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Heartland Festival – o festival mais hygge do mundo!

Quem escreveu

Fernanda Secco

Data

11 de June, 2018

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A lista de festivais no verão europeu é extensa e a competição super acirrada, mas a minha experiência no Heartland Festival realmente foi única e me deixou boquiaberta. Não é só o espaço, o castelo, o tamanho ou line-up, mas a combinação deles – os detalhes por aqui fazem toda a diferença!

Mas porque o hygge? Esta palavra de origem dinamarquesa é o mote para o lifestyle do país. Muitos acham que está associado com o inverno e hibernar entre cobertas, mas na verdade hygge é um sentimento. Os dinamarqueses usam esta palavra para descrever felicidade, conforto e tudo que é aconchegante. No Brasil, por exemplo, dizemos “foi um prazer” após um momento bacana com alguém. Na Dinamarca eles dizem “foi hyggeligt“. E o Heartland traduz este sentimento por completo.

Foto divulgação por Kristian Holm

Aproveitar o momento com a família ou amigos

É um festival super local. Não encontrei nenhum estrangeiro, e a verdade é que a maioria do público vinha de cidades próximas. Muitas famílias com bebês ou crianças pequenas, muitas pessoas mais velhas aproveitando o sol (que aparece raras vezes na Dinamarca) e tomando um bom vinho… Aliás, nunca antes tinha ido a um festival que permitia garrafa de vinhos e oferecia taças (ambos de vidro) para você curtir a bebida! Realmente o público e a experiência são bem diferentes do que estamos acostumados em um festival.

Hygge – foto por Fernanda Secco

Além disso, o espaço Hjertland, desenhado para as crianças, era muito bacana, com atividades de grafite, teatro, escalada e até possibilidade de fazer seu próprio merchandising. Ali perto você também podia jogar bocha ou cornhole. Eu sei que o espaço foi feito para crianças, mas foi um dos meus espaços favoritos.

Deitar na grama, fazer picnic e curtir a música

Às vezes, tudo que você precisa é sentar e relaxar em três dias de festival com um line-up tão intenso. Os jardins do castelo de Egeskov são perfeitos para isso. Não importa se você escolher sentar na beira do rio, ou tomar um banho de sol.

Foto por Lasse Bech Martinussen

Próximo aos dois palcos havia espaço suficiente para sentar na grama e ouvir os artistas locais e internacionais. Alguns dos favoritos do público (e meus também) foram Patti Smith, Van Morrison, Slowdive, The The , LCD Soundsystem, MØ e Pussy Riot. Além disso, havia um palco experimental, Prxjects Stage, que é uma novidade no festival e recebeu artistas como Soleima, Gents e Barselona.

LCD Soundsystem por Mathias Bak Larsen

Comer comidas gostosas

A gastronomia ocupa uma boa parte da essência do festival. Todos os estandes são escolhidos a dedo pelos organizadores, e há opções para todos, dos apaixonados por cafés e doces aos veganos.

Há oferta de produtos frescos diretamente da Ilha de Funen (onde o festival acontece), além dos restaurantes mais bacanas de Copenhagen e região – o mais importante é o foco nos produtos sazonais e na produção local como princípio.  

Foto por Fernanda Secco

Além dos estandes espalhados pelo festival, havia outras inúmeras maneiras de você ter experiências gastronômicas. Uma delas foi o banquete servido pelo chef Christian F. Puglisi (responsável pelo restaurante Relæ na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo). O banquete servia cinco pratos no estilo farm-to-table. No bar, vinhos naturais, cidras caseiras e coquetéis italianos – tudo em uma tenda próxima ao palco principal do festival. Outra experiência diferente era o evento Gourmensh, onde você podia aprender a cozinhar em uma fogueira – nada mais hygge do que isso. O menu oferecido incluía ostras, insetos e vinhos para acompanhar. Ou ainda o Mad Cake Maze, no maior estilo Alice no País das Maravilhas, onde você andava por 1h pelo labirinto do castelo e encontrava bebidas e comidas. Estes eventos requeriam um ingresso adicional custando R$250 em média.

