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A pandemia do coronavírus mudou muitas coisas que para nós eram imutáveis. Bali, uma ilha que vivia majoritariamente do turismo, não esperava por essa mudança – e quem esperava não é mesmo? Coronavírus chegou com tudo. A quarentena parece um Nyepi, o dia do silêncio balinês, extendido e sem previsão de acabar.
80% da população vivia do turismo trabalhando em hotéis, agências e demais serviços ligados a área hoteleira. Por isso, o coronavírus de fato remodelou a ilha rapidamente. E não sabemos se ela será mais a mesma.
Quem teve a oportunidade de estar em Bali durante a quarentena (eu mesma, e só agradeço), conseguiu viver em uma Bali que se assemelha a Bali de dez ou mais anos atrás: com pouco trânsito, negócios fechados, poucos turistas e com os preços de produtos e serviços muito acessíveis.
Muitos indonésios passaram por dificuldades por perderem seus empregos e clientes, mas, especificamente em Bali, muitas ações dos banjars (comunidades locais), organizações e negócios ajudaram as pessoas a se reinventarem no mercado de trabalho e também a receberem ajuda. Várias famílias voltaram a trabalhar com serviços como agricultura e pesca local.
Os locais mais turísticos da ilha como Seminyak e Kuta ficaram vazios, até parecendo cidades fantasmas. Não ouvimos mais nas ruas os vendedores negociando a venda de seus produtos e nem as ibus (“mulheres” na língua indonésia) oferecendo uma massagem no meio da rua, algo tão comum no dia-a-dia em Bali. Quem conhece, sabe bem.
No geral, os bules (como os indonésios chamam as pessoas que não são locais) que estão na ilha agora, sabem falar indonésio e estão aqui há anos. Algo muito interessante, porque é possível reconhecer os “gringos” moradores da ilha em todos os lugares agora.
No meu caso, estou apenas há dois anos por aqui, mas é notável o tamanho da comunidade de estrangeiros que passam bons anos pela ilha. Algumas pessoas estão há mais de 10 vivendo aqui.
Ao contrário do esperado, Bali conseguiu reagir e conter o coronavírus, o que permitiu que as pessoas que estavam na ilha se sentissem no melhor lugar para se estar no mundo: com uma versão com menos turistas, muita estrutura e um lugar, sobretudo, seguro para se estar. Os preços das villas (casas luxuosas em Bali) caíram bruscamente, assim como os preços dos restaurantes, bares e lojas.
Houve até rumores de que a ilha é imune ao coronavírus (talvez as fortes orações dos balinesas?) Para quem pensava em conhecer a ilha, o governador recentemente adiou a abertura de Bali de setembro para reabrir apenas em 2021.
O objetivo desse texto era apenas compartilhar essa outra realidade paralela do que está acontecendo em Bali. Em uma visão positiva, acredito que o turismo em Bali também vai se reinventar e já vem se reinventando muito, repensando seus espaços, formatos e entretenimento.
Se a ilha nunca mais for a mesma, torço para que seja uma melhor versão atualizada e melhor, buscando um turismo sustentável. Talvez Bali aprenda algo significativo com esse momento.
Fotos por Angela Mansim.
Designer, especialista em perrengues, comida de rua, gestão de marcas e trabalho remoto. Come, dorme e se teletransporta por aí no jeitinho simples da vida local. Radicada em Bali e procurando sempre a próxima ilha para ancorar.
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