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A música eletrônica do Primavera Sound é delas: conheça as donas da pista

Quem escreveu

Amanda Foschini

Data

23 de May, 2019

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Falta exatamente uma semana para o início do Primavera Sound 2019, que nesta edição colocou a mulherada na comissão de frente do line-up do festival e nos empurrou a mudar a maneira como vínhamos cobrindo eventos musicais até então. Vamos contar a história de um festival que é um velho conhecido -e favorito- da casa, mas a aventura agora tem cheiro de livro novo: vamos falar delas, olhar para elas e dançar com elas.

Começamos justamente pelas DJs e produtoras de música eletrônica que serão as embaixadoras da pista, mulheres que estão dominando a cena e que merecem a sua atenção. Prepare os quadris e guarde um pouco de energia para entrar no Primavera madrugada adentro, porque vai valer a pena.

Courtesy

Courtesy no Berlin Red Bull Music Academy. Foto: Maxwell Schiano / divulgação fb
Courtesy no Berlin Red Bull Music Academy. Foto: Maxwell Schiano / divulgação fb

A primeira vez que ouvi o nome da Courtesy foi no Sónar de 2017, quando ela fazia um set pedrada na cabeça com a Avalon Emerson (que também se apresenta nesta edição do Primavera Sound). Eu, sem conhecê-la, anotei seu nome no celular para procurar depois sobre quem se tratava. Desde então, Courtesy cresceu e mais gente pode descobrir o que encontrei: a porta-bandeira da nova cena techno dinamarquesa. Música de baile onde faz muito frio e a dança mantém todo mundo quentinho coladinho. Música de baile para altas horas da madrugada.

Desperados Cube – sexta-feira, às 22h

Helena Hauff

Helena Hauff. Foto: divulgação
Helena Hauff. Foto: divulgação

Techno sério e sisudo que cutuca o quadril até te tirar para dançar. Helena Hauff é produtora das boas mas é como DJ que seu talento dá pancada nos ouvidos: sua bagagem é vasta e traz referências que vão do acid ao industrial sem nunca cair na vala do lugar comum. Seus sets não são fáceis e muito menos rebolativos: eles são uma homenagem ao estranho, ao techno de buracos escuros que vai entrando por baixo da pele e transforma todo o ambiente em uma biboca escura e hipnótica. O sets de Helena Hauff foram feitos para serem comidos crus.

Desperados Cube – sexta-feira (31.05), às 4h

Yaeji

Yaeji. Foto: divulgação facebook
Yaeji. Foto: divulgação facebook

Um caldeirão multicultural de estilos e referências, a produtora Yaeji amarra o house a sons mais urbanos e ao pop, ao mesmo tempo em que amacia o tranco dos seus graves com vocais melódicos e quase ingênuos em inglês e coreano. Yaeji, que estourou em 2017 e teve um 2018 mais manso, cavou um espaço só seu na música eletrônica e sua apresentação no novo palco Lotus tem tudo para ser um golpe de frescor com vista para o mar.

Lotus – quinta-feira (30.05), às 02h25

Laurel Halo

Laurel Halo. Foto: Phillip Aumann / divulgação
Laurel Halo. Foto: Phillip Aumann / divulgação

Laurel Halo faz mágica: seja como produtora hipnotizando o público com um live experimental acompanhado de bateria e percussão, ou como DJ (em março deste ano, ela lançou DJ Kicks, a coletânea que é quase uma honraria para DJs) fazendo arte nas entrelinhas do techno e do bass. Seus sets são aventuras musicais com um destino não definido: para descobrir onde vai dar, você tem que pegar na mão dela e seguir seus comandos. Já deixei Laurel me guiar algumas vezes e a viagem foi sempre linda. Não teria porque ser diferente dessa vez.

Desperados Cube – sexta-feira (31.05), às 19h

Peggy Gou

Peggy Gou. Foto: Jungwook Mok / divulgaçãoPeggy Gou. Foto: Jungwook Mok / divulgação
Peggy Gou. Foto: Jungwook Mok / divulgação

Da turma dos repetentes, Peggy Gou volta ao festival este ano com status de Deusa do Olimpo festivaleiro, disputada a tapa pelos maiores eventos musicais deste ano. Suas produções ficam ali no cruzamento entre o house e o disco, com uma colherada bem cheia de vocais acetinados. Um mood praiero que caberia direitinho no beach club eletrônico do festival, mas Peggy vem para tocar com os grandes e fecha o palco Ray-Ban na sexta-feira. Fora das pistas, a produtora é o ponto de encontro entre a moda e a música eletrônica. Basta dar uma olhada em seu Instagram para ver que Peggy também é disputada pelas maiores marcas de moda do mundo. A coreana faz bonito lá é cá: seja com sua gravadora, Gudu Records, ou em sua marca de moda, Kirin.

Palco Ray-Ban – sexta-feira (31.05), às 4h

Octo Octa

Octo Octa. Foto: Jeffery McMahan / divulgação
Octo Octa. Foto: Jeffery McMahan / divulgação

Maya Bouldry-Morrison é encantadora: se expressa com dança, se diverte tocando e chama todo mundo para a pista. Seu house emocional, que às vezes engata uma quinta e chega ali na esquina do techno, é feito para que todo mundo se renda à música e amanhã a gente pensa no resto. Seu último EP For Lovers é “uma jornada em direção à sua autoaceitação e transformação” e um convite a participar de sua história. A produtora se declarou trans em 2016 e desde então usa sua música – com seus synths meio noventeiros e vocais alegres – para cantar a felicidade de poder ser quem se é.

Desperados Cube – quinta-feira (30.05), às 2h30

SOPHIE

SOPHIE. Foto: divulgação
SOPHIE. Foto: divulgação

Se o pop futurista tivesse uma filha com a música eletrônica, ela seria a SOPHIE. Sua música tem sintetizadores, bass duro e vocais que desorientam para chamar a atenção para uma nova forma de entender o pop. SOPHIE é o espírito musical da juventude e define como ninguém o conceito “new normal” que é o lema desta edição do festival. Eu, como Balzaca, assumo que fico do lado de fora do entendimento do seu som, mas vou estar ali para ver para onde o ritmo dos jovens está caminhando.

Lotus – quinta-feira (30.05), às 0h50

Primavera Sound 2019
30 de maio a 1 de junho
Barcelona, Espanha

Quem escreveu

Amanda Foschini

Data

23 de May, 2019

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Amanda Foschini

Jornalista paulistana hiperativa que às vezes puxa o R lá do interior. Viciada em música, açúcar, livros e praia. É mais feliz no verão, acredita nos reviews do Foursquare e sempre dorme no meio filme. Há 5 anos, vive um caso de amor (correspondido) com Barcelona.

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    Vivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.