Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
O 28º Qingdao Beer Festival acontece em pleno verão na China e se torna, a cada ano, um imã para os chineses de outras províncias e cidades, e também estrangeiros que vem atrás de um mês de bebedeira e música. Nos moldes do Oktoberfest, por isso conhecido como o Asian Oktoberfest e com o mesmo peso na importância, o festival conta com inúmeras opções de rótulos chineses e de outros países dessa bebida que é a que mais combina com o calor. E que calor que faz aqui, viu?! O termômetro no verão marca facilmente mais de 36ºC, e somando à umidade a sensação térmica passa tranquilamente dos 40ºC! Fui ao evento em três momentos e vou contar um pouco da vibe do lugar pra vocês!
O festival começou em 1991, como comemoração aos 100 anos da cidade de Qingdao. Originalmente durou duas semanas, com 40 rótulos participantes. Hoje conta com mais de 200 rótulos de cervejas do mundo todo. Além da protagonista cerveja, o festival traz diversos artistas do mundo (tem até o Brasil), para os shows que rolam todos os dias por lá.
Saiba que, antes de tudo, você vai ter que se acostumar (ou não) com o fato mais difícil para nós brasileiros no quesito cerveja: elas são servidas muito mais quentes do que estamos acostumados no Brasil. Sim, os chineses não curtem cerveja estupidamente gelada (nem água gelada, nada gelado, na verdade). São resfriadas a temperaturas muito acima do que costumamos gostar, então sua cerveja provavelmente virá em torno de 12ºC ou mais para o copo ou direto da garrafa long neck. Isso faz muita diferença para o nosso paladar, ainda mais no calorão digno de selva que faz aqui no verão. Mas depois da segunda ou terceira, já dá para tomar algumas. É aquela história, quando em Roma…
O evento acontece em Huangdao (o distrito onde moro) em uma área especialmente construída para comportar os muitos hectares do festival, na Golden Sands Beach (perto do hotel Hilton, onde muitos se hospedam durante o evento). Me senti chegando ao Rock in Rio, no primeiro dia do evento! Teve tumulto (muitaaaa muvuca na entrada e empurra-empurra, mas nada grave), congestionamento para chegar e muita gente em muito espaço. Tudo grandioso como os chineses adoram.
Achei esse vídeo institucional perfeito para mostrar um pouco da estrutura para vocês. Além das tendas mostradas no vídeo, há também estruturas construídas, onde fica uma área refrigerada e vários “barzinhos”, com inúmeras geladeiras à disposição dos cervejeiros! É a visão do paraíso para quem, como eu, adora uma breja!
Liri Tent Big Beer Tents in 2018 Qingdao International Beer Festival from Liri Tent on Vimeo.
A abertura tem show de luzes e um palco que oficializa o festival. Além disso, há um local com shows de DJs nacionais e internacionais, e palcos espalhados pelo festival com apresentações diversas.
Achei bem legal a estrutura toda. Não deve nada aos outros grandes festivais pelo mundo, principalmente se comparar ao Rock in Rio (que é minha referência mais atual de festival, sorry). A única coisa que eu ainda não achei muito interessante para nós ocidentais é que não há muitas opções de comida para o nosso paladar, a não ser muitos espetinhos e aperitivos chineses (tem espetinho de lula inteira grelhada, insetos “pra gringo ver”, porco e outras coisas que não identifiquei), ou seja: frituras, pimenta, coisas exóticas demais pra mim. Mas não se apavore por isso! Calma.
Acabamos encontrando um oásis alemão para acompanhar a excelente cerveja alemã do bar e matamos a fome com um belo prato que dividimos tranquilamente, de aperitivos alemães; linguiças e chucrute, purê de batata e picles. Sobrevivi. No primeiro dia, não tínhamos comido antes de ir. Mas a dica é: coma antes. Assim, você curte o lugar e aproveita mais para degustar alguns rótulos de cerveja.
O dia da abertura foi 20 de julho e o evento termina no dia 26 de agosto. Na verdade, neste dia 20, fui mais para ver uns DJs de música eletrônica, uma dupla italiana chamada Vinai (que nunca havia ouvido falar, confesso), mas que já imaginava que seria o tipo de música “eletrônica para gringo ver” (no caso, os chineses). É um som mais mainstream e comercial, com performance pirotécnica e dancinhas com mãozinhas para cima. Valeu pela diversão e em ver a interação (um tanto contida) dos chineses com as apresentações dos DJs. Antes e depois da atração principal, teve apresentação de outros DJs, tanto nacionais, quanto internacionais. O teatro Phoenix, onde rolou essa festa, é enorme e conta com uma mega estrutura refrigerada, com bares servindo canecas de meio litro de chopp (mais gelado que as cervejas em alguns lugares) Tsingtao e valeu ter conhecido.
Fui em outros dois dias e foi bem legal também, cada dia a gente vê algo diferente. Existem diversos palcos, um principal, outros menores (um com apresentações de dança), um outro com bandas de jazz (descobri uma banda maravilhosa de jazz carioca chamada Monte Alegre Hot Jazz Band) e até um circo montado com artistas russos com apresentações em horários específicos de 80 a 200 RMB, dependendo do seu lugar na platéia.
Vá com tênis confortáveis e roupa fresca, é um espaço bem grande e aberto, apesar de que existem carrinhos dentro do evento que transportam as pessoas. O ingresso custa entre 10 RMB (cerca de R$5) e 20 RMB, e dá direito à entrada somente.
Existe um parque de diversões montado logo na entrada e cada atração é paga à parte. Não me aventurei a nenhum dos brinquedos, depois de uma certa idade comecei a ter medo bobo dessas coisas.
O festival vai até dia 26 de agosto, onde termina com um Gan Bei coletivo, que é nada mais, nada menos que o nosso “vira” do copo.
Se vale a pena? Sim. Na China, a cada dia que passa, vejo cada vez mais que vale a pena a gente se inserir na cultura, ir para as ruas, interagir com os chineses e perder o medo (bobo) que a gente tem dessa cultura tão diferente da nossa. O festival em si, é bem montado, bem produzido e vale para quem vem durante o verão aqui para o Norte da China.
Obrigada! Até logo! 谢谢! 以后见!
*Foto destaque: Maria Claudia Pompeo
Maria Claudia Pompeo é carioca, consultora de moda para marcas e pessoas e produz conteúdo de moda e comportamento online há 15 anos. Coleciona revistas de moda e sofre quando tem que se desfazer de algumas, por pura falta de espaço. Viciada em internet desde os primórdios, teve inúmeros blogs e colaborou com algumas revistas online. Atualmente escreve sobre moda e tendências na sua página e faz a curadoria de suas pesquisas de imagem e comportamento no Instagram - @mcpompeo. Site: facebook.com/mcpompeoconsultoria
Ver todos os postsVivemos em um mundo de opções pasteurizadas, de dualidades. O preto e o branco, o bom e o mau. Não importa se é no avião, ou na Times Square, ou o bar que você vai todo sábado. Queremos ir além. Procuramos tudo o que está no meio. Todos os cinzas. O que você conhece e eu não, e vice-versa. Entre o seu mundo e o meu.