Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Esse é um resumão do Decoding CES, que aconteceu em Las Vegas, de 8 a 11 de Janeiro. O Consumer Electronics Show reúne líderes, desenvolvedores, pioneiros digitais e entusiastas de tecnologia para apresentar o que há de melhor em novas tecnologias, tanto prontas para o mercado consumidor quanto em estágio beta.
Em 2019 fizeram parte da CES 4.500 empresas expositoras, 1.200 startups e quase 190.000 profissionais da indústria. Os números são tão expressivos que seria impossível acompanhar tudo que rolou na feira e por isso fizemos esse 5×5, um compilado sobre de tudo que você precisa saber sobre a edição 2019 do evento, seguindo os moldes do nosso Decoding. Aqui 5 take aways do festival:
A briga entre a Google e a Amazon para decidir quem “venceria” o CES em 2019 foi intensa. Como mencionamos antes, o foco das empresas são seus assistentes virtuais e sua aposta nesta tecnologia como uma presença universal em nosso dia- a-dia no futuro. No evento, a Google parecia estar por todos os lados, com seu estande gigante e seus representantes vestidos com o slogan “Hey Google” espalhados pela feira, mas o vencedor desse ano parece ter sido a Amazon. Mesmo com uma presença física menor no evento, o número de produtos e serviços que usam a Alexa como interface de voz foi maior do que o do Google Assistant e incluíam fornos, pianos elétricos, aparadores de grama, smart glasses, carros, fones de ouvidos, espelhos, entre outros – todos capazes de responder à assistente da Amazon. É importante entender as razões por essa disputa pela hegemonia nesse mercado: quando os assistentes de voz decidirem pelo usuário quais sites serão acessados e onde serão feitas suas compras online, a sobrevivência das marcas será decidida pela sua liderança no segmento de voz. Estamos presenciando a consolidação da nossa entrada na era pós-smartphone.
O problema relacionado à falta de diversidade e representatividade na tecnologia já é bem conhecido por todos e, enquanto a pressão pela mudança desse cenário aumenta, organizações e eventos como o CES cuidam para que suas equipes e lineups sejam melhores distribuídos entre gêneros, identidades, nacionalidades e cores. Em 2018, entre os principais speakers do evento, não havia sequer uma mulher ou representante de minorias de qualquer tipo e, para evitar o papelão esse ano, a organização do CES montou um lineup onde 50% dos palestrantes foram mulheres ou pessoas negras. Apesar do avanço, o evento ainda tem um longo caminho a percorrer se quiser promover uma diversidade real, basta olhar para o caso do vencedor do prêmio de robótica do evento. O Osé, massageador feminino criado por um time composto quase exclusivamente por mulheres, venceu o prêmio de inovação em robótica da Consumer Technology Association (CTA), organizadora do CES, ao apresentar um produto que envolveu o desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias na área de micro-robótica e biomimética (incluindo 8 patentes). Essas conquistas não foram suficientes para evitar que seu prêmio fosse revogado sob acusação de imoralidade e proibido de ser exposto na feira, que inclui todo ano produtos voltados para o prazer masculino como sex dolls robóticas e experiências com filmes pornô em realidade virtual. +
Tecnologias voltadas para resiliência diante de desastres naturais receberam boa atenção esse ano. Já que a perspectiva de conviver com colapsos ambientais se torna mais presente, empresas e startups passam a se dedicar a criar soluções que salvem vidas e diminuam os impactos desses eventos. Toda uma conferência e área de exibição no CES foram voltadas para apresentar inovações e ferramentas – de inteligência artificial (IoT) – que permitam tornar nossas cidades mais preparadas para emergências como incêndios enchentes e terremotos, construir redes de telecomunicações mais seguras e reinventar sistemas de mobilidade. A Hyundai apresentou seu veículo criado para percorrer terrenos desiguais, escalar montanhas e realizar resgates em locais remotos e a Yolk’s Solar Cow apresentou seu plano para combater o trabalho infantil, recompensando com créditos em energia solar os pais de crianças que enviarem seus filhos para a escola, e não para o trabalho.
Atualmente quando falamos em wearables pensamos automaticamente em smartwatches e monitores de atividade (como o FitBit que, apesar de sua importância, começam a perder espaço para outros tipos e usos para tecnologias vestíveis. Entre as novidades vale destacar o Willow, que facilita a vida de mães em período de amamentação e o D Free, que ajuda pessoas com incontinência urinária a prever quando precisarão ir ao banheiro. Inovações voltadas para a beleza cresceram muito esse ano no CES e entre elas está o sensor vestível criado pela L’Oréal para medir o PH da pele, indicando tratamentos que ajudem a controlar possíveis problemas encontrados pelo dispositivo.
Uma das grandes surpresas do evento neste ano foi a presença da Impossible Foods, empresa que pretende hackear a comida ao reproduzir perfeitamente alimentos de origem animal apenas com plantas. A empresa lançou no CES a versão 2.0 do seu Impossible Burger, nomeado pela Digital Trends “Top Tech of CES 2019” e título de produtos mais inesperado pela Engadget. O hambúrguer vegan com sabor e textura iguais a carne ganhou o coração do público pela semelhança surpreendente com o original. Apesar do CES ser um evento de tecnologias eletrônicas, vale a pena observar se o sucesso do Impossible Burger não pode gerar um interesse do evento em abraçar novos tipos de tecnologias.
Quais das tecnologias estão presentes no seu dia a dia?
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Paraense radicado em Lisboa. Engenheiro, cozinheiro e cervejeiro, sem ordem específica de preferência. Viajante de vocação.
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