Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Chegou ao fim a nona edição do SXSW Edu, evento que reuniu, de 4 a 7 de Março, em Austin (a efervescente e singularíssima capital do Texas) mais de 15 mil interessados – professores, alunos, gestores escolares e intelectuais – para ver de perto o que está acontecendo de mais bacana mundo afora no campo do ensino, além de espiar as novas tendências e caminhos da educação.
Reconhecido mundialmente como o maior festival de inovação, o já consagrado SXSW empresta sua fama e curadoria para tratar, na versão educação, dos temas mais em pauta nas rodas de conversa de educadores do mundo todo: desde questões políticas, passando por grade curricular, formação de professores até, como não podia deixar de ser, a tecnologia, marca registrada do SXSW. No entanto, foi curioso observar que, em muitas mesas e sessões, a outrora aclamada Edtech não foi tão enaltecida como de costume: “Eu não acredito que a tecnologia vá dominar tudo. Ela amplifica, multiplica o que fazemos, cura doenças. Mas também permite que a gente destrua uns aos outros e destrua o meio ambiente. Se não ensinarmos amor, compaixão e ética, não teremos feito nosso trabalho como educadores” afirmou Patrick Awuah Jr., fundador da Ashesi University. A plateia aplaudiu entusiasmada, mostrando total apoio ao premiado educador africano. E ele completou: “Não podemos rebaixar as Humanidades, as Ciências Sociais e Artes em relação à Tecnologia. O que é beleza? Em que tipo de sociedade queremos viver? Esses questionamentos, uma aula de STEM não pode responder”.
Uma palestra destaque foi da Jennifer Gonzalez em construir escolas excepcionais:
Outros temas controversos foram tocados nas palestras: como garantir o discurso livre nas escolas e universidades; como receber e tratar os alunos transgênero; as defasagens na inclusão dos alunos autistas; formas não convencionais de ensino; educação bilíngue a alunos imigrantes; acesso dos negros às universidades; o futuro dos livros didáticos; a proliferação (e real utilidade) da tecnologia em sala; a violência e insegurança nas escolas; como garantir a motivação dos professores e alunos, etc. Reflexões e conteúdo de sobra para levar de volta pra casa e trabalhar ao longo de todo o ano.
Fora a sua grade convencional, apresentada nas salas do Austin Convention Center e no Hilton Hotel, o SXSW Edu acontece, informal e espontaneamente, pelas esquinas do festival: no papo na fila, nas mesas de cafezinho, nos corredores e, claro, nos incontáveis happy hours por toda a cidade. O bate-papo entre públicos tão distintos – mas interessados num mesmo tema – é estimulante. Em apenas um dia de festival, você sai com milhares de anotações: novas empresas para conferir, escolas para visitar, cases ara se aprofundar, livros para ler, nomes para ficar de olho e a cabeça pipocando de ideias. Muita gente diz que, ao voltar pra casa, as conexões feitas em Austin se aprofundam, se estendem e aí é que e os verdadeiros frutos do SXSW começam a render.
O SXSW Edu é, sem dúvida, onde os educadores mais antenados querem estar e conferir as mais de 400 sessões, além dos tantos painéis, workshops, mostras artísticas, exibições de filmes, competições, apresentações de startups, sessão de autógrafos de livros e de mentoria, e exposições com as iniciativas mais interessantes do mercado. E a organização do festival sabe disso: “Through collaboration, creativity, and engagement, SXSW EDU empowers its global community to connect, discover, and impact, afirmam no site.
Os brasileiros são um dos grupos mais presentes no festival. Esse ano, a participação verde-amarela foi ainda mais expressiva, já que educadores da nossa terrinha apresentaram três sessões:
Eduardo Valladares (Descomplica) falou em “Vulnerability is Power: a new learning movement”; Pilar Lacerda (SM Foundation Brasil) e Cleuza Repulho (Lemann Foundation) falaram dos desafios da educação pública em um país com profundas dificuldades econômicas, políticas e sociais como o Brasil, em “Making Public Education Thrive in Vulnerable Areas”; e Mariana Breim, Daniela Kimi e Heloisa Morel (todas do Instituto Península), em “An Integral Approach to Teacher Education”, mostraram como lideraram a implantação de um sistema de educação integral para treinar professores da Escola da Toca e Escola Dulce, ambas de Itirapina(SP) e, depois, como tornaram essa iniciativa digital e acessível a professores de todas as regiões do Brasil, por meio do Vivescer, uma plataforma de conteúdo, um canal no YouTube e um sistema de SMS.
Para quem quer participar do SXSW 2020, a boa notícia é que os badges já estão à venda e, nessa época, o valor é o mais baixo que você vai encontrar (assim como o SXSW, conforme vai chegando próximo ao evento, os preços dos badges vai subindo). Entra lá, você não vai se arrepender!
Texto por Luciana Savioli. Foto: Alexa Gonzalez Wagner
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
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