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Entre Almas e Autômatos: o futuro do trabalho segundo o SXSW 2025

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

22 de March, 2025

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O futuro do trabalho pulsa entre vulnerabilidade humana e inteligência artificial — e isso é mais bonito do que parece.

O futuro do trabalho deixou de ser uma questão de produtividade para se tornar, cada vez mais, um tema emocional. No SXSW 2025, a inteligência artificial não foi tratada apenas como ferramenta técnica, mas como parte de um novo ecossistema de relações — onde vulnerabilidade, escuta e presença ganharam protagonismo.

Entre os painéis do evento, a palavra “vergonha” surgiu com frequência inesperada. Segundo os participantes, essa emoção silenciosa tem sido uma das principais barreiras à conexão entre lideranças e equipes. Ao invés de metodologias e hacks de performance, o que se viu foram falas pedindo mais coragem para o desconforto — e mais disposição para conversar sobre o que muitas vezes fica implícito.

Brené Brown foi uma referência constante ao longo do festival, mesmo sem estar presente em muitos palcos. Seu trabalho sobre emoções no ambiente corporativo apareceu como pano de fundo para diversas discussões. Uma de suas frases mais repetidas sintetizou bem o clima geral: “Sucesso sem alegria é um alerta.”

Em meio a esse cenário, Mike Bechtel, da Deloitte, destacou um novo tipo de perfil profissional. Para ele, “expertise está superestimada. O futuro favorece quem conecta, não quem domina tudo.” É a valorização dos chamados polímatas: pessoas que navegam por múltiplos saberes, integram ciência e sensibilidade, e entendem a IA não como substituição, mas como expansão.

O conceito de simbiose entre humanos e máquinas foi aprofundado por Neil Redding, que propôs a ideia de “negócio autoevolutivo” — um sistema que não apenas automatiza tarefas, mas transforma decisões e culturas organizacionais a partir de erros e aprendizados. Nessa lógica, liderar deixa de ser um exercício de controle e passa a ser um ato de curadoria: de presença, de escuta, de conexão.

Um dos momentos mais marcantes do evento veio de uma provocação feita por Thom Singer. Ele perguntou: “Quando foi a última vez que você almoçou com alguém 30 anos mais novo — ou mais velho — que você?” A pergunta gerou silêncio, seguido por risos desconfortáveis. A reflexão levantada ali ultrapassava a faixa etária: falava sobre a falta de diálogo real entre gerações dentro do universo do trabalho.

A discussão sobre liderança emocional voltou com força. O conceito de KPH — Key Performance Human foi apresentado como contraponto aos tradicionais KPIs. O foco, segundo vários painéis, passa a ser não apenas o que é entregue, mas como se sustenta o corpo, a mente e a coragem no processo. E isso, como afirmaram muitos dos speakers, “nenhuma IA pode fazer por você.”

Outro ponto alto do festival foi o painel Octavia Knew, que reuniu mulheres negras para pensar futuros possíveis a partir da resistência, do afrofuturismo e da imaginação radical. Termos como tecno-mulherismo, justiça alimentar e histofuturismo fizeram parte da discussão, propondo que o trabalho seja não apenas ocupação, mas também ferramenta de liberdade e reconstrução coletiva.

Ao final, a sensação deixada pelo evento foi clara: o trabalho que vem não cabe mais nas estruturas tradicionais de RH. Ele está nos corpos que pedem pausas, nos criadores que trocam métricas por comunidade, nos líderes que assumem incertezas sem medo.

Quem escreveu

Lalai Persson

Data

22 de March, 2025

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Lalai Persson

Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.

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