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Rio2C: o que aprendemos sobre conteúdo, tecnologia e inovação no Espaço das Artes

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

07 de May, 2019

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Apresentado por

Foram mais de 100 atrações que se espremeram em 6 dias de festival no Rio de Janeiro. Sucessor do finado Rio Content Marketing, o Rio2C ampliou seus espaços, dominou a Cidade da Artes e reuniu um contingente de humanos particularmente interessante nessa edição de 2019. Artistas, profissionais de mídia, produtores se encontravam com inovadores e cientistas para explodir a criatividade.

Resolvemos separar os assuntos que mais nos marcaram nesses seis dias:

Salas lotadas Foto:Vanessa M.

Criatividade: sabemos mas não entendemos

Do nosso amigo Fabrício Pamplona, por exemplo, refletimos sobre o que é criatividade:  a partir dos conhecimentos adquiridos, fazer ligações não óbvias. Para isso, é necessário um repertório suficiente e um tempo para estar num estado relaxado o suficiente para que a criação de pequenas histórias aconteça, e a criatividade floresça. O desafio é como introduzir a criatividade na educação, como desenvolver a criatividade e o processo criativo, que não é muito amigo de pré-julgamentos.

Gustavo Ziller Foto: Vanessa M.

O LSD é nosso amigo: o retorno da psicodelia

Há um claro retorno da discussão dos benefícios dos psicodélicos. Sim, estamos falando de LSD, cogumelos, ayahuasca, entre outros. Luís Fernando Tófoli, um neurocientista,  falou no festival sobre o cérebro psicodélico. Ele cobriu desde a descoberta do LSD, quase por acaso, quando Albert Hofmann, químico, tomou uma quantidade pequena da substância e ficou admirado com a sensação. O retorno se deve à grande utilização em terapias atualmente – ainda em estudos piloto – que atribuem aos psicodélicos potencial terapêutico no tratamento de depressão, TOC, dependência de tabaco e álcool, esquizofrenia, entre outros. Além disso, há um benefício intangível que se relaciona com os relatos de contato com o místico/divino. Os benefícios existem, mas o tema ainda é bem polêmico, uma vez que reações inesperadas e dependência fazem com que o uso consciente e seguro dessas substâncias seja fundamental.

Os limites da ética e do humano

Roberto Lent e (mais uma vez) o Tófoli tiveram um debate sensacional sobre neuroética, que envolve a forma de fazer pesquisa e como os resultados vão impactar a sociedade. Por exemplo, em relação a esportes, já existe toda uma regulação sobre antidoping, mas o limite biológico do ser humano está chegando. Será que as mesmas restrições vão ser mantidas eternamente pelos empreendedores do esporte? E os remédios que melhoram o desempenho em provas, concursos, como medicamentos que melhoram a memória e a concentração? Isso é doping? A vida, quando começa, quando acaba? A morte não é um momento definido, é uma transição, assim como o nascimento. Onde será colocada a linha que define a partir de onde e até onde há vida? Medicamentos psicodélicos serão permitidos? Doenças detectadas antes do nascimento serão declaradas para o portador? Para a sociedade? Testes de hereditariedade, como ficam os doadores de esperma diante da divulgação dessas informações? Há mais perguntas que respostas: mas elas vão definir o rumo da humanidade.

Kondzilla. Foto Vanessa M

Os psicopatas do nosso dia a dia

Você acha que conhece algum psicopata? Provavelmente sim. Entre 3 e 5% das pessoas são psicopatas. E o que é um psicopata? É aquele “com organizações defeituosas das faculdades morais da mente”, ou seja, com pouco ou sem senso moral. Difere de um sociopata – sem emoções morais, sem culpa e sem pena, sem remorso, mas com capacidade de saber o que é certo e errado. Sim, existem muitos – muitos mesmo – psicopatas em situações de poder – seja de ordem privada ou política. Aprendemos nessa palestra como lidar com eles: não adianta dar amor e carinho para o real psicopata. O plano é se manter longe e, se for um filho, cortar o financiamento. Não há o que fazer além de se proteger. No futuro, a solução provavelmente será cirúrgica ou farmacológica – ou seja: mais um problema ético na nossa frente…

Black Mirror & Sabrina Sato: oi?

De bônus, fomos dar uma olhada no que o pessoal do Spotify e do Black Mirror andam fazendo. Que tal ouvir Metallica num “arranjo” de Beethoven? Ou músicas européias tradicionais num ritmo de bossa nova? Será que cada um ouvirá músicas com arranjos individualizados no futuro? Só mesmo esperando para ver – talvez nem precise esperar muito. Muito bem humorados, Charlie Brooker e Annabel Jones falaram sobre o último episódio Bandersnatch, inovador ao incluir interatividade, e as escolhas que tiveram que fazer ao realizar o projeto. Também contaram como é trabalhar há tantos anos juntos, como selecionam as histórias que vão virar episódios e o papel da tecnologia na série. O bônus foi o anúncio da nova série Reality Z, um reality show sobre zumbis (!), que acabou de iniciar sua produção no Brasil e será comandada por Sabrina Sato.

Público e Privado: conceitos que se misturam

Cidades inteligentes. Eugênio Pimenta (Cisco) e Paulo Dallari (99) falaram de iluminação pública, coleta e consumo de lixo, segurança e, principalmente, mobilidade urbana. O desafio é como conciliar as expectativas do poder público – que muitas vezes ainda está voltado para metas de curto prazo e preso em formulários e carimbos – com as inovações que exigem projetos que ofereçam cada vez mais agilidade e adaptabilidade no longo prazo. Não adianta só coletar dados, é preciso saber o que fazer com os dados.

No futuro do consumo, Sergei Beserra, Glauter Januzzi e Claudia Kirszberg reforçaram essa ideia: necessidade de planejamento de longo prazo por parte dos gestores públicos e de maior atuação da população em geral. Citaram a China que, além de ter problemas reais a serem resolvidos como tem o Brasil, planeja para o futuro. Alguns dos desafios são levar a tecnologia a todas as camadas da população, desenvolver uma cultura de colaboração entre as empresas para que trabalhem juntas para melhoria da qualidade de vida através de tecnologia.

Para finalizar, senti meu coração batendo fora do corpo: um experimento que misturava arte e tecnologia:

Meu coração batendo fora do corpo. Foto: Rodrigo Arnaut

Os grandes destaques do festival foram: a organização (a Cidade das Artes é o espaço perfeito para abrigar esse festival); as experiências em VR curadas pelo XBR – hub de realidade virtual; a praça de alimentação estava perfeita; e até uns showzinhos – sem grandes alardes – foram muito legais. Estou apostando que o Rio2C vai crescer demais. Como disse o Louis Black, co-fundador do SXSW que estava por lá: “Inspire o planeta. Esse papel pertence por direito a essa cidade: ícone cultural e criativo do mundo. Vão buscar o que é seu.”

Quem escreveu

Vanessa Mathias

Data

07 de May, 2019

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Vanessa Mathias

Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.

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