Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O SXSW Music apresenta mais de 1.400 bandas e artistas em sua edição 2023, que começa no próximo dia 13 de março. Você pode conferir aqui algumas das nossas apostas.
A minha última ida ao SXSW foi totalmente dedicada à música e foi uma das edições que eu mais curti e vi tantos shows que não consigo contar. Navegar pelo festival de música no SXSW não é uma tarefa fácil. Sempre que alguém novato vai ao festival surge a pergunta: Mas quando divulgam os nomes mais conhecidos? Então, o SXSW Music não é sobre isso. O festival nasceu como palco para artistas mostrarem seu trabalho em showcases para profissionais da música que trabalham em selos, publicações de música das mais diversas, agentes, festivais, etc., vão para o SXSW em busca de novos talentos.
Claro que sempre há nomes mais conhecidos, inclusive do porte do New Order, mas esses são levados pelo próprio SXSW ou por selos, países que querem promover sua música local ou marcas que fazem ativação usando a música para conectá-la com seu público.
Quando abrimos a agenda de música e nos deparamos com mais de 1.400 artistas e bandas e praticamente não reconhecemos um nome sequer, bate um desespero! Mas não se desespere e vem comigo.
Há algumas formas de navegar pelo festival, uma delas é a mais fácil de todas: siga o fluxo assistindo aos shows que surgem pelo caminho; montar a agenda a partir de um estilo musical que você gosta; ou procurar por selos, plataformas e publicações que tem o seu estilo, pois muitos deles apresentam showcases no SXSW. Quem gosta de punk e rock, por exemplo, a British Music Embassy não decepciona. Eu já vi shows memoráveis por lá, como promete ser o da banda Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs Pigs.
Eu incluo tudo que me chama atenção na agenda, mas coloco lembretes nos que eu quero muito ver e vou checando a agenda por localização enquanto circulo pra cima e pra baixo. Quer muito ver um artista/banda? Chegue sempre dois shows antes pelo menos para não correr o risco de não entrar ou garanta seu fura-fila com o sxxpress.
O Radio Day Stage, a grande sala que recebe os keynotes e vira palco depois para a música de uma maneira diferente de todos os outros palcos do festival; e o International Day Stage, costumam contar com uma curadoria primorosa. Já vi shows inesquecíveis por lá de artistas que decolaram meses depois, com a Sudan Archive, que tocará no dia 16, no showcase Rolling Stone Future of Music, e no dia 17, na ativação da Coca-Cola.
Eu também sigo a programação de algumas venues que mantiveram a qualidade da curadoria ao longo dos anos, trazendo marcas/revistas/festivais/etc. que tem o perfil para ocupar a casa durante o SXSW. Eu sempre tenho ótimas experiências no Mohawk, Cheer Up Charlie’s, Stubb’s, Hotel Vegas, Antone’s, Las Perlas, Elephant Room para quem gosta de jazz, Parish, Esther Follie’s, Central Presbyterian Church, entre outros.
Já na casa de países, eu sempre me surpreendo com a programação da Austrália, Canadá, que está com uma extensa agenda de 13 a 18.03, e a Alemanha, que me levará com certeza para ver o Gewalt para suprir minha paixão pela música industrial.
Festivais que contam anualmente com ótimos line-up e apresentam showcases no SXSW costumam não decepcionar. Esse ano tem vários, como o Levitation, que faz seu showcase no dia 16, no Hotel Vegas Patio; o Iceland Airwaves, que traz uma leva de artistas islandeses para se apresentar no dia 16, no Driskill.
Além de toda a programação oficial, com palcos patrocinados por marcas, plataformas, países, selos, festivais, revistas, etc., há também as ativações não oficiais que acontecem em torno do SXSW, em que é necessário ter RSVP, pois é aberto para todo mundo. Muitas vezes são nesses palcos que acontecem shows de artistas mais conhecidos.
A grande destaque dessa edição é o New Order, que toca no Moody Theater, casa com capacidade para um público de 2.750 pessoas, ou seja, vamos ter que no estapear para conseguir entrar ou dar muita sorte com o sxxpress (disponível para quem tem a badge Platinum). Rola também o The Zombies, em dois shows, um deles no encerramento no domingo. Esse também não dá para perder.
O produtor grego Theodore foi uma das boas surpresas de 2018 num show intimista numa das igrejas de Austin. Acompanho sua carreira desde então, inclusive eu vi um show dele novamente em Berlim. Tem tocado em grandes festivais, como Primavera Sound. O som? É música eletrônica, meio ambient, com um vocal etéreo que nos embala para outra dimensão. Lindo de morrer. Ele faz 2 shows: 14.03, às 19h, no Shangri-la; e no dia 16, às 16h, no International Day Stage.
Tangerine Dream foi formada por Edgar Froese nos fim dos anos 1960 na Alemanha Ocidental, também considerada uma das pioneiras na música eletrônica ao lado do Kraftwerk. A banda acabou enveredando por uma carreira de trilhas sonoras para filmes, em especial de terror. Froese, o único membro original, se manteve ativo até sua morte em 2015 e hoje o Tangerine é liderado por Thorsten Quaeschning, que está na banda desde 2005. O show deve ser lindíssimo demais e essa seria minha terceira tentativa em vê-los ao vivo se não fosse eu ir embora justamente no dia em que tocam, dia 17.03, à 0h40, no Parish. Se eu fosse você, eu não perderia.
Conheci o trio colombiano BALTHVS pesquisando na agenda deste ano do SXSW. “Vapor Waves” me pegou de jeito. Funk meio psicodélico gostoso com cara de trilha sonora para festa em fim de tarde à beira da piscina. Inclusive eles dividem o palco no dia 17.03 com os brasileiros BIKE. Eles tocam às 13h, no International Day Stage.
Minha veia roqueira volta com tudo durante o SXSW. O ótimo rock de garagem barulhento do James and the Cold Gun os levaram a abrir show do Pearl Jam em Londres. Eu teria preferido o show de abertura nesse caso. Tocam dias 16.03, às 18h, no International Day Stage, e dia 17, às 12h, no Augustine. É o tipo de banda que a gente acha que já ouviu e adora sempre.
Adoro shows étnicos de bandas de regiões desconhecidas, como a Armênia, no caso da big band Tmbata Orchestra, que eu sempre acho melhor ao vivo do que em estúdio. Eles são Avant-Garde Folk, Folk-Rock ou, se preferir, world music, como eles se auto-denominam. Tocam dia 16.03, às 20h, no Flamingo Cantina; e dia 17, às 13h, no International Day Stage.
Para quem curte rock, o Brooklyn Vegan fez uma lista com os 15 artistas para ficar de olho em 2023 (quero muito ver a Blondshell dessa lista) em que a maioria deles se apresentam no SXSW. Eu coloquei todos eles na playlist abaixo e na minha agenda que você pode seguir aqui. Estou também no grupo do WhatsApp e darei minhas pílulas diárias por lá quando estiver rodando pelos palcos do festival.
Nos vemos em breve!
Lalai prometeu aos 15 anos que aos 40 faria sua sonhada viagem à Europa. Aos 24 conseguiu adiantar tal sonho em 16 anos. Desde então pisou 33 vezes em Paris e não pára de contar. Não é uma exímia planejadora de viagens. Gosta mesmo é de anotar o que é imperdível, a partir daí, prefere se perder nas ruas por onde passa e tirar dicas de locais. Hoje coleciona boas histórias, perrengues e cotonetes.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.