Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
A chuva não chegou como prometia. Na saída da estação Interlagos, havia uma horda de vendedores oferecendo capas de chuva por R$ 5. Eu fui uma que me rendi e comprei, mas São Pedro deu uma boa trégua no sábado e no domingo, trazendo uma temperatura agradável e apenas chuviscos. Depois de alguns meses de espera desde o lançamento de seu lineup final, o Lollapalooza chegou. Com algumas atrações de peso, mas não ao ponto de revirar os olhos, o festival não decepcionou ao escalar um lineup com nomes grandes e pequenos, misturando indie, punk, soul, EDM, pop, rap e música eletrônica. Snoop Dog foi bem substituído pelo Planet Hemp, que competiu com Florence + The Machine, num show animado, enérgico e com comentários políticos do começo ao fim. Em pleno domingo de manifestação, a música “Futuro do País” nunca veio a calhar tão bem. Também levou João Gordo ao palco, que cantou “Crise Geral”. Fechou o festival à altura.
Os 4 palcos espalhados pelo autódromo estavam sempre lotados, o que mostrava claramente que o Lollapalooza conseguiu reunir artistas para todos os gostos. Foram 150 mil pessoas em dois dias de festival, com uma infra-estrutura que também não deixou a desejar. Bares por todos os lugares, ótimas áreas de descanso, o Lolla Market, que deve ter faturado bem, vendendo blusa de moletom no primeiro dia, quando o frio chegou e ninguém esperava por ele, chef’stage e vários foodtrucks e barracas espalhadas por todos os cantos, além da botecaria, área dedicada aos petiscos, roda-gigante, carrossel, balanço e tudo que costumamos ver em festivais mundo afora. Não ficou devendo nada para ninguém. A única falha foi não ter recarga de celular gratuita (e nenhuma marca se preocupou em usar isso como ativação). Caso a bateria acabasse e não tivesse uma bateria extra à mão, teria que desembolsar R$ 50 para recarregá-lo.
O ponto comum em todos os palcos: vários artistas abusaram do papel picado, confete, serpentina e canhão de fumaça. Todos os grandes (e alguns pequenos) tiveram seu momento “explosão” de alguma coisa.
O Lolla Lounge também serviu de refúgio para os mais abonados ou vips, que por lá transitaram em seus 2 andares assistindo aos principais shows de um telão (vi alguns fazendo selfie com o telão! ahn?), comidinhas boas indo e vindo, chopp, drinks, massagem, banheiros quase cândidos. Muitos não se atreveram a sair de lá. Foram mesmo para ver e ser visto e ponto.
No primeiro dia levamos mais tempo para chegar até o nosso portão (7) do que o esperado e acabamos perdendo Eagles of Death Metal. A-Trak sacudia o público com um set pesado e barulhento no palco Trident, que deixou de ser tenda e virou palcão. Eu que já gostei de A-Trak, descobri que ele não me anima mais na pista (envelheci?), mas eu adoraria ser amiga dele.
O que me fez estremecer no 1º dia foi Tame Impala com seu show cheio de psicodelia. Claro que eu adoraria mesmo era estar deitada no gramado para curtir seu som lisérgico, mas estava lá tentando chegar ao gargalo hipnotizada pelas imagens psicodélicas que rolavam no telão. E é isso, Tame Impala hipnotiza. Eu, que passei meses ouvindo “Currents” ininterruptamente, entrei no ritmo do público ao meu redor com “Let it happen” e delirei junto. “Apocalypse Dreams” e “Feels like we only go backwards” trouxeram aquela boa viagem para “fechar os olhos e ir”. Fecharam o show com “New Person, Same Old Mistakes”, que me trouxe aquele momento de felicidade absoluta e a certeza de que valeu a ida ao Lollapalooza.
Die Antwoord foi tudo que eu (e, aparentemente, todo mundo) esperava. Como bem traduziu o Jade Gola, a dupla faz um verdadeiro “ritual xamânico” no palco. Impossível não sucumbir à energia e o corre pra cá e pra lá no palco do Ninja e da bela Yo-Landi, que mostrou a língua e a bunda o tempo inteiro. Eles correm, trocam de roupa várias vezes, provocam e levaram a galera ao delírio. Eles são pop? São e é pop bom, divertido, autêntico. O público cantou todas as músicas com eles. E as projeções divertidas e lindas também prenderam a atenção durante o show. Quando tocou “I fink u freeky” eu senti a vibração das caixas de som e do público cantando e pulando no peito. Fugi para pegar uma cerveja e retomar o fôlego.
