Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Check in, comida com gosto de isopor, classe econômica, aplicativo de transporte e de repente você se vê com a mala por desfazer no chão da sala de casa. A viagem acabou e o horizonte agora é feito de horários, boletos e freelas.
Quando fazemos escolhas desconhecidas, nossos cérebros nos recompensam liberando dopamina, um neurotransmissor que produz emoções positivas. É (também) por isso que pegar a estrada é tão bom. Mas será que o frescor da novidade e a sensação de liberdade que temos nas viagens devem necessariamente acabar? Será que não conseguimos trazer o mindset experimental para o dia a dia?
Entram em cena as microaventuras. Que têm muito menos a ver com uma viagem de fim de semana que com trazer um olhar novo para seu cotidiano na cidade. Se aventura é arriscar a experimentar novidades e desafiar limites, a ideia é subverter pontualmente a ordem para encontrar uma maneira de marcar o tempo em vez de apenas registrá-lo.
Deixo algumas sugestões de microaventuras – atividades baratas, simples, curtas e próximas a você para que o upgrade seja não de classe no avião, mas na percepção do ritmo de vida.
Se você sempre vai ao cinema no fim de semana, experimente pegar uma sessão depois do trabalho. Se frequenta academia após o escritório, vá um dia de manhã. Ou o melhor, experimente uma unidade nova da sua rede de academias. Almoce em um restaurante de um bairro da cidade que você não frequenta e dê um rolé por lá. Mergulhe numa quinta à noite, dê uma volta no parque às 7h da terça. Uma escapada da rotina durante a semana pode ir além do boteco depois do trampo.
Poucas coisas são mais automáticas que o commute – quem nunca pegou o metrô em direção ao escritório quando precisava ir no sentido contrário, que atire a primeira pedra. Comigo a automatização é tanta que uso as mesmas faixas da rua para dirigir até o trabalho.
Uma vez por semana, porém, vou ao centro da cidade correndo. Exige uma boa organização na véspera, mas dá outro sabor ao meu dia. De carro ou a pé, o trajeto é quase todo o mesmo, mas quando o modal e a velocidade de transporte mudam, a relação com a cidade é outra. Percebo muitos detalhes que, de carro, passam batido. O trajeto passa de obrigação à distração.
Se correr é radical demais, experimente fazer seu percurso ao trabalho com uma combinação de transporte público e bicicleta ou patinetes compartilhados ou fazer amizade no aplicativo de caronas.
Praticar meditação, estar ao ar livre e fazer atividades em grupo trazem muitos benefícios ao nosso bem-estar. E que tal um evento que junta tudo isso? Nas noites de lua cheia, uma vez por mês, a Arte de Viver organiza meditações coletivas em diversos lugares do mundo e em mais de 20 cidades no Brasil. O fato de ser um evento que vai demorar um mês a se repetir traz um senso de urgência dificulta a sua falta. No fim, o programa inteiro vale a pena.
Quando foi que paramos de ter tempo para mastigar com calma, sentir o sabor dos alimentos e trocar ideia ao redor de uma mesa? A hora de almoço durante a semana é a hora do recreio do adulto. Use-a não só para resolver burocracias (guilty), mas também para encontrar um amigo, treinar e tomar um banho em plena uma da tarde, pegar um cinema, visitar uma galeria de arte (também guilty). Fazer uma pausa mais longa no meio da tarde, ainda que você tenha que compensar com o trabalho à noite, ajuda a revigorar a mente. Não é pra isso que a gente faz home office ou tem horário flexível? Também vale marcar uma escapada com o crush e voltar para o escritório com o cabelo molhado. E jogar a culpa no banho depois do treino (not guilty, mas trabalhando para isso).
As viagens têm muito menos a ver com os lugares do que com o estado de espírito que levamos aos lugares. Viajamos não só para ver lugares novos, mas, principalmente, para ver novas formas de olhar o mesmo lugar. Para encaixotar as certezas Abra-se ao novo também durante algumas horas da sua rotina.
*Imagem de destaque: Unsplash
Carioca da Zona Norte, hoje mora na Zona Sul. Já foi da noite, da balada e da vida urbana. Hoje é do dia, da tranquilidade e da natureza. Prefere o slow travel, andar a pé, mala de mão e aluguel de apartamento. Se a comida do destino for boa, já vale a passagem.
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.