Berlim 24 horas

O dia-a-dia de quem mora em Berlim com dicas culturais, gastronômicas e de passeios para todos os gostos e bolsos.

Decoding

Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.

Festivais de música

Os melhores festivais de música do Brasil e do mundo num só lugar.

Fit Happens

Aventura, esporte, alimentação e saúde para quem quer explorar o mundo.

Quinoa or Tofu

Restaurantes, compras, receitas, lugares, curiosidades e cursos. Tudo vegano ou vegetariano.

Rio24hrs

Feito com ❤ no Rio, para o Rio, só com o que há de melhor rolando na cidade.

SP24hrs

Gastronomia, cultura, arte, música, diversão, compras e inspiração na Selva de Pedra. Porque para amar São Paulo, não é preciso firulas. Só é preciso vivê-la.

SXSW

Cobertura pré e pós do SXSW 2022 com as melhores dicas: quais são as palestras, ativações, shows e festas imperdíveis no festival.

SXSW Edu 2022 e oportunidades de educação à frente

Quem escreveu

Chicken or Pasta

Data

11 de April, 2022

Share

Normalmente, prefiro não dar spoilers, porém preciso fazer isso nesse texto. A pergunta do título do artigo tem duas respostas. A primeira: esse futuro é complexo e com muitas possibilidades de exploração. A segunda: essas muitas possibilidades são também oportunidades. Será necessário explorar muitas delas, e isso só será possível com esforço coletivo.

A complexidade da questão ficou em alta na edição deste ano do SXSW Edu, conferência sobre educação que acontece desde 2011 em Austin, nos Estados Unidos. Mas essa análise permite uma síntese. Conversando com outras pessoas que participaram do evento, ficaram nítidas as muitas similaridades nos desafios educacionais, mesmo em contextos e países totalmente diferentes. O mundo está preocupado com os efeitos da pandemia na educação pública, que alargam as diferenças na qualidade e no acesso à educação.

O secretário de Educação dos Estados Unidos, Miguel Cardona, fez um apelo bem direto: “vamos romper o sistema juntos”. Ele não levou respostas prontas, mas listou problemas que afetam o mundo inteiro. “Quanto talento perdemos porque o sistema não é desenhado para todos?” foi só uma das questões incômodas na conversa.

Podemos começar a construir um novo sistema identificando as janelas de oportunidade, extrapolando o aprendizado para fora da escola e da sala de aula. “A aprendizagem é melhor quando há conexão com o mundo real”, disse Alex Terrana, da Universidade Minerva, em um painel sobre método científico no dia a dia. E essa relação entre aprendizagem e o mundo real se aplica também ao contexto da educação profissional e corporativa.

A formação e desenvolvimento de pessoas para o mercado de trabalho é um desafio transversal na educação. Já precisamos lidar com a dificuldade de formar pessoas para o mercado de trabalho atual, e ainda há um exercício para prever quais serão as habilidades necessárias para trabalhos que irão surgir nos próximos cinco ou dez anos.

E qual o caminho?

O caminho para desenhar (ou tentar prever) o futuro da educação, é um grande esforço coletivo e que parte da premissa de colocar as pessoas que estão aprendendo no centro das discussões e ações. Ou seja, entender seus cenários, expectativas e condições, para conseguir pensar e testar soluções de desenvolvimento que façam sentido.

Universidades e colégios historicamente negros (na sigla em inglês, HBCUs) têm feito parcerias com empresas para que estudantes consigam desenvolver as habilidades necessárias para conseguir um emprego. No SXSW Edu, Michael Sorrell, reitor da Paul Quinn College, comentou sobre a criação de cursos de curta duração, de maneira que as pessoas consigam entrar e sair das escolas para se manterem relevantes no mercado de trabalho.

No painel “Closing the Opportunity Gap”, Craig Wilson, da Universidade do Arizona, comentou que as “microcredenciais” são importantes, mas não podem ser vistas como o “fim” do processo de aprendizagem, mas como uma parte do processo de desenvolvimento constante. Ou seja, o futuro da educação está diretamente ligado ao aprendizado pela vida toda, o lifelong learning.

O caminho é parecido e igualmente complexo no contexto corporativo. Para entender essa complexidade, é importante pensar em soluções simples, e não em saídas mirabolantes e altamente tecnológicas. Na minha experiência desenhando soluções de aprendizagem para organizações, um bom ponto de partida é a própria organização e suas lideranças estimularem a aprendizagem como um pilar da cultura. Como? Ouvindo as pessoas, suas necessidades e anseios; disponibilizando tempo e recursos para que a aprendizagem aconteça dentro do horário de trabalho, e se possível, entre os pares. Toda organização é um mar de conhecimento, e isso fica mais claro quando promovemos a aprendizagem social e um senso de comunidade. Pense quantas vezes você pediu ajuda àquela pessoa que sentava perto de você, porque a enxergava como uma referência.

Criar a comunidade e ouvir as pessoas ajuda na correção de rotas para o futuro incerto e para a mudança dos perfis de trabalho. Ajuda na mentalidade ágil e criativa para desenvolver trilhas de conteúdos de aprendizagem que tenham o ofício como objetivo final. Esse ponto é especialmente importante em funções mais operacionais, que estão mais suscetíveis às mudanças tecnológicas, e que tradicionalmente não têm conteúdos desenvolvidos especialmente para elas.

Não tenha medo de fazer perguntas. Se você quer e pode levar alguma mudança à área responsável por Treinamento e Desenvolvimento na organização em que trabalha, leve questões às pessoas que trabalham com você, a colegas de outras organizações, a facilitadores de aprendizagem, na academia, em escolas técnicas ou e, escolas livres.

Algumas perguntas podem ser feitas para esse processo:

● Dentro da sua organização, quais são as pessoas e ocupações mais “ameaçadas” pela automação e digitalização?

● Quais são as habilidades que as pessoas precisam e querem desenvolver? Quais são as habilidades que elas dominam e que são úteis para o ofício?

● Como potencializar e partilhar o conhecimento já existente? Posso promover mentorias entre pares, workshops, rodas de conversa?

● Quais os caminhos para garantir qualidade e equidade no acesso às informações e conteúdos para o desenvolvimento dessas pessoas?

Elabore e rode pequenos experimentos, colha os comentários, faça as melhorias, repita a operação. Acredite e celebre a responsabilidade e autonomia das pessoas, crie condições para que as pessoas tenham acesso aos recursos e conteúdos de maneira ampla e com equidade.

Não dá para prever o futuro, apenas entender os sinais e algumas tendências. E o compartilhamento de conhecimento e a construção coletivas nos dão muito espaço para construir repertório e soluções para esse mundo complexo e desafiador.

Texto por *Felipe Menhem é jornalista de formação e trabalha com educação há mais de dez anos, com passagens em projetos de ensino técnico-profissional e como consultor em aprendizagem corporativa. Atualmente, está no Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação. Vai a Austin para o SXSW e SXSW EDU desde 2016

Quem escreveu

Chicken or Pasta

Data

11 de April, 2022

Share

Chicken or Pasta

Ver todos os posts

    Adicionar comentário

    Assine nossa newsletter

    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.