Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Parcerias inéditas em cima do palco, atrações internacionais, palco eletrônico e muito, mas muito calor foram destaque no festival, que acontece desde 2009 e reuniu 30 atrações no último sábado, 27, na Esplanada do Mineirão.
Como os organizadores fazem questão de dizer, o Planeta Brasil tem prezado cada vez mais pela diversidade sonora, de público e de experiência. Mas a verdade é que a maioria absoluta das cerca de 25 mil pessoas que prestigiaram o evento esse ano eram jovens na faixa dos 20 anos. O formato do evento, dividido entre pista, pista premium e camarote, acaba não atraindo aqueles que prezam por opções de entretenimento mais horizontais
Por conta disso e pelo fato do show ter sido às 14h, embaixo de um sol de rachar, a apresentação do talentosíssimo Mayer Hawthorne foi um showzasso que quase ninguém viu. Sorte de quem estava lá. As outras atrações internacionais, como a banda americana de reggae SOJA e os franceses do Phoenix, tiveram muito mais prestígio e empolgaram uma multidão. O palco eletrônico, que recebeu nomes de destaque entre adolescentes e o público universitário como Chapeleiro, Cat Dealers e Manimal, projeto do Junior Lima (ele mesmo, o irmão da Sandy), teve um público significativo durante todo o evento, que começou ao meio-dia e durou cerca de 12 horas.
Com cinco palcos, sendo um deles dentro do camarote, o evento proporcionou ao público a chance de ver parcerias inéditas entre Mano Brown e Criolo e entre a banda Oriente e a cantora-sensação-do-momento Iza, entre outros. E ainda reservou um espaço privilegiado (no caminho entre os dois palcos principais e o único em que a plateia ficava protegida do sol) para os artistas locais.
Ainda que eu não simpatize com a ideia de separar os artistas locais dos demais, tenho que reconhecer que o lineup do Locals Only Stage foi bem escolhido e resultou num belo recorte do que vem sendo produzido em Belo Horizonte, dando espaço ao relevante rap da DV Tribo e do Zimun, aos veteranos do Graveola e à “caliente” Orquestra Atípica de Lhamas, grupo de ritmos latinos que surgiu a partir de um bloco de carnaval.
Entre os shows, o Planeta também deu bastante destaque ao último show do Rappa na capital mineira antes do fim definitivo da banda, e à celebração dos 25 anos de carreira do Gabriel o Pensador, grande amigo e habitué do festival.
Para além da música, a área de 40 mil m2 ocupada no entorno do estádio do Mineirão contou com uma lojinha de souvenirs, intervenções artísticas assinadas por grafiteiros da galeria quartoamado, brinquedos clássicos de parques de diversões, ativações das marcas parceiras (como degustação da nova Catuaba Selvagem de Piña Colada e um cantinho de maquiagem oferecido pela Sympla) e food trucks com opções que iam de massas a açaí e sanduíches indianos. Esse último foi a minha pedida: comi um roll com frango, pimentões e curry que estava delicioso!
Entre os palcos havia áreas de descanso com cadeiras de praia, samambaias e até ventiladores com esguicho de água. Era uma simpática tentativa da organização de aplacar o calor que superava os 30 graus num cenário árido e 100% asfaltado. A venda da água a um preço mais friendly (a garrafinha de 500ml custava R$6) teria também ajudaria. A questão das vendas, com filas longas, também teria sido otimizada com sistema cashless.
Fora esses detalhes, o saldo da experiência sem dúvidas foi positivo! Foi fácil chegar na frente de todos os palcos, a maioria das atrações foi pontual e eu adorei o estilo do público, em boa parte trabalhado na tinta flúor e no glitter. As meninas estavam lindas com suas tranças embutidas e empoderadíssimas com suas lingeries de renda no lugar das blusas e camisetas.
Fica então o desejo de que o Planeta Brasil continue prosperando (a pré-venda dessa edição esgotou antes do esperado e todos os recordes de venda foram batidos), siga prezando pela experiência e trazendo à BH line-ups cada vez mais relevantes. E que o evento consiga crescer de forma a abraçar também um público mais diverso, de todas as idades.
*O post foi escrito pela Laura Damasceno, do canal Música Tem Vídeo.
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