Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Há pouco tempo abriu no País de Gales um restaurante que usa insetos em suas receitas. Essa foi a forma que o chef encontrou para se preparar para um possível futuro apocalíptico em que a produção de alimentos não atenda à demanda de nós, 7 bilhões de humanos. Alguns vão achar a ideia muito extremista, mas quem está acompanhando as discussões ao redor do COP21 em Paris sabe que já estamos beirando o extremo já tem tempo. (Quem não está seguindo, deveria. Recomendo a leitura desse texto aqui para começar a entender o tamanho do problema.)
Mas ok, também não precisamos agora começar a criar baratas para fazer nosso petisco de todo dia. Enquanto não chegamos a esse ponto crítico, tem um monte de gente fazendo coisas incríveis para tornar o mundo mais sustentável e, nesse caso, deixando nossa alimentação muito mais saudável. Quem sabe uma dessas iniciativas não estimula a nossa comunidade a programar um futuro mais bacana.
Por aqui a ‘moda’ dos alimentos orgânicos está ganhando força rapidamente. Os produtos são mais caros, menos ‘bonitos’, mas saber que você não está ingerindo um monte de veneno – que pode levar à morte matar daqui a alguns anos – deveria ser lei. E é, na Dinamarca. O pequeno país europeu se tornou o primeiro do mundo a criar leis para tornar 100% de suas plantações em orgânicas e sustentáveis. A meta é dobrar a área cultivada sem agrotóxicos até 2020 no território e oferecer até 60% da comida de escolas e hospitais do país toda orgânica. Isso sem falar na inclusão das disciplinas de nutrição e agricultura no currículo escolar. E para quem acha que só a área rural está inclusa nessa história, dá uma olhada no que fizeram com esse estacionamento em Copenhagen.
Outro problema sério no fornecimento de alimentação para toda a população mundial é o desperdício. Estima-se que 40% da comida que produzimos acaba no lixo. Pensando nisso, o Parlamento francês aprovou um projeto de lei que obriga supermercados e centros de distribuição a firmar contratos com instituições de caridade para doar todo e qualquer alimento em condições de ser consumido. E os produtos já com o prazo de validade vencido devem ser encaminhados para zonas rurais e usados como ração para animais ou composto orgânico para lavouras. E foi também nos supermercados da França que começou a onda de vender frutas e verduras ‘feias’, em seções especiais com desconto, que foi um sucesso e que agora se alastra pela Europa e pelos Estados Unidos.
Aqui ainda estamos terminando a batalha contra as malditas sacolinhas de supermercado e parece que finalmente as pessoas aderiram às ecobags. Na Europa, tem gente indo muito além. No ano passado, o Original Unverpackt, um mercado experimental em Berlim, rodou as notícias mundiais por ser o primeiro a vender tudo – de alimentos a itens de higiene pessoal – sem embalagens. Você leva seus potes e garrafas, enche, pesa e paga. Não tem vidros guardados? Eles vendem lá os que já foram utilizados. Começou parecendo meio utopia maluca de alemão, mas deu certo. Já existem mercados do mesmo tipo em outras cidades da Alemanha, e também em Paris e Viena.
A pequena Hailey Fort, uma menina de 9 anos de Washington, está fazendo um barulhão com seu projeto Hailey’s Harvest (a colheita de Hailey), que ela mesma criou e está tocando agora com uma campanha de financiamento coletivo. Desde os seis anos, ela começou a ajudar os moradores de rua do bairro onde mora, comprando sanduíches e ajudando a construir abrigos. Mas ela viu que nada disso daria alívio contínuo aos miseráveis. Por isso, construiu no quintal de casa uma horta e passou a produzir alimentos para doar. Ela já arrecadou mais de US$50 mil, e distribui mais de 100kg de comida por ano.
Aqui no Brasil, onde o problema da miséria é muito mais crítico, também temos uma iniciativa simples e muito transformadora para ajudar aos moradores de rua. O empresário Fernando Barcelos achou a ideia na internet e a reproduziu no centro de Goiânia: ele instalou uma geladeira na calçada. Quem tem alguma coisa que não vai consumir, ou que sobrou, basta colocar lá. Assim, quem está procurando comida basta abrir a Geladeira Solidária e pegar o que mais lhe apetecer.
Estamos todos estarrecidos com os acontecimentos da barragem de Mariana e com a completa falta de ação dos responsáveis pela tragédia. Além das mortes, dos desabrigados e da destruição do rio, ainda temos que ver como vai ficar a vida das pessoas que tiravam seu sustento de lá. Agricultores, criadores de gado e, principalmente, pescadores agora precisam descobrir novas formas de sobreviver. Pô, mas que bad isso, nada a ver nesse post!
Calma! Nas grandes desgraças sempre aparecem os heróis. Eu estou aqui tentando acompanhar ao máximo as notícias vindo de Minas, e tem muita coisa bacana rolando. Além da quantidade absurda de doações e de voluntários vindos de todo o país, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a ação rápida e espirituosa de pescadores e ONGs que conseguiram salvar mais de 6 mil peixes da lama tóxica, inserindo-os em açudes construídos. É pouco, mas é suficiente para que o Rio Doce tenha pelo menos a esperança de recuperar parte de sua biodiversidade algum dia. A esperança não morre nunca.
Foto do destaque: Shutterstock – Kati Molin
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.