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Comidas das antigas: pratos e ingredientes que resistiram ao passar do tempo

Quem escreveu

Jo Machado

Data

19 de August, 2019

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Depois das bizarrices da turma do Comidas Feia lá no Facebook, vos apresento as “comida véia”. Uma seleção de comidas espalhadas pelo mundo que juntas podem ter mais idade que o próprio Homo Sapiens.

Duvida? Então ai vai um spoiler: tem uma tatatatatataravó da manteiga de aproximadamente 2 mil anos.

Fermento de Tutancâmon

Comidas com milhares de anos, pão de Tutancamon
O pão com fermento do faraó – Foto: Reprodução

Semana passada, o cientista físico Seamus Blackley, o cara do XBox, impressionou a internet e o mundo da panificação com uma brincadeirinha bem inusitada. Com ajuda de um microbiologista ele foi até o Museu de Belas Artes de Boston e o Museu Peabody de Harvard, extraiu e ativou fermento dos poros de vasos egípcios de 4.500 anos. Depois disso, utilizando de uma técnica de panificação antiga, fez pão. Sim, com um fermento de QUATRO MIL E QUINHENTOS ANOS!

Seamus teve que resgatar e aperfeiçoar uma técnica ancestral de panificação com cevada e Triticum monococcum recém-moídos, grãos antigos que poucas pessoas utilizam hoje em dia. O resultado da brincadeira é esse da foto. E aqui na conta de Twitter do cara, ele conta como foi passo-a-passo essa produção. Fico imaginando o cheirinho de pão “fresco” tomando conta da casa e confesso: achei que o pão ficou bem bonitão.

Manteiga medieval

Comidas com milhares de anos, manteiga medieval
A manteiga Medieval – Foto: Reprodução

Certo dia, o irlandês Jack Conaway, que trabalhava numa região pantanosa do Condado de Meath, no leste da Irlanda, fez um buraquinho no chão e descobriu nada mais, nada menos, que um pedaço de manteiga pesando 10 quilos que havia sido enterrado ali há cerca de 2 mil anos atrás. Fresquíssima!

Mas não foi só o Jack quem encontrou manteiga enterrada por lá. Segundo o Journal of Irish Archaeology, mais de 400 manteigas parecidas com essa já foram desenterradas na Irlanda e na Escócia. A mais velha delas, com 45 quilos, foi feita há aproximadamente 5 mil anos. CINCO MIL ANOS!

Pãozinho na chapa com manteiga mais velha que Jesus Cristo?! Quero!

Noodle cinquentão

Na cidade mais fervilhante da Tailândia, Bangkok, o restaurante Wattana Panich é dono de um dos mais famosos pratos da cidade, o neua tuna.

O prato nada mais é do que uma sopa de noodle (macarrão) com carne bovina, muídos e temperos . Seria só mais uma sopa de noodle qualquer, não fosse o fato de estar há aproximadamente 45 anos fervendo. “Mas como, fervendo por 45 anos”?

Funciona assim, toda a sopa que sobra do dia anterior vira base para o dia seguinte, isso desde meados dos anos 70.

Segundo os caras, esse método é ancestral e dá um aroma e um sabor indescritíveis ao prato. – Eu não duvido!

Queijo amaldiçoado

Não parece, mas é queijo! – Foto: University of Catania and Cairo University

Em 2018, uma equipe de arqueólogos que fazia escavações na cidade de Saqqara, no Egito, descobriu em meio a uma pilha de cerâmicas no túmulo de um famoso prefeito egípcio, Ptahmes, um possível pedaço de queijo, com idade aproximada de 3.300 anos.

Para ter certeza que se tratava de um queijo e não apenas de um recipiente com leite bem velho, os cientistas da Universidade do Cairo e da Universidade de Catania na Itália cortaram um pedaço daquela massa branca e levaram para análise.

Pois bem, de fato se tratava de um produto parecido com queijo, feito com a mistura de leites de cabra, vaca e/ou ovelha.

Como tudo que vem dessa turma do Egito Antigo dizem ter uma maldiçãozinha, esse queijo não poderia ser diferente. Segundo a equipe que analisou a amostra, além das proteínas de leite, foi encontrada uma amostra de Brucella Melitensis, uma bactéria que causa Brucelose, uma doença altamente contagiosa que passa de animais para humanos. Os sintomas da Brucelose podem incluir dores articulares e musculares, febre, perda de peso e fadiga. Algumas pessoas desenvolvem dor de barriga e tosse.

Se comprovado que o queijo está realmente amaldiçoado pela brucelose, essa será a primeira evidência da presença dessa doença no tempo dos caras cheio dos ouro. Digo, dos faraós.

Resumindo, não vale a pena arriscar a vida por um queijo quente amaldiçoado pela múmia que replicou lá do outro mudo: “Quem mexeu no meu queijo, seus desgraçados?”

Bom, para fechar esse post das “comida veia”, o que eu posso dizer é que, de todos esses ingredientes de outrora, a manteiga e o noodle eu super toparia super. E você, comeria o que desta lista?

* Foto destaque: David Tan Wei Kee

Quem escreveu

Jo Machado

Data

19 de August, 2019

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Jo Machado

O Jo é do tipo que separa pelo menos 30% do tempo das viagens para fazer o turista japonês, com câmera no pescoço e monumentos lotados. Fascinado pelas diferenças culturais, fotografa tudo que vê pela frente, e leva quem estiver junto nas suas experiências. Suas maiores memórias dos lugares são através da culinária, em especial a comidinha despretensiosa de rua. Seu lema de viagem? Leve bons sapatos, para agüentar longas caminhadas e faça uma boa mixtape para ouvir enquanto desbrava novos lugares. Nada é melhor do que associar lindas memórias à boas canções.

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