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Você encara um restaurante que serve insetos?

Quem escreveu

Renato Salles

Data

26 de November, 2015

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Em 2000, nós brasileiros fomos tomados de assalto por um programa de TV que viria a revolucionar a nossa relação com a telinha. O “No Limite” foi o primeiro reality show brasileiro e inaugurou um rol enorme de Big Brothers, Casas dos Artistas, Fazendas e por aí vai. O formato fez muito sucesso, claro, mas eu lembro que uma das cenas mais catárticas desse programa dominical era a prova em que os participantes tinham de comer coisas estranhas, como olhos de cabra, gafanhotos e larvas vivas. O Zeca Camargo jurava que todos os petiscos eram iguarias em algum rincão do mundo, mas eles – e o público – não se convenciam disso, haja vista a cara de nojo com que mastigavam os petiscos.

Fast forward 15 anos (nem é tanto tempo assim!) e o mundo está mudando. Catástrofes naturais, escassez de recursos, população crescente e aquela sensação perene de que a humanidade está à beira do abismo fazem com que muita gente perca o sono pensando em como vamos sobreviver nos próximos anos, décadas e séculos. Uma das maiores preocupações é saber se vai haver comida para todo mundo e, brigas entre carnívoros e veganos à parte, precisamos achar uma nova forma de nos alimentar, diferente daquela a que já estamos acostumados.

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Com isso em mente, o chef Adam Holcroft abriu nesse ano o primeiro restaurante da Grã-Bretanha dedicado à entomofagia, ou o hábito de comer insetos. Ele acredita que os pequenos invertebrados podem ser a solução do futuro para conseguirmos nossa cota diária de proteínas, e, quem sabe assim, deixarmos os mamíferos, aves e peixes em paz. O Grub Kitchen fica em Haverfordwest, no País de Gales, dentro da fazenda de insetos da entomologista Dra. Sarah Beynon, que já é uma atração turística na cidade. A ideia do chef, que não é assim tão ingênuo, não é substituir completamente as carnes por invertebrados. Mas seu objetivo é fazer com as pessoas comecem a encarar essa opção de alimentação com mais normalidade e naturalidade, pois um dia poderemos realmente precisar incluir os insetos na nossa dieta.

larva

O cardápio é todo sazonal, com ingredientes orgânicos e pratos bem elaborados. Alguns não assustam tanto, como os preparados com massa de farinha de grilos torrados e triturados. Outros já são mais tensos, como os burritos de larvas, o hambúrguer de bicho-da-farinha, grilo e gafanhoto servido com polenta frita, e o sorvete de lagarta. Mas calma, para os fracos, tem comida “normal” também (se quiser ver o cardápio completo, confira aqui). Normal, assim entre aspas, porque a FAO indica que mais de dois bilhões de pessoas ao redor do mundo se alimentam regularmente de insetos. No Japão se come vespas, na Tailândia, formigas, e em alguns países africanos se come mariposas e cupim (não o do boi).

grilo

Eu estive na Tailândia e vi aquele monte de escorpiões e besouros fritos para vender, mas parecia muito golpe pega-turista, porque não vi nenhum local se deliciando com um espetinho por lá. Mas pesquisando um pouco sobre a entomofagia, descobri que ela está mais perto do mundo ocidental do que imaginamos. O próprio Noma, dito o “melhor restaurante do mundo”, usa formigas nos pratos com bastante frequência. E fora isso, achei ainda algumas listas de restaurantes que servem insetos em Nova York, nos Estados Unidos, e até no mundo todo. A proposta me parece bem interessante, mas enquanto o futuro não chega, vou continuar me deliciando com os petiscos tradicionais.

As fotos do post são todas do instagram do Instagram do restaurante.

Foto do destaque: Shutterstock – wasanajai

Quem escreveu

Renato Salles

Data

26 de November, 2015

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Renato Salles

Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.