Ainda rolaram Eminem, que fez um show burocrático, mas lotou e agradou geral, e Marina and the Diamonds, que já tinha feito eu me perder em algum canto do festival (e sei que perdi um bom show).
No domingo, eu fui mais cedo para fugir do trânsito. Funcionou! Em menos de 40 minutos eu descia ao lado do meu portão 7. O segundo dia me pareceu ainda mais eclético. Teve a música eletrônica do Gramatik e Duke Dumont, o soul do Alabama Shakes, o EDM alucinante do Jack Ü, a belíssima Florence + The Machine, os velhos hits do Oasis com Noel Gallagher e Bad Religion e o show de última hora do Planet Hemp, que me deixou sem fôlego.
Foram por esses palcos que passei. O dia começou bem com Gramatik. Trouxe lembranças antigas, promoveu reencontros com velhos amigos, fez todo mundo dançar. Era uma passada que me prendeu por lá do começo ao fim, de tão bom que estava.
O pecado foi me render ao Duke Dumont e não correr para o show do Alabama Shakes. O momento da escolha: você corre para ver o show da banda incrível que você já viu três vezes ou se rende aos amigos e aos velhos tempos? Escolhi o segundo. Fugi tarde demais para ver a última música do show do Alabama Shakes e bateu aquele momento “ok, você fez a escolha errada”.
Oasis marcou uma boa parte da minha história com a música, mas acompanhei pouco a carreira solo do Noel Gallagher. De qualquer maneira, não resisti em espiar o show, mas não me rendi a ele, porém foi “showzão”. Pelo menos 25% das músicas tocadas eram do Oasis. Quando ele soltou “Champagne Supernova” e “Wonderwall”, não teve como não me emocionar e me remeter a uma época que pareceu distante.
Jack Ü não toca exatamente o tipo de música de que gosto, mas foi impossível não ir conferir a dupla Diplo & Skrillex no palco. Não fiquei até o fim para conferir, mas Jack Ü foi com certeza unanimidade no domingo. Palco lotado e a galera gritando e cantando sem parar. A grama tremeu com remixes de músicas do Justin Bieber, Adele, Calvin Harris e, claro, Wesley Safadão e o MC Bin Laden, que apareceu no palco e cantou “Tá tranquilo, tá coerente”. Foi a segunda vez no dia que o palco Onix tremeu.
Florence + The Machine era uma das mais esperadas do dia. Ter ficado no fundo da multidão não ajudou muito a deixá-la embalar no seu show. Ficamos um bom tempo ainda por lá admirando a bela Florence em seu vestido esvoaçante e seu sorriso constante. Deu aquela vontade imensa de assisti-la em um palco menor e poder vê-la mais de perto. As luzes do palco estavam incríveis, mas lá do fundo não deu para sentir o vigor que talvez tenha tido seu show.
Acabamos fugindo na metade para curtir o Planet Hemp, que não estava nos nossos planos, mas nos segurou até o último segundo. Foi incrível e inesperado. Não há como não se render ao Planet Hemp com um show cheio de discursos políticos, muita luz, muita energia. BNegão e Marcelo D2 fecharam o Lollapalooza com chave de ouro para mim. E foi lindo ter, pela primeira vez, uma atração nacional encerrando um fim de semana mágico como foi esse último. Claro que o Marcelo D2 não resistiu e soltou que sem Snoop Dog e com o Marley morto, quem sobrou? Planet Hemp. Snoop Dog para mim não fez falta, Planet Hemp representou.
Fomos ao festival como a convite da Ray-Ban, que lançou o (lindo) óculos Clubround e fez uma ativação divertida com um tinder da vida real, que faz parte da campanha Open Your Heart Project. Eu fui lá conferir e dei um match no rapaz da foto aí de cima. Abaixo um vídeo produzido pela Gypsy Road durante o Lollapalooza para a Ray-Ban:
Aí vai o playlist com as nossas favoritas do festival:
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.