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Eu adoro fazer road trip e os Estados Unidos são o lugar perfeito para fazer uma. O site Atlas Obscura há alguns anos catalogou road trips feitas a partir de livros onde a estrada é uma das protagonistas da narrativa. Entre todas, a do livro “The Electric Kool-Aid Acid Test”, do Tom Wolfe, foi a que eu fiquei com vontade de fazer. Eu a simulei num mapa para entender quanto tempo eu levaria para fazê-la e quanto gastaria.
“The Electric Kool-Aid Acid Test” (ou em português “O teste do ácido do refresco elétrico”) foi escrito em 1968. A história narra as aventuras dos Merry Pranksters, grupo de pessoas que acompanhavam o escritor Ken Kesey (autor de “Um Estranho no Ninho”) numa viagem pelos Estados Unidos num ônibus escolar. Instalaram som e câmera 16mm para filmarem toda a odisseia, resultando posteriormente no documentário “Magic Trip”. O escritor Tom Wolfe embarcou na viagem para escrever sobre ela, o que resultou no livro, que se tornou uma das principais obras do Novo Jornalismo.
A viagem de Ken Kesey teve início em 1964 com a missão de difundir o uso do LSD, ainda pouco conhecido na época, como instrumento para abrir a mente.
“O psicodelismo, a rebeldia hippie, o idealismo da revolução cultural que marcou a segunda metade do nosso século são descritos por Tom Wolfe, recriando através de uma linguagem alucinógena toda a vertigem daqueles anos. Publicado pela primeira vez em 68, ‘O teste do ácido do refresco elétrico’ foi escrito no calor dos acontecimentos. Logo depois que Ken Kesey, o autor de Um estranho no ninho, se torna um fugitivo da Justiça e parte para o México com seu grupo visionário. O repórter Tom Wolfe sai à cata de uma boa história e depara com um retrato da época, com seu endeusamento das drogas e ruptura moral. O olho clínico de Tom Wolfe revela, por trás da aventura dos jovens revolucionários, a derrocada daquele idealismo quando obrigado a enfrentar o mundo real. Mas deixa transparecer uma dose de simpatia pelas fraquezas daqueles personagens, inebriados com a vida quando ainda não havia sido decretado que o sonho acabou.”
O livro escancara a ingenuidade do grupo de jovens idealistas que tinham a pretensão de mudar o mundo. Ele vai além da reportagem para documentar a viagem, mas recria os primeiros momentos da grande transformação cultural que marcou a segunda metade do século XX.
A viagem completa tem 20.444km e serão necessários 10,5 dias “non-stop” para fazê-la e gastaria cerca de USD2,180 em combustível (quase R$9 mil no câmbio atual). Eu tiraria Calgary, no Canadá, e começaria em Portland, que não está no roteiro. De lá seguiria o roteiro exato do livro, mas provavelmente faria paradas em cidades que o ônibus não parou. De Houston eu desceria pra Brownsville, também no Texas e de lá subiria para Phoenix, no Arizona, seguindo para San Francisco incluindo o roteiro do México (Sonora, Jalisco e Aguascalientes).
O ideal para fazê-la completa seriam pelo menos 40 dias na estrada, já que algumas cidades merecem mais tempo, mas também é possível percorrer em menos de 1 mês parando apenas para dormir. Eu a dividiria em duas viagens. Na primeira eu sairia de Portland (OR) e dirigiria até Houston (TX), somando cerca de 7.764km e 72 horas na estrada (3 dias); na segunda eu faria Houston, Austin, San Antonio e desceria pra Brownsville, Manzanillo (México), subiria para Phoenix (AR) terminando a viagem em San Francisco (CA), somando 6.800 km rodando 70 horas (quase 3 dias).
Confira o mapa completinho da viagem e quem sabe se anime como eu em fazer esta viagem:
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsOlá!
Vi que você linkou um texto meu sobre o livro e foi super bacana reler aquilo, de alguns anos atrás, e ainda mais ler as ideias que você compartilhou aqui. Eu tinha essa ideia meio etérea de fazer um tour dirigindo assim pelos EUA, mas esse roteiro organizado ficou apenas sensacional. Obrigada! :)
que bom que gostou. Eu adorei seu texto… e aaah, agora to aqui passando mal de vontade de fazer essa road-trip… :)
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.