Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Participei do SXSW EDU, em Austin, e o que eu posso adiantar é que responsabilidade será uma diretriz importante na educação! Responsabilidade social, responsabilidade com a saúde mental dos estudantes e com o aprendizado baseado em evidências – porque pasmem, o negacionismo também invadiu a educação e isso não será mais aceito no mundo.
Em “The Right to Read”, filme que estreou no festival ontem, profissionais da educação se reúnem pra exigir o direito básico à leitura, que em muitos lugares nos Estados Unidos é ensinado com métodos ultrapassados que prejudicam as crianças, especialmente as não brancas.
Outros profissionais discutem como lidar com a censura. Em determinados estados é proibida a discussão de identidade racial nas escolas ou qualquer abordagem com a palavra gay. A palestra do Paul Emerich France foi primorosa nesse assunto. Ele é autor do livro “Reclaiming Personalized Learning: a pedagogy for restoring equity and humanity in our classrooms”.
Paul France dividiu conosco as estratégias para criamos turmas mais humanas e fortalecermos a equidade no mundo através da educação:
Fiquei encantada também com um projeto que ensina criatividade e programação a partir de problemas de negócios locais na comunidade, a Ed Farm, onde os alunos aprendem a programar e a fazer filmes para resolver as necessidades dos negócios do bairro, como uma padaria que precisa de automação, por exemplo, ou de um site, ou de mais presença nas redes.
Pois é, esperamos encontrar tecnologia, realidade aumentada e inteligência artificial e isso está aqui, ontem vi a palestra da Roblox, um metaverso que conta com 55 milhões de crianças em suas plataformas de jogos e está preparando lançamentos para a educação com experiências imersivas.
Fiquei bastante decepcionada quando perguntei para a diretora de desenvolvimento da plataforma o que eles preveem pra combater o conteúdo pornográfico associado à marca – já que os usuários podem criar suas próprias histórias e muitos deles fazem isso e depois postam no Youtube (pensa num show de horror). As crianças assistem achando que são cenas de jogo, mas na verdade é conteúdo adulto da pior qualidade. A resposta dela: “Não podemos fazer nada, isso é a internet. A única coisa possível é tornar as crianças consumidores mais responsáveis”. Será? Eu esperava ao menos uma resposta institucional de que apoiam algumas iniciativas, mas não. Voltamos para a abertura desse texto: Cadê a responsabilidade?
Comunidade, equidade, humanidade, tudo junto e misturado com tecnologia.
E você, está assumindo a responsabilidade pela educação das próximas gerações?
Como disse o Paul em sua palestra: “não fazer nada não é uma opção”.
Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.