Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Indicamos 5 livros escritos por mulheres, indicados pelas mulheres com mais bom gosto literário à nossa volta.
Eu não sei você, mas nesses últimos 365 dias pandêmicos, buscar como ocupar a mente foi um exercício constante. E para não deixar as caraminholas da minha cabeça me sufocarem, um dos refúgios mais preciosos que achei para a mente e para a alma foi mergulhar na leitura. 2020 foi o ano que li mais livros na vida, e já comecei 2021 determinado a dobrar a meta.
Para saber o que ler a seguir, eu sempre sigo dicas de gente que gosto muito e que confio no bom gosto quando o assunto é literatura. E curiosamente, a maioria desses private-influenciadores são mulheres fabulosas. Então, considerando que acabamos de passar pelo tão (não suficiente) celebrado Dia Internacional da Mulher, eu pedi a essas musas inspiradoras incríveis para indicarem livros escritos por mulheres super poderosas, que marcaram a vida delas.
Eu, pelo menos, já tirei algumas várias boas dicas dessa lista, que já entraram na minha fila de livros para ler esse ano. Espero que você também se inspire!
‘A Bolsa Amarela’, de Lygia Bojunga Nunes, é minha primeira memória afetiva de leitura. Eu tinha uns 10 ou 11 anos quando ganhei o livro, e guardo a minha edição de 1992 até hoje. A história da Raquel, Afonso, Fecho, Guarda-Chuva, Terrivel e do mundo todo dentro daquela bolsa foi meu primeiro grande amor literário. Reli há pouco tempo, e me apaixonei tudo de novo.
Patrícia Ditolvo – arquiteta, formada em Letras, carnavalesca do Bloco do Apego, criadora do @criticasinstantaneas (um dos melhores clubes do livro online!), mediadora de grupos de leitura e acumuladora de livros.
Eu só soube da existência da Joan Didion após assistir seu documentário na Netflix há uns 2 anos e fui ler algo seu apenas agora, em 2021. ‘O Ano do Pensamento Mágico’ é livro belíssimo e sensível sobre o luto. Nele, Didion narra a morte inesperada do marido, com quem foi casada por mais de 30 anos, que acontece num momento em que sua única filha está internada muito doente num hospital. O livro abre com “A vida muda num instante. Num dia normal”, frase que permeia toda a sua vivência do luto numa escrita tocante e honesta. A narrativa mescla entre o confessional, literário e jornalístico. Didion recorre também a poemas, estudos e às suas memórias do casamento e da maternidade. Ela escapa do que seria esperado nesse tipo de leitura, a auto-piedade. É um livro sobre superar ou atravessar perdas que deixam um vazio tão grande que achamos que não vamos resistir.
Lalai Persson, fiel escudeira desse CoP, berliner em construção e aventureira em busca da própria criatividade.
‘No fim do ano passado, trancada em casa por conta do inverno e de todas as restrições aqui da Espanha, tive um encontro especial com Joan Didion. Comprei uma edição do seu livro “O Ano do Pensamento Mágico” ilustrada pela artista Paula Bonet e confesso que o julguei pela (linda) capa. O ditado se provou falido e o que encontrei foi a mais bonita e lúcida definição de luto que já li. Joan usa sua prosa tão própria para narrar de maneira íntima o ano que sucedeu a morte repentina do escritor John Gregory Dunne, seu parceiro há 40 anos. Simultaneamente, Joan também vivia a dor pela doença de sua única filha, que viria a falecer pouco tempo depois. Apesar de parecer triste e dura, a narrativa de Joan transforma o luto em algo mágico e de nenhuma maneira tétrico. Seu olhar diante do que aconteceu transborda amor, saudade, cumplicidade e transforma o peso da morte em uma linda homenagem a seu marido que, certamente, corrigiria o rascunho da obra assim como havia feito com todos os textos pub‘
Amanda Foschini, jornalista e escritora auto-parida (ela acaba de publicar seu primeiro livro, RESPIRA – Diário da Pandemia), que está em sintonia com a Lalai e não termina as frases como a Joan Didion.
Quando li a sinopse do “Maternidade” da Sheila Heti, não pude resistir. A escritora narra seu relato íntimo sobre a questão de ser mãe. Ao chegar aos 40, começa a se questionar em ter filhos, apesar de nunca ter considerado realmente o fato. Em sua jornada, ela nos conta sobre os padrões sociais que a rodeiam e pressionam, sua relação com o namorado e o mais importante: conhecer a si mesma para tomar essa decisão. A maternidade é o que há de mais sagrado nesse mundo. Sem ela, não estaríamos aqui (obviedades). Mas ao tomar a decisão de não gerir um ser humano, uma mulher é julgada de diversas formas. Por homens (claro) e o que mais dói, por outras mulheres. “Mas você não pensa em ter filhos?” é uma pergunta muito indelicada. Primeiro que já começa com um “mas”, condicionando a resposta que a pessoa deve dar. Segundo porque milhões de mulheres não podem ter filhos e isso pode ser um grande trauma, gerando um mega gatilho No meu caso, quando respondo que não quero e nunca quis, as pessoas tiram mil conclusões sobre mim. Além das veladas, já escutei que sou egoísta, que não devo gostar de crianças, que nunca vou sentir o maior amor do mundo e o clássico “quem vai cuidar de você quando estiver velha?”. E a egoísta sou eu. Já a Sheila Heti divide com a gente uma história que emociona mães e não-mães com sua sensibilidade sobre um tema relevante a todas as mulheres e ao feminismo: a maternidade e a jornada de cada uma para tomar essa decisão. Que nunca é fácil, nem para o sim ou o não.
Sarah Sioli – outra CoPer inveterada, viajante com abstinência e muito bem resolvida com a sua não-maternidade.
A Maria Valéria é uma das minhas autoras brasileiras preferidas, uma mulher com voz e trajetória únicas, com história de luta contra a ditadura militar e dedicação de décadas à educação popular. Esse livro “Outros Cantos” é uma narrativa de viagem com tom autobiográfico, passado em algum ponto não identificado do sertão nordestino, costurando lembranças do passado em lugares como Argélia e México. É um livro que não raro eu dou de presente pras pessoas.
Gaia Passarelli – escritora, viajante, mãe de gente e de gatos e consumidora ávida de cafés, vinhos e risadas.
Dos últimos que li e que gostei bastante, um que me pegou muito foi o ‘A Estrangeira’ da Claudia Durastanti. A protagonista é uma mulher que foi criada pelos pais surdos, que tiveram uma trajetória de vida fora do convencional, o que reflete nas suas dinâmicas familiares. De origem italiana, mas com parte da família já fazendo parte da comunidade italiana no Brooklyn, a protagonista, que nasceu nos EUA, transita entre essas duas culturas enquanto vai crescendo. Depois de adulta se muda pra Londres e lá continua com um sentimento que a acompanha desde sempre: o de se sentir uma estrangeira. Um livro que me fez embarcar nas reflexões da autora, com muitas referências de música e cultura no meio, e um estilo próprio misturando romance, memórias e autoficção. Adorei e recomendo!
Camila Campolina – mineira em SP, foodie de baixo orçamento, people-streamings-book person e louca de saudades de viajar.
*Imagem de destaque: PxHere.com
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.