ao movimento).
Outro ponto turístico da cidade é a Cairo Tower, uma torre/mirante/restaurante que vale a pena ir durante o dia para se ter uma visão da cidade do Cairo, do Rio Nilo e de seus entornos. O restaurante giratório geralmente não requer reserva, os garçons são até simpáticos, mas a comida não impressiona.
Para almoçar algo rápido – afinal, você tem pouco tempo na cidade – um bom lugar para provar a comida local é o Om Hassan, que é uma cadeia de restaurantes de comida típica egípcia com várias filiais pela cidade, ou o fast-food Tom & Basal. Para os gourmets corajosos como eu, recomendo provar a mulukhiya, uma sopa de uma folha verde gosmenta com alho frito, e o koshary, um prato único com arroz, lentilha, macarrão, grão de bico, etc. Barraquinhas de rua podem ser perigosas para estômagos frágeis.
O museu do Egito (Midan Tahrir, aberto de 9 às 4:45 pm)– é passagem obrigatória, com mais de 120 mil artefatos de uma história que você vai pirar, incluindo a maior parte do que foi escavado no Vale dos Reis em Luxor. A sala das múmias é paga à parte, mas vale para ver uma múmia ao vivo (spoiler alert: não são enfaixadas com gaze). No museu é válido pegar um guia, mas não dê atenção aos que ficam na rua, vá direto ao guichê oficial. Ah! Tem uma taxa que é preciso pagar caso queira tirar fotos por lá (juro… fotografe com a mente!)
Fim da tarde é hora de visitar a Citadelle e a Mesquita do Mohammed Ali. A calma reina ao pé das montanhas Matabaq. O que antes era a muralha para toda cidade é hoje onde fica a mesquita mais famosa (e uma das poucas abertas para turistas). Se você for em um tour guiado, é possível aprender um pouco mais sobre os rituais islâmicos.
Se quiser colocar o adesivo de turista no braço, é possível fazer um passeio de feluca (barco a vela tradicional da região) no fim da tarde no Rio Nilo. Há centenas de felucas em vários pontos da Corniche (marginal do Nilo), mas as que saem da Corniche de Maadi são mais legais. O preço deve ser negociado muito bem, por isso vale sempre à pena carregar um amigo egípcio para fazer essa parte. Caso esteja sozinho, use seu charme e humildade (lembre-se: para eles, é preciso passar muito tempo negociando, tomando chá, até chegar em um preço razoável). Os preços variam de $15 a $150 dólares por pessoa.
E para quem gosta de ver ou comprar quinquilharias, vale e pena um passeio pelo famoso e labiríntico Khan El Khalili.
A noite tende a ser mais animada, principalmente nas noites de verão. Se você gosta de dança folclórica, não deixe de ver o El Tannoura Show. Este é um show de dança Sufi com vários instrumentos, e é uma espécie de dança meditativa. Geralmente o show começa às 20:30, mas deve-se comprar os ingressos com pelo menos 2 horas de antecedência, no mesmo local.
Se permita relaxar à noite e experimentar uma shisha em um bom restaurante. Um ótimo é o Sequoia, em Zamalek. Mais carinho para os padrões egípcios, mas existem opções para todos os bolsos. Na área de Ma’adi, a Rua 9 (Sheraa Tesarh ou Road Nine) é o point dos restaurantes.
Algumas dicas de comportamento para se virar por lá:
Esse post foi feito com as dicas incríveis da Adriana Mirage, que morou por lá!
Foto destaque: Andrea Dutto/ Flickr
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
Ver todos os postsOi Vanessa,
Adorei esse post, você acha que tem coisas culturais pra ver durante uns 3 dias? Ou você acha que 24 horas realmente é o suficiente?
Te agradeço a atenção.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.