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Quando pensamos em arquitetura contemporânea, logo vêm à mente prédios arrojados e meio robóticos, que parecem conversar mais com o que imaginamos do que o mundo vai ser do que com o que ele já é. A exposição do arquiteto japonês Tsuyoshi Tane, ‘Arqueologia do futuro – Memória & Visão’, que abre hoje na Japan House, desconstrói completamente essa ideia.
Tsuyoshi Tane nasceu em Tóquio há apenas 40 anos, e hoje comanda um celebrado, prolífico e criativo estúdio de arquitetura baseado em Paris. Seu trabalho ganhou interesse internacional desde que ganhou o concurso do Museu Nacional da Estônia, então com apenas 26 anos. Desde então, Tane já fez projetos diversos no Japão, França, Suíça, Dinamarca, Hong Kong e Butão.
A exposição que chega à Japan House, curada pelo próprio arquiteto, não foca nos projetos em si, mas em todo o processo criativo que ele desenvolve antes de projetar. Para Tsuyoshi Tane, antes de se pensar a arquitetura como o novo espaço que vai ocupar cada lugar, deve-se investigar profundamente a história e a memória dele. Daí o nome da exposição. Em cada um dos 15 projetos apresentados na mostra, agrupados estão fotos históricas, materiais diversos, estudos de volumetrias, vídeos, e uma série de referências que constroem um universo conceitual que serve de alicerce para a construção que surge dali.
O resultado de toda essa pesquisa se materializa em maquetes de diversos tamanho, mas sempre com um nível de detalhe impressionante. Antes mesmo de se ver os edifícios construídos (nessa exposição eles só aparecem em projeções na entrada e em poucas fotos espalhadas pelas paredes), você consegue ter uma visão espacial muito clara por elas. O olho atento vai perder longos minutos apreciando as representações em miniatura de escadas esculturais, pisos de madeira e cerâmica minúsculos, guarda-corpos minuciosos.
Além do espetaculoso Museu da Estônia, outras obras impressionam, como o Museu Arthur Rimbaud, o Restaurante Maison, as Torres Gêmeas no Empreendimento Kai Tak, e a sua proposta para o novo Estádio Nacional do Japão. Esse último fez parte de um concurso vencido por Kengo Kuma, mas seu projeto inspira. O domo de seu estádio se eleva do solo como uma montanha, e como tal é coberta por uma floresta, formando um imenso parque elevado. Impossível não se emocionar com uma ideia dessas.
A arquitetura de Tsuyoshi Tane pensa o futuro só depois de olhar para trás. Talvez ele tenha muito a ensinar para a contemporaneidade, que só sabe pensar o futuro virando as costas para suas origens.
Tsuyoshi Tane: Arqueologia do Futuro – Memória & Visão
Japan House – Av. Paulista, 52
Até 13 de outubro
Terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 10h às 18h
Entrada gratuita
*Imagem de destaque: Renato Salles
Para o Renato, em qualquer boa viagem você tem que escolher bem as companhias e os mapas. Excelente arrumador de malas, ele vira um halterofilista na volta de todas as suas viagens, pois acha sempre cabe mais algum souvenir. Gosta de guardar como lembrança de cada lugar vídeos, coisas para pendurar nas paredes e histórias de perrengues. Em situações de estresse, sua recomendação é sempre tomar uma cerveja antes de tomar uma decisão importante. Afinal, nada melhor que um bom bar para conhecer a cultura de um lugar.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.