Mad Cake Maze – foto por Fernanda Secco

O palco Tasteland trouxe um repertório variado e gratuito de workshops e degustações durante todo o festival – o único probleminha é que toda esta programação era em dinamarquês.

Yoga pela manhã, curtir arte pelos jardins cênicos ou ouvir conversas inspiradoras

Em parceria com um estúdio de yoga de Copenhagen, o festival oferecia três sessões diárias com a práticas diferentes e com a vista mais privilegiada do rolê: o castelo de Egeskov. Apesar do sol estar a pino, a galera participou e curtiu sessões de uma hora antes de se jogar nos shows do festival.

Arte também teve seu grande destaque. Com instalações espalhadas pelo festival, muitas delas interativas, era super fácil imergir na idéia dos artistas e sentir na pele o que eles queriam passar. The Great Silence do Allora & Calzadilla, por exemplo, era uma instalação de vídeo narrativa que era projetada em frente ao castelo algumas vezes ao dia.

Allora & Calzadilla – foto por Fernanda Secco

Já os talks tiveram um super destaque no festival. Com foco em caracterizar as tendências atuais, o line-up incluía perfis inspiradores tanto dinamarqueses como internacionais. Brinkmann e Willerslev falaram sobre a sociedade e a mídia e os desenvolvimentos tecnológicos. Já Kim Gordon, ex-Sonic Youth, e  Nadya Tolokonnikova, do Pussy Riot, trouxeram peças de arte e mídia que estão representando a conversa global na cultura. O filósofo esloveno Slavoj Žižek focou em como os humanos fazem sexo e como isso influencia na nossa cultura, tecnologia e consumo – mas essas são só três das 20 conversas que rolaram no festival.

Talk com Slavoj Žižek – foto por Christian Bang

Fazer pipoca na fogueira, dar um mergulho no lago ou dormir num bangalô

Com vista para o castelo, uma fogueira estava à disposição para quem quisesse tentar a sorte. A fazenda local doava os grãos de milho ou a massa de pão e você podia cozinhar sozinho.

Também havia o espaço Concious Escape, com um lounge super descolado, de frente pro lago. Ocasião perfeita para dar um mergulho e ouvir os artistas do palco principal.

Para os que decidiram acampar, havia a opção butique com bangalôs construídos de madeira com colchões, eletricidade e até banheiro privativo. Estes ficavam super perto da área do festival, mas com privacidade suficiente. O resto do camping também era tranquilo e próximo, e na mesma área haviam opções café da manhã e snacks.

Boutique Tents – foto por Fernanda Secco

O Heartland Festival realmente pensou nos mínimos detalhes. O ir e vir também é fácil e o cuidado com o meio ambiente e a limpeza me deixou impressionada. Os banheiros eram limpíssimos e tinham até sabonete para lavar as mãos. Após cada show, havia um batalhão de voluntários recolhendo os resquícios de lixo do gramado, e as latas de lixo (iluminadas durante a noite) se preocupavam em separar recicláveis e orgânicos.

Com o corpo e mente alimentados, me despeço do Heartland Festival 2018 totalmente renovada. Inspirada por mentes no palco, com os pés inchados de tanto dançar, e ainda assim em um êxtase de relaxamento, posso dizer que o Heartland é a verdadeira experiência hygge.  

Foto divulgação por Kristian Holm

O festival do ano que vem já tem data marcada, de 30 de maio a 1º de junho. Partiu?

Tak for i år Heartland – det var så hyggeligt! 

*Foto de destaque: Peter-Kirkegaard

Quem escreveu

Fernanda Secco

Data

11 de June, 2018

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Fernanda Secco

De longas viagens de carro no México a aulas de cozinha no Vietnã, para mim o que importa conhecer são as pessoas. Não há nada melhor para conhecer um país do que aprender com experiências autênticas (e às vezes malucas).

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