Tendências dos principais festivais de inovação e criatividade do mundo.
Democracia e escalação impecável são as duas características que mais marcaram o Ilhabela in Jazz, que se encerrou nesse último fim de semana em Ilhabela. Mais uma vez o lineup do festival acertou a mão em trazer estrelas do gênero, que impressionam até o público mais novato. Falando em público novato, crianças, idosos e entendidos compartilhavam ouvidos atentos, olhos hipnotizados e alguns passos mal ensaiados.
A construção simples que cobriu boa parte da praça providenciou conforto adequado, apesar do fim de semana chuvoso. Se por um lado atrapalhou a curtição da Ilha, por outro trouxe todos que estavam lá embaixo daquele toldinho: o programa era mesmo a música.
Airto e sua banda e entregam um som potente e intenso. Impressionou a vitalidade do artista de 77 anos, que tocou vigorosamente alternando bateria, caixa, tambor e outras parafernalhas da sua peculiar percussão. A harmônica de Gabriel Grossi foi algo lindo de se ver, provando que a música é uma linguagem universal.
O som orquestrado de Hermeto e sua Big Band foi sem dúvida a grande atração de todo o festival. O músico produz ao vivo músicas complexas, compostas de instrumentos convencionais e inusitados, incluindo brinquedos e intercalando vozes e sonoplastias. Chamaram atenção sua “orquestra de bichinhos” tocados por todo o elenco e uma composição onde cada músico pronunciava uma sílaba sequencialmente, como uma “ola” sonora.
Apesar de oferecer música relativamente erudita, percebe-se temas de um Brasil popular. Nota-se algo do frevo e baião na base de arranjos complexos e sofisticados. Destacam-se também como sua marca pessoal o experimentalismo envolvendo instrumentos inusitados e sonoplastias. Uma das músicas, por exemplo, praticamente erudita em sua composição, produzia o som derivado de um jegue. Hermeto explicou ao público aquilo que já se podia perceber com grande carisma e senso de humor.
A única escolha talvez infeliz foi o fim de semana: por ser uma das eleições mais atordoadas da história recente, o público foi menor que os demais anos. E ainda ouviu-se, entre as bandas, um sonoro “ele não” ressoado por muitos, entre outros rostos sem graça.
Mas certamente a música, ali, era interesse de todos. O próprio Hermeto aproveitou para elogiar o público “Vocês são mesmo uns safados de musicalidade… aplaudem a hora que é pra aplaudir, riem quando é pra rir, vai ser musical assim lá em casa”. E como ele mora em Miami, aproveito para responder publicamente o convite: Pode me chamar, que eu vou, queridão!
Seu exacerbado entusiasmo pela cultura, fauna e flora dos mais diversos locais, renderam no currículo, além de experiências incríveis, MUITAS dicas úteis adquiridas arduamente em visitas a embaixadas, hospitais, delegacias e atendimento em companhias aéreas. Nas horas vagas, estuda e atua com pesquisa de tendências e inovação para instituições e marcas.
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